Isaías 1-12
O Livro
Uma nação rebelde
1 Estas são as mensagens que foram comunicadas a Isaías, filho de Amós, através das visões que teve durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Nestas mensagens, Deus mostrou-lhe o que iria acontecer a Judá e a Jerusalém.
2 Ouçam, ó céu e Terra, prestem ouvidos, porque é o Senhor quem fala: “Os filhos que eu criei, e dos quais tratei com tanto cuidado, voltaram-se contra mim. 3 Até os animais, como o boi ou o jumento, conhecem o dono e apreciam os cuidados que têm com eles, mas tal não acontece com o meu povo de Israel; seja o que for que eu faça por eles, não compreendem, não se interessam.”
4 Que nação pecadora que eles são! Andam carregados sob o peso da maldade e os seus pais também eram corruptos. Voltaram as costas ao Senhor, blasfemaram do Santo de Israel; foram eles próprios quem desprezou a sua ajuda.
5 Para quê castigar-vos ainda mais, se perseveram no pecado? Porque insistis na rebeldia? De facto, toda a vossa cabeça está em chagas, o coração tomado pelo sofrimento. 6 Com efeito, da cabeça aos pés, tudo em vocês é doença, fraqueza, debilidade; estão cobertos de contusões e nódoas negras, feridas já infetadas, que nunca foram tratadas, nem ligadas com pensos.
7 A vossa terra está em ruínas, as vossas cidades arrasadas pelo fogo; estrangeiros vão destruindo e saqueando tudo quanto encontram. 8 No entanto, vocês limitam-se a olhar, deixando-se ficar abandonados, desamparados como a pobre cabana dum guarda no meio da vinha, depois da ceifa ter acabado, ou quando a colheita foi roubada e pilhada.
9 Se não fosse a misericórdia do Senhor dos exércitos, poupando alguns de nós, teríamos sido destruídos, tal como aconteceu com as cidades de Sodoma e Gomorra!
10 Ouçam, chefes de Sodoma, a palavra do Senhor, e vocês, povo de Gomorra, atentem para a Lei do nosso Deus! 11 Diz o Senhor: “Estou farto dos vossos sacrifícios. Não quero mais gordura de bezerros cevados. Não quero ver mais o sangue dos vossos holocaustos, de novilhos, cordeiros e bodes. 12 Vêm à minha presença, mas quem vos convidou para entrarem nos meus átrios? 13 Não continuem a trazer-me ofertas sem sentido; o incenso é para mim abominação. Já não suporto as festas inúteis que celebram pela lua nova, aos sábados e noutras assembleias solenes, sempre repletas de iniquidade. 14 As vossas festas da lua nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; causam-me tanto nojo que já não as suporto.
15 Daqui em diante, quando orarem de mãos estendidas para o céu, não olharei nem escutarei nada. Ainda que multipliquem as orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos são as mãos de assassinos; estão manchadas com o sangue de vítimas inocentes.
16 Oh! Lavem-se! Limpem-se! Que eu não vos veja mais praticar toda essa maldade! Acabem com a vossa má conduta! 17 Aprendam a prática do bem; aprendam a ser justos, a ajudar os oprimidos, os órfãos e as viúvas.
18 O Senhor diz: Venham então ter comigo e conversemos! Por mais profundas que sejam as manchas do vosso pecado, eu poderei tirá-las e tornar-vos tão limpos como a neve ao cair. Ainda que essas manchas sejam vermelhas como o carmesim, poderei tornar-vos brancos como a mais branca lã! 19 Se quiserem e se me ouvirem, se me obedecerem, terão tudo o que há de melhor! 20 Mas se continuarem a voltar-me as costas e a recusar ouvir-me, serão devorados pelos vossos inimigos. Eu, o Senhor, é quem vos diz isto.”
21 Jerusalém foi em tempos como uma esposa fiel. Agora, tornou-se como uma prostituta! Anda atrás de outros deuses! Já foi a cidade da justiça e agora tornou-se uma cidade de assassinos. 22 Foi em tempos como a prata genuína, mas tornou-se numa liga inferior, de metais sem valor! Antigamente era tão pura e presentemente não tem qualidade nenhuma, como um vinho misturado com água. 23 Os seus chefes são rebeldes, são companheiros de ladrões; todos eles se deixam subornar e são incapazes de fazer justiça pelos órfãos; nem se interessam sequer pela causa das viúvas.
24 Por isso, eis o que tem para dizer Deus, o Senhor dos exércitos, o Poderoso de Israel: “Transbordarei a minha ira sobre vocês, que são meus inimigos! 25 Eu próprio vos fundirei num cadinho e deitarei fora a escória.
26 Depois, tornarei a dar-vos bons juízes e conselheiros sábios, semelhantes aos que costumavam ter. Então a tua cidade se chamará novamente a cidade da justiça, a cidade fiel.”
27 Os que se voltarem para o Senhor, que praticarem a justiça e forem bons, serão redimidos. 28 Mas todos os pecadores serão totalmente destruídos, porque se recusam aproximar do Senhor.
29 Ficarão cheios de vergonha e hão de corar, só de pensar em todos esses sacrifícios que ofereceram aos ídolos nos bosques de carvalhos sagrados. 30 Hão de perecer com um carvalho que secou ou como o jardim que deixou de ser regado. 31 Aquele que é forte desaparecerá como a palha que arde; as vossas más ações são como faíscas que pegarão fogo à palha e que ninguém poderá apagar.
O monte do Senhor
(Mc 4.1-3)
2 Isaías, filho de Amós, teve uma visão referente a Judá e a Jerusalém.
2 Nos últimos dias,
o monte sobre o qual está a casa do Senhor
tornar-se-á no monte mais sublime,
na mais célebre elevação do mundo.
Gentes de todas as nações ali acorrerão.
3 Muitos povos ali acorrerão e dirão:
“Venham! Vamos ao monte do Senhor,
à casa do Deus de Jacob!
Ele nos ensinará o que fazer e nós o faremos.”
Porque de Sião sairá a Lei
e de Jerusalém a palavra do Senhor.
4 Ele julgará entre as nações;
será o árbitro nas disputas entre os povos.
Os povos converterão o seu equipamento de guerra
em instrumentos de trabalho,
as suas armas em ferramentas.
As nações não se levantarão mais umas contra as outras,
nem haverá mais escolas ou treinos de guerra.
5 Ó descendentes de Jacob, vamos,
andemos na luz do Senhor!
O dia do Senhor
6 Senhor, rejeitaste o teu povo, os descendentes de Jacob, por se terem associado a estrangeiros do Oriente, que praticam a magia e comunicam com os espíritos, como fazem os filisteus. 7 A sua terra tem vastos tesouros de prata e de ouro, assim como grande quantidade de cavalos e de carros. 8 Também está repleta de ídolos; há disso por toda a terra! São fabricados por homens e, mesmo assim, inclinam-se para adorar aquilo que fizeram as suas próprias mãos! 9 Assim, eles serão humilhados e abatidos. Ó Deus, não lhes perdoes esse pecado!
10 Mete-te já dentro das cavernas das rochas e esconde-te no pó, da presença espantosa do Senhor e da sua gloriosa majestade! 11 Porque virá o dia em que os vossos olhares altivos serão abatidos e só o Senhor será exaltado.
12 Naquele dia, o Senhor dos exércitos será contra o orgulhoso e o altivo, para que sejam abatidos. 13 Todos os altos cedros do Líbano e os poderosos carvalhos de Basã se abaixarão até à terra. 14 Todas as altas montanhas e colinas, 15 as altas torres, as muralhas, 16 os altivos navios que cruzam os mares e as belas embarcações nos portos, todos serão abatidos nesse dia. 17 Toda a altivez da humanidade será humilhada; o orgulho dos homens será esmagado e só o Senhor será exaltado naquele dia. 18 Todos os ídolos serão completamente abolidos e desaparecerão.
19 Quando o Senhor se levantar do seu trono para abalar a Terra, os seus inimigos enfiar-se-ão, de terror, pelos buracos das rochas e cavernas, por causa da glória da sua majestade. 20 Largarão, por fim, os seus ídolos de prata e de ouro às toupeiras e aos morcegos. 21 Meter-se-ão pelas fendas das rochas, esconder-se-ão por entre as penhas agrestes e no cimo dos penhascos, tentando escapar ao terror do Senhor e à glória da sua majestade, quando se levantar para assombrar a Terra.
22 Pobre do ser humano! Frágil como a sua própria respiração! Não merece nada que se confie nele!
Juízo sobre Judá e Jerusalém
3 Vejam que Deus, o Senhor dos exércitos, tirará de Jerusalém e Judá o seu sustento e apoio; retirará o fornecimento de água e de alimento. 2 Os seus exércitos, os seus juízes, profetas, anciãos, 3 chefes militares, homens de negócio, juristas, mágicos e políticos serão destruídos.
4 Os reis de Israel serão como criancinhas, governando infantilmente. 5 Prevalecerá a pior espécie de anarquia e cada um se voltará contra o seu próximo; vizinhos contra vizinhos, os jovens contra a autoridade, os criminosos contra a gente de bem e o povo viverá sob a opressão.
6 Naqueles dias dirá uma pessoa ao seu irmão: “Sei que tens alguma roupa a mais, além da que vestes. Por isso, sê tu o nosso rei, e tenta governar toda esta ruína.”
7 “Não!”, será a resposta. “Não posso dar ajuda nenhuma! Nem sequer tenho roupa nem alimentos a mais! Não me metam nisso!”
8 Jerusalém, de facto, está um caos e Judá caiu em ruínas, porque os judeus falaram contra o Senhor e não o adoram; ofendem a sua glória. 9 Vê-se mesmo, até pelas suas caras, o que fizeram e como são culpados. Ainda por cima, gabam-se do seu pecado ser igual ao de Sodoma; não têm vergonha alguma! Que catástrofe! Eles mesmos processaram a sua própria condenação.
10 No entanto, tudo correrá bem para os justos que são de Deus. Digam-lhes: “Que boa recompensa vão ter pelas vossas obras!” 11 Mas aos ímpios digam: “A vossa condenação é certa! Terão a justa recompensa dos vossos atos!”
12 Ó povo meu, não estão a ver como os vossos governantes são loucos? São fracos como mulheres; são irresponsáveis como criancinhas brincando aos reis! Serão isto governantes? Certamente que não! Antes vos levam pela via da ruína.
13 O Senhor levanta-se! Ele é como o grande acusador público, denunciando o seu povo! 14 Os primeiros a sentirem o peso da sua condenação serão os anciãos e os príncipes, porque destruíram a minha vinha; encheram-se com o que roubaram aos pobres.
15 “Como ousaram moer o meu povo, desta maneira, até ao pó da terra?” Quem pergunta é Deus, o Senhor dos exércitos.
16 Diz mais o Senhor: “Vejam como são altivas as mulheres de Sião, que andam de pescoço erguido, com vaidade, tilintando com as argolas que trazem à volta dos tornozelos, lançando olhares descarados, quando passam entre a multidão na rua.”
17 O Senhor fará aparecer a tinha e as suas cabeças ficarão nuas para todos verem, sem qualquer ornamento. 18 Não andarão mais com enfeites nas pernas, nem com os seus ornamentos, porque o Senhor destruirá toda aquela beleza artificiosa. 19 Desaparecerão os colares, as pulseiras, os véus; 20 assim como os diademas no cabelo, os enfeites dos braços, os brincos, as caixinhas de perfume; 21 os anéis e as arrecadas; 22 os vestidos de festa, as capas, os pentes para enfeitar o cabelo, os broches e bolsas; 23 os espelhos, as finas capinhas de linho, as toucas, as rendas. 24 E será que em vez de cheirarem bem a perfumes raros, hão de exalar um cheiro fedorento; em vez de ricas faixas em volta da cintura, usarão simples cordas; os seus belos penteados cairão e ficarão calvas; em lugar de lindas roupas, usarão sacos para se vestir. Toda a sua beleza desaparecerá; ficarão apenas a vergonha e a desgraça. 25 Os seus maridos cairão ao fio da espada, na guerra. 26 Sião, como uma mulher desolada, chora e lamenta, porque ninguém entra ou sai dos seus portões.
4 Nesse tempo, haverá tão poucos homens deixados com vida que sete mulheres lançarão mão dum deles e dirão: “Deixa-nos casar contigo! Nós próprias nos encarregaremos do nosso alimento e do nosso vestuário; queremos apenas ser chamadas pelo teu nome, para que não nos desprezem por sermos solteiras.”
O povo santo do Senhor
2 Naquele dia, o Renovo do Senhor será belo e glorioso e a terra produzirá os mais ricos frutos, um orgulho e honra para os de Israel que forem salvos. 3 E aqueles que restarem em Sião e permanecerem em Jerusalém tornar-se-ão o povo santo de Deus; isto é, todo o que estiver inscrito para viver em Jerusalém. 4 Quando o Senhor tiver lavado a impureza das filhas de Sião e limpado Jerusalém da culpa do sangue no meio dela derramado, mediante o Espírito de justiça e do Espírito purificador, 5 então, o Senhor criará uma nuvem de fumo sobre todo o monte Sião e sobre todos ali reunidos, que terá a forma de coluna durante o dia e dum resplendor de fogo durante a noite; a glória cobrirá essa terra, 6 protegendo-a dos calores e abrigando-a das chuvas e tempestades.
A canção da vinha
5 Agora vou cantar uma canção dedicada àquele que amo, a propósito da sua vinha:
Aquele que amo tem uma vinha numa colina fértil.
2 Lavrou-a, limpou-a das pedras,
e plantou-a com excelentes vides;
ergueu ali uma torre e mandou construir um lagar.
Depois esperou pelos frutos,
mas os cachos que cresceram eram de uva brava e ácida;
não eram as uvas doces que ele tanto esperava.
3 “Agora, pois, gente de Jerusalém e de Judá,
que ouviu o que se passou, sejam vocês os juízes!
4 Que mais poderia eu ter feito?
Porque deu a minha vinha uvas bravas em vez de doces?
5 Isto é o que eu farei:
vou deitar abaixo a vedação que tinha levantado;
deixarei que a minha vinha seja pasto de rebanhos,
e de gado, que a pisarão.
6 Não a podarei nem a cavarei mais;
deixarei que cresçam nela sarças e espinhos;
darei ordens às nuvens,
para que não derramem ali mais chuvas.”
7 Contei-vos a história do povo do Senhor dos exércitos. São eles a vinha de que vos falei. Israel e Judá são esse campo que lhe dava tanto prazer! O Senhor esperava que produzissem uma colheita de justiça, mas apenas encontrou derramamento de sangue; esperava retidão, mas só o choro da profunda opressão e injustiça lhe chegou aos ouvidos.
Angústia e julgamentos
8 Ai dos que vão comprando propriedade atrás propriedade, a ponto dos outros não terem mais onde viver! As vossas casas são construídas em grandes latifúndios, de forma a poderem viver sozinhos no meio da terra! 9 Mas o Senhor dos exércitos já garantiu o vosso terrível destino; ouvi-o, com os meus próprios ouvidos, dizer: “Muitas dessas belas e grandes habitações ficarão desertas e os seus proprietários as abandonarão!” 10 Dois hectares não chegarão a produzir senão uns vinte litros de vinho! Dez medidas de semente não chegarão a produzir mais do que uma só!
11 Ai dos que se levantam de manhã cedo para apanhar grandes bebedeiras, que se prolongam até tarde na noite, e andam sempre a cair de bêbedos! 12 Liras e harpas, tamboris, flautas e vinho há sempre nas vossas festas e receções, mas não reparam nos feitos do Senhor, nem veem o que as suas mãos realizam. 13 Por isso, o meu povo será levado cativo para o exílio, porque nem sabem nem se interessam em saber tudo o que fez por vocês. A gente da alta sociedade morrerá de fome e os do povo morrerão de sede.
14 Por isso, o mundo dos mortos[a] já está a abrir a boca toda, com o apetite que lhe dá este belo pedaço que é Jerusalém. Tanto os grandes como os pequenos que nela moram serão engolidos, tal como os magotes de embriagados. 15 O orgulhoso será abatido até ao pó da terra e o altivo humilhado. 16 Mas o Senhor dos exércitos será exaltado acima de tudo, porque só ele é santo, justo e bom. 17 Nesses dias, os rebanhos pastarão por entre as ruínas; cordeiros, bezerros e cabritos pastarão ali à vontade.
18 Ai dos que arrastam os seus pecados atrás de si com cordas de engano e as suas injustiças com tirantes de carroças! 19 Ousam até exclamar: “Que Deus apresse a realização da sua obra a fim de que a possamos ver: que se cumpra o plano do Santo de Israel, para o podermos conhecer!”
20 Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal; dos que dizem que as trevas são luz e a luz trevas; dos que fazem do amargo doce e do doce amargo!
21 Ai dos que se fazem passar por sábios e astutos aos seus próprios olhos!
22 Ai dos que se consideram heróis, quando se trata de beber, e se gabam de todo o álcool que são capazes de ingerir! 23 Deixam-se subornar com presentes, para perverter aquilo que é justo, permitindo que os culpados fiquem livres e que os inocentes sejam presos. 24 Por isso, serão consumidos como a palha e o feno pelo fogo; as raízes que conseguiram lançar apodrecerão; as flores que brotaram murcharão e se desfarão em pó. Porque rejeitaram a Lei do Senhor dos exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel. 25 É por isso que a ira do Senhor se acende contra o seu povo; é por isso que estende a sua mão para os esmagar. As montanhas tremerão; os cadáveres do seu povo serão lançados para a berma da rua como lixo.
E mesmo assim a sua ira não desaparece. A sua mão continua a ser pesada sobre eles.
26 Ele levantará um estandarte para chamar as nações, até as mais afastadas, assobiando às extremidades da Terra; os exércitos vêm a correr contra Jerusalém. 27 Não haverá cansados entre eles, nem gente que tropece. Não terão descanso e não pararão para dormir. Nem sequer desapertarão os cintos nem as botas para se aliviarem um pouco. 28 Vêm armados com flechas bem pontiagudas e arcos bem retesados. As patas dos cavalos, correndo sobre as pedras, até lançam faíscas; as rodas dos carros parecem um turbilhão de vento. 29 O seu rugido é como o de leões saltando sobre a presa. Será pois assim que saltarão sobre o meu povo e o levarão para o cativeiro, sem que haja alguém para os livrar. 30 O rugido que farão, ao cair sobre as suas vítimas, será semelhante ao bramido do mar durante uma tempestade. Sobre Israel cairá uma mortalha de trevas e de tristeza e o próprio céu se fará escuridão.
A chamada de Isaías
6 No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor! Estava sentado num trono sublime. O templo estava cheio com a sua glória e a aba do seu manto enchia todo o templo. 2 Pairando sobre ele havia serafins[b], cada um com seis asas. Com duas das asas cobriam as faces; com outras duas, os pés; com as duas últimas voavam. 3 E clamavam uns para os outros:
“Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos!
Toda a Terra está cheia da sua glória!”
4 Isto era expresso de tal maneira que fez tremer o templo até aos alicerces, e todo o santuário se encheu de fumo.
5 Então eu disse: “Ai de mim que já estou condenado, porque sou um pecador de fala impura! Pertenço a uma raça pecadora que fala duma forma impura e vi o Rei, o Senhor dos exércitos!”
6 Então um dos serafins voou sobre o altar e com uma tenaz tirou uma brasa. 7 Tocou-me os lábios com ela e disse: “A partir de agora és considerado não culpado, porque esta brasa tocou a tua boca. Os teus pecados estão perdoados.”
8 Depois ouvi o Senhor perguntar: “Quem enviarei como mensageiro ao seu povo? Quem irá por nós?”
E eu disse: “Vou eu! Envia-me a mim!”
9 “Vai, então, e diz o seguinte a este povo:
Com efeito, ainda que ouçam com os vossos ouvidos,
não compreenderão;
e ainda que vejam com os vossos olhos,
não perceberão.
10 Torna o coração deste povo insensível
e fecha-lhes os ouvidos e os olhos.
Que os seus olhos não vejam,
os seus ouvidos não ouçam
e os seus corações não compreendam,
para que não se arrependam e sejam curados.”
11 Depois disso, perguntei: “Senhor, até quando?”
E ele respondeu: “Até que as suas cidades sejam destruídas de tal maneira que fiquem sem habitantes; até que todo o país se torne num deserto imenso. 12 Até que o Senhor leve o seu povo para países distantes e toda a terra fique inteiramente desabitada! 13 No entanto, uma décima parte ficará de resto e sobreviverá; ainda que Judá seja invadida repetidas vezes e seja queimada, no entanto, será semelhante a um terebinto ou um carvalho abatido, cujo cepo ainda pode reviver e dar novamente frutos.”
O sinal de Emanuel
7 Durante o reinado de Acaz, filho de Jotão e neto de Uzias, rei de Judá, Jerusalém foi atacada pelo rei Rezim de Aram e pelo rei Peca de Israel, que era filho de Remalias. Mas não chegou a ser tomada, pois a cidade resistiu. 2 Quando chegou à corte a notícia de que Aram se tinha aliado com Israel contra a cidade, os corações, tanto do rei como do povo, tremeram de medo, como árvores dum bosque abaladas por um vendaval.
3 Então o Senhor disse a Isaías: “Vai encontrar-te com o rei Acaz. Vai tu e teu filho Sear-Jasube[c]. Hão de encontrá-lo no fim do aqueduto do reservatório superior, perto da estrada que desce até ao campo das lavadeiras. 4 Diz-lhe que deixe de se angustiar, que não precisa de estar com medo da fúria de Rezim, o arameu, e de Peca, filho de Remalias, pois são dois indivíduos falhados. 5 É verdade que esses dois, os reis de Aram e de Efraim, virão contra ti, dizendo: 6 ‘Vamos invadir Judá e pôr essa população em pânico, para podermos depois tomar facilmente Jerusalém e colocar ali o filho de Tabeel como rei.’
7 Contudo, o Senhor Deus responde-lhes que esse plano não resultará. 8 Porque Damasco continuará a ser a capital de Aram e o rei Rezim nunca chegará a alargar as suas fronteiras. É verdade que dentro de sessenta e cinco anos Efraim também será derrotada e aniquilada. 9 Até lá, Samaria manter-se-á a única grande cidade, a capital de Efraim, e o poder do rei Peca não virá a aumentar. Se não crerem em mim não poderão ficar firmes e não poderei ajudar-vos!”
10 O Senhor mandou mais esta mensagem ao rei Acaz: 11 “Pede ao Senhor, ao teu Deus, um sinal que prove que esmagarei os teus inimigos, como tinha dito. Pede-lhe um sinal, venha ele das profundezas ou do alto dos céus!”
12 Mas o rei recusou: “Não, não peço! Não poria o Senhor à prova!” 13 Então Isaías disse: “Ó casa de David, não estás satisfeita em esgotar a minha paciência, como ainda cansas a paciência do meu Deus? 14 Está bem, então! O Senhor, ele próprio, escolherá o sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Emanuel, ‘Deus connosco’. 15 Comerá manteiga e mel, até chegar à idade de saber escolher entre o bem e o mal. 16 Mas antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, a terra dos dois reis que tanto temes ficará deserta. 17 O Senhor trará uma terrível maldição sobre vocês, sobre a vossa nação, sobre a casa de David. Será um terror como nunca houve desde a divisão do reino de Salomão em Israel e Judá, porque o poderoso rei da Assíria virá com o seu grande exército!”
18 Nesse tempo, o Senhor assobiará aos exércitos do alto Egito e da Assíria, para que enxameiem a vossa terra e caiam sobre vocês como moscas; que vos destruam, como abelhas vos ferrem e vos matem. 19 Virão em vastos bandos, espalhando-se por toda a terra; até pelos vales desabitados, pelas cavernas, pelos sítios onde não há senão espinhos; também ocuparão as florestas e as terras férteis. 20 Nesse dia, o Senhor pegará nessa navalha que está para além do rio Eufrates, esses assírios que vocês contrataram para vos salvarem, para que rapem tudo o que têm; terra, searas, povo!
21 Quando, finalmente, acabarem a pilhagem, a terra toda se tornará num imenso terreno de pastagem. Todos os rebanhos e todo o gado serão destruídos; um lavrador que tenha ficado com uma bezerra e duas ovelhas considerar-se-á feliz. 22 No entanto, toda essa terra de pasto produzirá leite em abundância e aqueles que tiverem sido deixados na terra alimentar-se-ão de manteiga e mel. 23-25 Por esse tempo, as vinhas mais suculentas tornar-se-ão sarças e espinheiros. A terra inteira se tornará um vasto campo de espinhos, numa terra de caça, percorrida apenas por animais selvagens. Ninguém mais irá para as férteis colinas, que antigamente estavam cheias de jardins e pomares, porque lá só haverá ervas e sarças; apenas o gado ali irá para pastar.
Assíria, o instrumento do Senhor
8 O Senhor deu-me mais esta mensagem: “Faz uma grande tabuleta e escreve nela o anúncio do nascimento do filho que te vou dar. Escreve em caracteres legíveis! O seu nome será Maer-Salal-Has-Baz[d], que quer dizer: Os teus inimigos serão em breve destruídos.”
2 Pedi ao sacerdote Urias e a Zacarias, filho de Jeberequias, ambos conhecidos como pessoas fiéis, que viessem, de forma a poderem testemunhar que o tinha realmente escrito. 3 Depois juntei-me com a profetisa, ela engravidou e teve um filho. O Senhor disse-me: “Chama-lhe Maer-Salal-Has-Baz. 4 Este nome profetiza que dentro de algum tempo, antes que o menino seja capaz de dizer papá e mamã, o rei da Assíria invadirá tanto Damasco como a Samaria, levando consigo os despojos que saqueou.”
5 O Senhor falou-me outra vez: 6 “O povo de Jerusalém rejeitou as águas de Siloé, que correm brandamente, e derrete-se de medo dos dois reis, o rei Rezim e o rei Peca, filho de Remalias. 7 Por isso, hei de fazer submergir o meu povo com as torrentes impetuosas do Eufrates; o rei da Assíria e todos os seus poderosos exércitos se enfurecerão contra eles. 8 Esse rio transbordará das suas margens e inundará a terra de Judá, ó Emanuel, submergindo-a duma extremidade à outra.”
9 Façam tudo o que fizerem de mal, ó Aram e Israel, nossos inimigos, não terão sucesso, serão despedaçados. Ouçam bem, todos os que são nossos inimigos: 10 Preparem-se para nos fazerem guerra, contudo, hão de morrer! Sim, hão de morrer! Convoquem os vossos conselhos de guerra, estudem estratégias, preparem os vossos planos de ataque, no final serão destruídos, porque Deus é connosco![e]
Temer só ao Senhor
11 O Senhor avisou-me de forma categórica, com mão forte sobre mim: “Em circunstância nenhuma te deixes levar pelos planos de Judá! 12 Não acreditem em conspiração, quando este povo fala de conspiração! Não participem dos seus receios e temores nem percam a esperança. 13 Santifiquem unicamente ao Senhor dos exércitos! É dele que devem ter medo, é ele que vos deve inspirar temor. 14 Ele será, tanto para o reino de Israel como para o de Judá, um santuário. Mas também será uma pedra de tropeço, uma rocha que os fará cair; será como uma armadilha ou uma cilada para o povo em Jerusalém. 15 Muitos deles tropeçarão; serão despedaçados; serão apanhados em ciladas e ficarão cativos.”
16 Isaías disse: “Escreve todas estas coisas e sela-as. Confia-as aos meus discípulos. 17 Espero no Senhor, ainda que de momento esconda o seu rosto aos descendentes de Jacob. Nele esperarei. 18 Aqui estou eu, com os filhos que o Senhor me deu; juntos tornámo-nos símbolos e prodígios em Israel, da parte do Senhor dos exércitos que habita no monte Sião.”
19 Então porque andam a tentar descobrir o futuro, consultando adivinhos e os espíritos dos mortos? Não deem ouvidos aos seus sussurros, ao que vos murmuram ao ouvido. Alguma vez seria possível que os mortos revelassem o futuro aos vivos? Então porque não recorrem ao vosso Deus? 20 Consultem a palavra de Deus e o testemunho que vos dei selado! Se o que dizem esses bruxos é diferente da mensagem de Deus, é porque Deus nunca os enviou; pois neles não há a luz da revelação e da verdade. 21 O meu povo será levado cativo, aos tropeções, oprimido e faminto. E justamente porque estão com fome e enraivecidos, levantarão os seus punhos contra o céu e amaldiçoarão o seu Rei e seu Deus. 22 Para onde quer que olhem só veem agitação, angústia e negro desespero. E assim serão impelidos para as trevas.
Um menino nos nasceu
9 Contudo, esse tempo de trevas e de desespero não durará para sempre. Ainda que brevemente a terra de Zebulão e de Naftali venha a ficar sob o desprezo e o julgamento de Deus, no futuro esta mesma terra, a Galileia dos gentios, a oeste do Jordão, onde está a estrada para o mar, ficará cheia de glória. 2 O povo que anda nas trevas viu uma grande luz, uma luz que brilhou sobre todos os que vivem na terra da sombra da morte. 3 Multiplicaste este povo e encheste-o de alegria; alegram-se como os ceifeiros, quando chega o tempo da ceifa, ou como os que repartem os despojos depois de vencerem a batalha. 4 Porque quebrarás as cadeias que amarram o teu povo e a vara que os açoita, como quando destruíste as imensas tropas opressoras dos midianitas. 5 Porque nesse glorioso dia de paz não haverá mais distribuição de armamento de guerra, nem de equipamento militar de combate; tudo isso será destruído. 6 Porque um menino nos nasceu; foi-nos dado um filho. O governo está sobre os seus ombros. Estes serão os seus títulos: conselheiro maravilhoso, deus forte, pai para sempre, príncipe da paz. 7 O seu governo de paz e de desenvolvimento nunca terá fim. Ele chefiará com uma justiça e uma honestidade perfeitas, desde o trono de seu pai David. Trará verdadeira justiça e paz a todas as nações do mundo. Isto acontecerá mesmo, pois no seu zelo, o Senhor dos exércitos está especialmente empenhado em que tal se realize!
A ira do Senhor contra Israel
8 O Senhor lançou a sua sentença contra Jacob e ela caiu sobre o reino de Israel. 9 Todo o povo há de ouvi-la, Efraim e os habitantes da Samaria. Eles dizem com soberba e altivez de coração: 10 “Se caíram os tijolos, reconstruiremos com pedras lavradas! Se as figueiras bravas foram cortadas, haveremos de as substituir por cedros!” 11 Contudo, o Senhor suscitou contra eles os adversários de Rezim e incitou contra eles os seus inimigos. 12 Os arameus, pelo leste, os filisteus pelo oeste. Com as suas bocas escancaradas, devorarão Israel.
Mesmo assim, a sua ira não desaparece. A sua mão continua a pesar sobre eles.
13 Porque mesmo depois de todo este castigo, não se arrependeram nem quiseram voltar-se de novo para o Senhor dos exércitos. 14 Por isso, num mesmo dia o Senhor cortará em Israel a cabeça e a cauda, a palma e o junco. 15 O ancião e o homem de respeito são a cabeça; o profeta que ensina a mentira, esse é a cauda. 16 Os líderes deste povo enganam-no e os que são conduzidos ficam desfeitos.
17 Esta é a razão por que o Senhor não tem alegria nos seus jovens, nem piedade das viúvas e dos órfãos, porque as palavras das suas bocas são repugnantes; são maus e mentirosos.
Mesmo assim, a sua ira não desaparece. A sua mão continua a pesar sobre eles.
18 Ele queimará toda esta maldade, todos estes espinhos e sarças; as chamas virão depois também a consumir florestas e o fumo subirá em espiral, por cima do vasto incêndio. 19 A terra ficará enegrecida pelo fogo, como consequência da cólera do Senhor dos exércitos. O próprio povo serve de combustível para o fogo. 20 Cada qual luta com o seu próximo, para poder roubar-lhe comida, e mesmo assim continuarão a ter fome. Acabarão por comer os seus próprios filhos! 21 Manassés contra Efraim e Efraim contra Manassés, e ambos contra Judá.
Mesmo assim, a sua ira não desaparece. A sua mão continua a pesar sobre eles.
10 Ai dos juízes injustos e dos que decretam leis injustas! 2 Daqueles que não deixam haver justiça para os pobres, para as viúvas e para os órfãos! Sim, porque a verdade é que chegam até a roubar as viúvas e os órfãos!
3 Que farão vocês, quando vier o castigo, nesse dia em que vier a desolação duma terra distante? Para quem hão de voltar-se para pedir ajuda? Onde vão pôr os vossos tesouros de forma a ficarem em segurança? 4 Nada podereis fazer, senão andar aos tropeções por entre os prisioneiros e cair por entre os mortos.
Mesmo assim, a sua ira não desaparece. A sua mão continua a pesar sobre eles.
O julgamento de Deus sobre a Assíria
5 Deus diz: “Ai da Assíria, a vara da minha ira! 6 A sua força militar é a minha arma contra esta nação sem Deus, condenada e amaldiçoada. Fará nela escravos, saqueá-los-á e os pisará como o pó debaixo dos pés. 7 Mas o rei da Assíria não saberá que fui eu quem o mandou. Pensará simplesmente que está a atacar o meu povo como parte do seu plano de conquista do mundo. 8 E declarará que cada um dos seus príncipes será brevemente um rei, que governará cada uma das terras conquistadas. 9 ‘Destruiremos Calno como fizemos com Carquemis!’, dirá ele. ‘E Hamate cairá como tinha caído antes Arpade! Samaria será arrasada da mesma forma que Damasco! 10 Sim, acabámos com muitos reinos cujos ídolos eram maiores do que os de Jerusalém e de Samaria! 11 Por isso, quando tivermos derrotado Samaria e os seus ídolos, também haveremos de destruir Jerusalém e os seus ídolos!’ ”
12 Depois do Senhor concluir toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém dirá: “Eis que castigarei o rei assírio por causa da sua arrogância, do seu coração orgulhoso e do seu olhar insolente.
13 Gabam-se dizendo: ‘Foi com todo o nosso poder e com a nossa sabedoria que ganhámos estas guerras todas! Somos grandes e célebres! Com a nossa própria força derrubámos muralhas, vencemos povos e pilhámos os seus tesouros! 14 Pela nossa grandeza assaltámos os ninhos da riqueza deles e acumulámos reinos conquistados, tal como o camponês junta os seus ovos; ninguém ousa mexer sequer um dedo ou abrir a boca para dizer uma palavra contra nós!’ ”
15 Será normal que o machado se gabe de ter mais poder do que aquele que o emprega? E a serra, será ela mais poderosa do que o serrador? Poderá uma vara bater sem que uma mão a mova? Uma cana é capaz de andar sozinha?
16 Por causa de toda essa tua arrogância, ó rei da Assíria, Deus, o Senhor dos exércitos, mandará uma praga que se disseminará no meio dessa tua tropa orgulhosa que os abaterá. 17 Deus, que é a luz e o Santo de Israel, se fará como uma chama e como um fogo que os destruirá. Numa só noite fará arder esses espinheiros e essas sarças que são os assírios. 18 O vasto exército da Assíria é como uma imensa floresta; mesmo assim, será destruído. Deus os desfará, corpo e alma; serão como uma pessoa doente que perde os sentidos. 19 Só uns poucos escaparão de todo esse poderoso exército; serão tão poucos que uma criança os saberá contar!
O remanescente de Israel
20 Por fim, os restantes de Israel, os sobreviventes de Jacob, não mais confiarão naquele que os feriu, mas passarão a depositar toda a sua confiança no Senhor, o Santo de Israel. 21 Um resto deles se voltará para o Deus forte. 22 Ainda que o número dos filhos de Israel seja agora tão numeroso como a areia das praias, apenas um pequeno número será salvo. A destruição está decretada, transbordante de justiça. 23 Deus, o Senhor dos exércitos, dará execução à sua palavra na Terra. Sim, está já decidido que irá consumi-los.
24 Contudo, Deus, o Senhor dos exércitos, diz: “Ó meu povo, que habitas em Sião, não tenhas receio dos assírios, quando vos oprimirem como vos fizeram os egípcios há muito tempo atrás. 25 Isso não durará muito. Ao fim de pouco tempo a minha ira contra vocês acabará e então me levantarei contra eles e os destruirei.”
26 O Senhor dos exércitos levantará o seu chicote para os matar, como aconteceu, quando Gedeão triunfou sobre os midianitas, junto à rocha de Orebe. Ele erguerá a sua vara sobre o mar, como fez contra os egípcios. 27 Nesse dia, Deus acabará com a escravidão do seu povo; quebrará o jugo que pesa sobre os seus pescoços; será destruído por decreto seu.
28 Vejam! Estão já a chegar os poderosos exércitos da Assíria! Já se encontram em Aiate; agora em Migrom; fazem já o armazenamento do seu equipamento militar em Micmás. 29 Estão a passar o desfiladeiro e vão acampar em Geba para aí passarem a noite. A cidade de Ramá já treme de medo e o povo de Gibeá, a cidade de Saul, foge para salvar a vida. 30 É natural que grites de terror, ó povo de Galim! Avisa bem alto, Laís, porque o grande exército se aproxima! Ó pobre Anatote, que destino desgraçado vai ser o teu! 31 O povo de Madmena já fugiu e os habitantes de Gebim preparam-se para debandar. 32 Mas o inimigo para em Nobe e aí fica o resto do dia; daí acena com o punho contra Jerusalém no monte Sião.
33 Mas, olhem, olhem! Deus, o Senhor dos exércitos, está a cortar pela base essa poderosa árvore! Está a destruir todo esse vasto exército, tanto os das linhas de ataque como os da retaguarda, tanto oficiais como soldados. 34 Ele, o Poderoso, abaterá a força do inimigo tal como o lenhador abate as árvores das florestas do Líbano.
O ramo de Jessé
11 Do cepo de Jessé brotará um rebento e das suas raízes frutificará um ramo.
2 O Espírito do Senhor ficará sobre ele:
Espírito de sabedoria e de discernimento;
Espírito de conselho e de poder;
Espírito de conhecimento e de temor ao Senhor.
3 Todo o seu prazer será em temer ao Senhor. Não julgará segundo as aparências, nem por ouvir dizer. 4 Castigará a Terra com a vara da sua palavra e com o sopro da sua boca condenará à morte os malvados. Pelo contrário, defenderá com justiça os pobres e com equidade os explorados. 5 Porque se revestirá de justiça e de verdade na cintura e no tronco.
6 Nesse dia, o lobo e o cordeiro deitar-se-ão juntos, o leopardo e o cabrito viverão em paz; bezerros e gordas ovelhas estarão em segurança no meio de leões e uma criança os guiará. 7 As vacas pastarão juntamente com os ursos, enquanto os respetivos filhotes ficarão deitados uns com os outros. Também o leão comerá erva como os bois. 8 Haverá bebés gatinhando, sem perigo, por entre serpentes venenosas e crianças que põem despreocupadamente a mão dentro dum ninho de víboras, retirando-a depois sem a mínima mordedura. 9 Não se praticará mal nem destruição de espécie alguma no meu santo monte, porque tal como as águas enchem os mares, assim também a Terra se encherá do conhecimento do Senhor.
10 Nesse dia, aquele que é a raiz de Jessé será como uma bandeira para todo o mundo. As nações se juntarão a ele e será gloriosa a morada do seu descanso. 11 Nesse dia, o Senhor fará regressar, pela segunda vez à terra de Israel, um resto do seu povo, trazendo-os da Assíria, do Alto e do Baixo Egito, de Cuche[f], do Elão, de Sinar (Babilónia), de Hamate e de terras distantes de além-mar. 12 Levantará uma bandeira entre as nações para os chamar e reunir. Juntará, assim, os israelitas dispersos pelos quatro cantos do mundo. 13 Então terminará a inveja de Efraim e os inimigos de Judá serão destroçados; nunca mais Efraim terá inveja de Judá, nem Judá se voltará contra Efraim. 14 Juntos voarão contra as nações, conquistando as suas terras a leste e a oeste, unindo forças para as destruir, vindo a ocupar as nações de Edom, de Moabe e de Amon.
15 O Senhor fará secar um caminho através do mar Vermelho; levantará a sua mão sobre o rio Eufrates, mandando um forte vento que o divida em sete braços que qualquer pessoa poderá atravessar, mesmo calçada. 16 Aplanará um largo caminho desde a Assíria, para que venha por ele o resto que ainda lá vive, tal como fez há muito tempo para Israel poder regressar do Egito.
Canções de louvor
12 Nesse dia, dirás:
“Eu te louvo, Senhor!
É verdade que estiveste irado contra mim,
mas agora confortas-me.
2 Vejam bem, Deus veio salvar-me!
Tenho razão para confiar e nada recear,
porque o Senhor é a minha força.
É ele quem me leva a cantar!
Ele é a minha salvação!”
3 Oh! Que alegria poder beber da fonte da salvação!
4 Nesse dia maravilhoso dirão:
“Louvem o Senhor!
Louvem o seu nome!
Contem ao mundo como as suas obras são maravilhosas!
Como o seu poder é grande!
5 Cantem ao Senhor, porque fez coisas maravilhosas!
Que isso se saiba em toda a Terra!
6 Que os habitantes de Sião cantem bem alto os seus louvores,
e que o façam com alegria!
Porque grande e poderoso é o Santo de Israel,
que vive no vosso meio!”
Footnotes
- 5.14 No hebraico, Sheol, é traduzido, ao longo do livro, por mundo dos mortos. Segundo o pensamento hebraico do Antigo Testamento, é o lugar dos mortos, mas não necessariamente como um sepulcro ou sepultura, que é um lugar de morte e definhamento, mas sim um lugar de existência consciente, embora sombria e infeliz.
- 6.2 Anjos.
- 7.3 Os filhos de Isaías têm nomes simbólicos. Sear-Jasube significa um resto voltará.
- 8.1 Maer-Salal-Has-Baz significa Pronto-para-o-Saque-Rápido-para-a-Presa, indicando que o povo virá realmente a ser saqueado por um inimigo estrangeiro.
- 8.10 Em hebraico, Emanuel.
- 11.11 Embora nalgumas traduções bíblicas apareça como Etiópia, na verdade, Cuche estava localizada a sul do Egito, numa área que envolve hoje parte da Etiópia e do Sudão.
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