Naum 1
Almeida Revista e Corrigida 2009
A justiça e misericórdia de Deus. A destruição de seus inimigos e o livramento do seu povo
1 Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita.
2 O Senhor é um Deus zeloso e que toma vingança; o Senhor toma vingança e é cheio de furor; o Senhor toma vingança contra os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos. 3 O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. 4 Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e Carmelo, e a flor do Líbano se murcha. 5 Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra se levanta na sua presença, sim, o mundo e todos os que nele habitam. 6 Quem parará diante do seu furor? E quem subsistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derribadas. 7 O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele. 8 E com uma inundação transbordante acabará de uma vez com o seu lugar; e as trevas perseguirão os seus inimigos. 9 Que pensais vós contra o Senhor? Ele mesmo vos consumirá de todo; não se levantará por duas vezes a angústia. 10 Porque, ainda que eles se entrelacem como os espinhos e se saturem de vinho como bêbados, serão inteiramente consumidos como palha seca.
11 De ti saiu um que pensa mal contra o Senhor, um conselheiro de Belial. 12 Assim diz o Senhor: Por mais seguros que estejam e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais.
13 Mas, agora, quebrarei o seu jugo de cima de ti e romperei os teus laços. 14 Contra ti, porém, o Senhor deu ordem, que mais ninguém do teu nome seja semeado; da casa do teu deus exterminarei as imagens de escultura e de fundição; ali farei o teu sepulcro, porque és vil.
15 Eis sobre os montes os pés do que traz boas-novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado.
Sofonias 3
Almeida Revista e Corrigida 2009
O castigo de Jerusalém. A promessa feita aos fiéis
3 Ai da rebelde e manchada, da cidade opressora! 2 Não ouve a voz, não aceita o castigo, não confia no Senhor, nem se aproximou do seu Deus. 3 Os seus príncipes são leões rugidores no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que não deixam os ossos para o outro dia. 4 Os seus profetas são levianos e criaturas aleivosas; os seus sacerdotes profanaram o santuário e fizeram violência à lei. 5 O Senhor é justo, no meio dela; ele não comete iniquidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha. 6 Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas praças, a ponto de não ficar quem passe por elas; as suas cidades foram destruídas, até não ficar ninguém, até não haver quem as habite. 7 Eu dizia: Certamente me temerás e aceitarás a correção; e assim a sua morada não seria destruída, conforme o que havia determinado; mas eles se levantaram de madrugada, corromperam todas as suas obras.
8 Portanto, esperai-me a mim, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu juízo é ajuntar as nações e congregar os reinos, para sobre eles derramar a minha indignação e todo o ardor da minha ira; porque toda esta terra será consumida pelo fogo do meu zelo. 9 Porque, então, darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, para que o sirvam com um mesmo espírito. 10 Dalém dos rios da Etiópia os meus zelosos adoradores, a filha da minha dispersão, me trarão sacrifício. 11 Naquele dia, não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com que te rebelaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti os que exultam na sua soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu monte santo. 12 Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor. 13 O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante.
14 Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém. 15 O Senhor afastou os teus juízos, exterminou o teu inimigo; o Senhor, o rei de Israel, está no meio de ti; tu não verás mais mal algum. 16 Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se enfraqueçam as tuas mãos. 17 O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. 18 Os que em ti se entristeceram, por causa da reunião solene, eu os congregarei; esses para os quais o peso foi uma afronta. 19 Eis que, naquele tempo, procederei contra todos os que te afligem, e salvarei os que coxeiam, e recolherei os que foram expulsos; e lhes darei um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados. 20 Naquele tempo, vos trarei, naquele tempo, vos recolherei; certamente, vos darei um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando reconduzir os vossos cativos diante dos vossos olhos, diz o Senhor.
Jeremias 1-5
Almeida Revista e Corrigida 2009
A vocação e a primeira visão de Jeremias
1 Palavras de Jeremias, filho de Hilquias, dos sacerdotes que estavam em Anatote, na terra de Benjamim. 2 A ele veio a palavra do Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no décimo terceiro ano do seu reinado. 3 E lhe veio também nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, até ao fim do ano undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês.
4 Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 5 Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta. 6 Então, disse eu: Ah! Senhor Jeová! Eis que não sei falar; porque sou uma criança. 7 Mas o Senhor me disse: Não digas: Eu sou uma criança; porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás. 8 Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor. 9 E estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca. 10 Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares.
11 Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira. 12 E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir.
13 E veio a mim a palavra do Senhor, segunda vez, dizendo: Que é que vês? E eu disse: Vejo uma panela a ferver, cuja face está para a banda do Norte. 14 E disse-me o Senhor: Do Norte se descobrirá o mal sobre todos os habitantes da terra. 15 Porque eis que eu convoco todas as famílias dos reinos do Norte, diz o Senhor; e virão, e cada um porá o seu trono à entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus muros em redor, e contra todas as cidades de Judá. 16 E eu pronunciarei contra eles os meus juízos, por causa de toda a sua malícia; pois me deixaram a mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, e se encurvaram diante das obras das suas mãos. 17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes tudo quanto eu te mandar; não desanimes diante deles, porque eu farei com que não temas na sua presença. 18 Porque eis que te ponho hoje por cidade forte, e por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra toda a terra, e contra os reis de Judá, e contra os seus príncipes, e contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra. 19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.
Jeremias é enviado a Jerusalém para a repreender pela sua rebelião
2 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2 Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da beneficência da tua mocidade e do amor dos teus desposórios, quando andavas após mim no deserto, numa terra que se não semeava. 3 Então, Israel era santidade para o Senhor e era as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor. 4 Ouvi a palavra do Senhor, ó casa de Jacó e todas as famílias da casa de Israel. 5 Assim diz o Senhor: Que injustiça acharam vossos pais em mim, para se afastarem de mim, indo após a vaidade e tornando-se levianos? 6 E não disseram: Onde está o Senhor, que nos fez subir da terra do Egito? Que nos guiou através do deserto, por uma terra de ermos e de covas, por uma terra de sequidão e sombra de morte, por uma terra em que ninguém transitava, e na qual não morava homem algum. 7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e o seu bem; mas, quando nela entrastes, contaminastes a minha terra e da minha herança fizestes uma abominação. 8 Os sacerdotes não disseram: Onde está o Senhor? E os que tratavam da lei não me conheceram, e os pastores prevaricaram contra mim, e os profetas profetizaram por Baal e andaram após o que é de nenhum proveito.
9 Portanto, ainda pleitearei convosco, diz o Senhor; e até com os filhos de vossos filhos pleitearei. 10 Porquanto, passai às ilhas de Quitim e vede; e enviai a Quedar, e atentai bem, e vede se sucedeu coisa semelhante. 11 Houve alguma nação que trocasse os seus deuses, posto não serem deuses? Todavia, o meu povo trocou a sua glória pelo que é de nenhum proveito. 12 Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. 13 Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.
14 Acaso é Israel um servo? Ou um escravo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa? 15 Os filhos de leão bramaram sobre ele e levantaram a sua voz; e puseram a sua terra em assolação; as suas cidades se queimaram, e ninguém habita nelas. 16 Até os filhos de Nofa e de Tafnes te quebraram o alto da cabeça. 17 Porventura, não procuras isso para ti mesmo, deixando o Senhor, teu Deus, no tempo em que ele te guia pelo caminho? 18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do Egito, para beberes as águas de Sior? E que te importa a ti o caminho da Assíria, para beberes as águas do rio? 19 A tua malícia te castigará, e as tuas apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê, que mau e quão amargo é deixares ao Senhor, teu Deus, e não teres o meu temor contigo, diz o Senhor Jeová dos Exércitos.
20 Quando eu já há muito quebrava o teu jugo e rompia as tuas algemas, dizias tu: Nunca mais transgredirei; contudo, em todo outeiro alto e debaixo de toda árvore verde te andas encurvando e corrompendo. 21 Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada, de vide estranha? 22 Pelo que, ainda que te laves com salitre e amontoes sabão, a tua iniquidade estará gravada diante de mim, diz o Senhor Jeová.
23 Como dizes logo: Não estou contaminado nem andei após os baalins? Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira és, que anda torcendo os seus caminhos; 24 jumenta montês, acostumada ao deserto e que, conforme o desejo da sua alma, sorve o vento; quem impediria o seu encontro? Todos os que a buscarem não se cansarão; no mês dela a acharão. 25 Evita que o teu pé ande descalço e que a tua garganta tenha sede; mas tu dizes: Não há esperança; não, porque amo os estranhos e após eles andarei.
26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se confundem os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes e os seus profetas, 27 que dizem ao pedaço de madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu me geraste; porque me viraram as costas e não o rosto; mas, no tempo do seu aperto, dirão: Levanta-te e livra-nos. 28 Onde, pois, estão os teus deuses, que fizeste para ti? Que se levantem, se te podem livrar no tempo da tua tribulação; porque os teus deuses, ó Judá, são tão numerosos como as tuas cidades. 29 Por que disputais comigo? Todos vós transgredistes contra mim, diz o Senhor. 30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão destruidor. 31 Ó geração! Considerai vós a palavra do Senhor. Porventura, tenho eu sido para Israel um deserto? Ou uma terra da mais espessa escuridão? Por que, pois, diz o meu povo: Desligamo-nos de ti; nunca mais a ti viremos? 32 Porventura, esquece-se a virgem dos seus enfeites ou a esposa dos seus cendais? Todavia, o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias.
33 Como ornamentas o teu caminho, para buscares o amor! De sorte que até às malignas ensinaste os teus caminhos. 34 Até nas orlas das tuas vestes se achou o sangue da alma dos inocentes e necessitados; não cavei para o achar, pois se vê em todas estas coisas. 35 E ainda dizes: Eu estou inocente; certamente, a sua ira se desviou de mim. Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não pequei. 36 Por que te desvias tanto, mudando o teu caminho? Também do Egito serás envergonhada, como foste envergonhada da Assíria. 37 Também daquele sairás com as mãos sobre a tua cabeça; porque o Senhor rejeitou as tuas confianças, e não prosperarás com elas.
3 Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela se ausentar dele e se ajuntar a outro homem, porventura, tornará a ela mais? Não se poluiria de todo aquela terra? Ora, tu te maculaste com muitos amantes; mas, ainda assim, torna para mim, diz o Senhor. 2 Levanta os olhos aos altos e vê; onde não te prostituíste? Nos caminhos te assentavas para eles, como o árabe no deserto; assim, manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia. 3 Pelo que foram retiradas as chuvas, e não houve chuva tardia; mas tu tens a testa de uma prostituta e não queres ter vergonha. 4 Ao menos desde agora não me invocarás, dizendo: Pai meu, tu és o guia da minha mocidade? 5 Conservará ele para sempre a sua ira? Ou a guardará continuamente? Eis que tens dito e feito coisas más e nelas permaneces.
Israel e Judá são exortados a arrepender-se com a promessa de redenção
6 Disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo monte alto e debaixo de toda árvore verde e ali andou prostituindo-se. 7 E eu disse, depois que fez tudo isto: Volta para mim; mas não voltou. E viu isso a sua aleivosa irmã Judá. 8 E, quando por causa de tudo isso, por ter cometido adultério, a rebelde Israel despedi e lhe dei o seu libelo de divórcio, vi que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas foi-se e também ela mesma se prostituiu. 9 E sucedeu que, pela fama da sua prostituição, contaminou a terra; porque adulterou com a pedra e com o pedaço de madeira. 10 E, contudo, nem por tudo isso voltou para mim a sua aleivosa irmã Judá com sincero coração, mas falsamente, diz o Senhor.
11 E o Senhor me disse: Já a rebelde Israel justificou mais a sua alma do que a aleivosa Judá. 12 Vai, pois, e apregoa estas palavras para a banda do Norte, e dize: Volta, ó rebelde Israel, diz o Senhor, e não farei cair a minha ira sobre vós; porque benigno sou, diz o Senhor, e não conservarei para sempre a minha ira. 13 Somente reconhece a tua iniquidade, que contra o Senhor, teu Deus, transgrediste, e estendeste os teus caminhos aos estranhos, debaixo de toda árvore verde e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.
14 Convertei-vos, ó filhos rebeldes, diz o Senhor; porque eu vos desposarei e vos tomarei, a um de uma cidade e a dois de uma geração; e vos levarei a Sião. 15 E vos darei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com ciência e com inteligência. 16 E sucederá que, quando vos multiplicardes e frutificardes na terra, naqueles dias, diz o Senhor, nunca mais se dirá: A arca do concerto do Senhor! Nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão; isso não se fará mais. 17 Naquele tempo, chamarão Jerusalém de trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela, ao nome do Senhor, a Jerusalém; e nunca mais andarão segundo o propósito do seu coração maligno. 18 Naqueles dias, andará a casa de Judá com a casa de Israel; e virão, juntas, da terra do Norte, para a terra que dei em herança a vossos pais.
19 Mas eu dizia: Como te porei entre os filhos e te darei a terra desejável, a excelente herança dos exércitos das nações? E eu disse: Pai me chamarás e de mim te não desviarás. 20 Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do seu companheiro, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de Israel, diz o Senhor. 21 Nos lugares altos se ouviu uma voz, pranto e súplicas dos filhos de Israel; porquanto perverteram o seu caminho e se esqueceram do Senhor, seu Deus. 22 Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões. Eis-nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor, nosso Deus. 23 Certamente, em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras, no Senhor, nosso Deus, está a salvação de Israel. 24 Porque a confusão devorou o trabalho de nossos pais, desde a nossa mocidade: as suas ovelhas, e as suas vacas, e os seus filhos, e as suas filhas. 25 Jazemos na nossa vergonha e estamos cobertos da nossa confusão, porque pecamos contra o Senhor, nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o dia de hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor, nosso Deus.
4 Se voltares, ó Israel, diz o Senhor, para mim voltarás; e, se tirares as tuas abominações de diante de mim, não andarás mais vagueando, 2 e jurarás: Vive o Senhor, na verdade, no juízo e na justiça; e nele se bendirão as nações e nele se gloriarão. 3 Porque assim diz o Senhor aos homens de Judá e a Jerusalém: Lavrai para vós o campo de lavoura e não semeeis entre espinhos.
4 Circuncidai-vos para o Senhor e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de Judá e habitantes de Jerusalém, para que a minha indignação não venha a sair como fogo e arda de modo que não haja quem a apague, por causa da malícia das vossas obras.
A invasão estrangeira anunciada e descrita
5 Anunciai em Judá, e fazei ouvir em Jerusalém, e dizei: Tocai a trombeta na terra! Gritai em alta voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos nas cidades fortes! 6 Arvorai a bandeira para Sião, fugi para salvação vossa, não pareis; porque eu trago um mal do Norte, uma grande destruição. 7 Já um leão subiu da sua ramada, e um destruidor das nações; ele já partiu e saiu do seu lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as tuas cidades sejam destruídas, e ninguém habite nelas. 8 Por isso, cingi-vos de panos de saco, lamentai e uivai; porque o ardor da ira do Senhor não se desviou de nós. 9 E sucederá, naquele tempo, diz o Senhor, que se desfará o coração do rei e o coração dos príncipes; e os sacerdotes pasmarão, e os profetas se maravilharão. 10 Então, disse eu: Ah! Senhor Jeová! Verdadeiramente trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; pois a espada penetra-lhe até à alma.
11 Naquele tempo, se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento seco das alturas do deserto veio ao caminho da filha do meu povo, não para padejar, nem para alimpar. 12 Um vento virá a mim, de grande veemência; agora, também eu pronunciarei juízos contra eles. 13 Eis que virá subindo como nuvens, e os seus carros, como a tormenta; os seus cavalos serão mais ligeiros do que as águias. Ai de nós, que somos assolados! 14 Lava o teu coração da malícia, ó Jerusalém, para que sejas salva; até quando permanecerão no meio de ti os teus maus pensamentos?
15 Porque uma voz anuncia desde Dã e faz ouvir a calamidade desde o monte de Efraim. 16 Proclamai isto às nações, fazei-o ouvir contra Jerusalém: Vigias vêm de uma terra remota e levantarão a sua voz contra as cidades de Judá. 17 Como os guardas de um campo, eles a rodeiam; porquanto ela se rebelou contra mim, diz o Senhor. 18 O teu caminho e as tuas obras te trouxeram estas coisas; esta é a tua iniquidade, que, de tão amargosa, te chega até ao coração.
19 Ah! Entranhas minhas, entranhas minhas! Estou ferido no meu coração! O meu coração ruge; não me posso calar, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra. 20 Quebranto sobre quebranto se apregoa, porque já toda a terra está destruída; de repente, foram destruídas as minhas tendas, e as minhas cortinas num momento. 21 Até quando verei a bandeira e ouvirei a voz da trombeta? 22 Deveras o meu povo está louco, já me não conhece; são filhos néscios e não inteligentes; sábios são para mal fazer, mas para bem fazer nada sabem. 23 Observei a terra, e eis que estava assolada e vazia; e os céus, e não tinham a sua luz. 24 Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros estremeciam. 25 Observei e vi que homem nenhum havia e que todas as aves do céu tinham fugido. 26 Vi também que a terra fértil era um deserto e que todas as suas cidades estavam derribadas diante do Senhor, diante do furor da sua ira.
27 Porque assim diz o Senhor: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, a não consumirei. 28 Por isso, lamentará a terra, e os céus em cima se enegrecerão; porquanto assim o disse, assim o propus e não me arrependi nem me desviarei disso. 29 Ao clamor dos cavaleiros e dos flecheiros fugiram todas as cidades; entraram pelas nuvens e subiram pelos penhascos; todas as cidades ficaram desamparadas, e já ninguém habita nelas.
30 Agora, pois, que farás, ó assolada? Ainda que te vistas de carmesim, ainda que te adornes com enfeites de ouro, ainda que te pintes em volta dos teus olhos com o antimônio, debalde te farias bela; os amantes te desprezam e procuram tirar-te a vida. 31 Porquanto ouço uma voz como de mulher que está de parto, uma angústia como da que está com dores do primeiro filho; a voz da filha de Sião, ofegante, que estende as mãos, dizendo: Oh! Ai de mim agora! Porque a minha alma desmaia diante dos assassinos.
5 Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e buscai pelas suas praças, a ver se achais alguém ou se há um homem que pratique a justiça ou busque a verdade; e eu lhe perdoarei. 2 E ainda que digam: Vive o Senhor, decerto falsamente juram. 3 Ah! Senhor, não atentam os teus olhos para a verdade? Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; não quiseram voltar. 4 Eu, porém, disse: Deveras, estes são uns pobres; são loucos, pois não sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus. 5 Irei aos grandes e falarei com eles, porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes, de comum acordo, quebraram o jugo e romperam as ataduras. 6 Por isso, um leão do bosque os feriu, um lobo dos desertos os assolará, um leopardo vigia contra as suas cidades; qualquer que sair delas será despedaçado; porque as suas transgressões se multiplicaram, multiplicaram-se as suas apostasias.
7 Como, vendo isso, te perdoaria? Teus filhos me deixam a mim e juram pelos que não são deuses; depois de os eu ter fartado, adulteraram e em casa de meretrizes se ajuntaram em bandos; 8 como cavalos bem fartos, levantam-se pela manhã, rinchando cada um à mulher do seu companheiro. 9 Deixaria eu de castigar estas coisas, diz o Senhor, ou não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?
10 Subi aos seus muros e destruí-os (não façais, porém, uma destruição final); tirai as suas ameias, porque não são do Senhor. 11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim a casa de Israel e a casa de Judá, diz o Senhor. 12 Negam ao Senhor e dizem: Não é ele; e: Nenhum mal nos sobrevirá; não veremos espada nem fome. 13 E até os profetas se farão como vento, porque a palavra não está com eles; assim lhes sucederá a eles mesmos. 14 Portanto, assim diz o Senhor, o Deus dos Exércitos: Porquanto disseste tal palavra, eis que converterei as minhas palavras na tua boca em fogo, e a este povo, em lenha, e eles serão consumidos. 15 Eis que trarei sobre vós uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor, uma nação robusta, uma nação antiquíssima, uma nação cuja língua ignorarás; e não entenderás o que ela falar.
16 A sua aljava é como uma sepultura aberta; todos eles são valentes. 17 E comerão a tua sega e o teu pão, que haviam de comer teus filhos e tuas filhas; comerão as tuas ovelhas e as tuas vacas; comerão a tua vide e a tua figueira; as tuas cidades fortes, em que confiavas, abatê-las-ão à espada. 18 Contudo, ainda naqueles dias, diz o Senhor, não farei de vós uma destruição final. 19 E sucederá que, quando disserem: Por que nos fez o Senhor, nosso Deus, todas estas coisas? Então, lhes dirás: Como vós me deixastes e servistes a deuses estranhos na vossa terra, assim servireis a estrangeiros, em terra que não é vossa.
20 Anunciai isto na casa de Jacó e fazei-o ouvir em Judá, dizendo: 21 Ouvi, agora, isto, ó povo louco e sem coração, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos e não ouvis. 22 Não me temereis a mim? — diz o Senhor; não temereis diante de mim, que pus a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, que ele não traspassará? Ainda que se levantem as suas ondas, não prevalecerão; ainda que bramem, não a traspassarão. 23 Mas este povo é de coração rebelde e pertinaz; rebelaram-se e foram-se. 24 E não dizem no seu coração: Temamos, agora, ao Senhor, nosso Deus, que dá chuva, a temporã e a tardia, a seu tempo; e as semanas determinadas da sega nos conserva. 25 As vossas iniquidades desviam estas coisas, e os vossos pecados afastam de vós o bem.
26 Porque ímpios se acham entre o meu povo; cada um anda espiando, como se acaçapam os passarinheiros; armam laços perniciosos, com que prendem os homens. 27 Como uma gaiola cheia de pássaros, são as suas casas cheias de engano; por isso, se engrandeceram e enriqueceram. 28 Engordam-se, alisam-se e ultrapassam até os feitos dos malignos; não julgam a causa dos órfãos, para que eles prosperem; nem julgam o direito dos necessitados. 29 Não castigaria eu estas coisas? — diz o Senhor; não se vingaria a minha alma de uma nação como esta?
30 Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: 31 os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; e que fareis no fim disso?
Habacuque 1
Almeida Revista e Corrigida 2009
A iniquidade de Judá e seu castigo pelas mãos dos caldeus. A intercessão do profeta
1 O peso que viu o profeta Habacuque.
2 Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás? 3 Por que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação? Porque a destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda e o litígio. 4 Por esta causa, a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca o justo, e sai o juízo pervertido.
5 Vede entre as nações, e olhai, e maravilhai-vos, e admirai-vos; porque realizo, em vossos dias, uma obra, que vós não crereis, quando vos for contada. 6 Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e apressada, que marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas não suas. 7 Horrível e terrível é; dela mesma sairá o seu juízo e a sua grandeza. 8 Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos e mais perspicazes do que os lobos à tarde; os seus cavaleiros espalham-se por toda parte; sim, os seus cavaleiros virão de longe, voarão como águias que se apressam à comida. 9 Eles todos virão com violência; o seu rosto buscará o oriente, e eles congregarão os cativos como areia. 10 E escarnecerão dos reis e dos príncipes farão zombarias; eles se rirão de todas as fortalezas, porque, amontoando terra, as tomarão. 11 Então, passarão como um vento, e pisarão, e se farão culpados, atribuindo este poder ao seu deus.
12 Não és tu desde sempre, ó Senhor, meu Deus, meu Santo? Nós não morreremos. Ó Senhor, para juízo o puseste, e tu, ó Rocha, o fundaste para castigar. 13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? 14 E farias os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm quem os governe? 15 Ele a todos levanta com o anzol, e apanha-os com a sua rede, e os ajunta na sua rede varredoura; por isso, ele se alegra e se regozija. 16 Por isso, sacrifica à sua rede e queima incenso à sua draga; porque, com elas, se engordou a sua porção, e se engrossou a sua comida. 17 Porventura, por isso, esvaziará a sua rede e não deixaria de matar os povos continuamente?
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