Bible in 90 Days
O nascimento de Jesus
2 Naqueles dias, o imperador Augusto decretou um recenseamento em todo o império romano. 2 (Esse foi o primeiro recenseamento realizado quando Quirino era governador da Síria.) 3 Todos voltaram à cidade de origem para se registrar. 4 Por ser descendente do rei Davi, José viajou da cidade de Nazaré da Galileia para Belém, na Judeia, terra natal de Davi, 5 levando consigo Maria, sua noiva, que estava grávida.
6 E, estando eles ali, chegou a hora de nascer o bebê. 7 Ela deu à luz seu primeiro filho, um menino. Envolveu-o em faixas de pano e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Os pastores e os anjos
8 Naquela noite, havia alguns pastores nos campos próximos, vigiando rebanhos de ovelhas. 9 De repente, um anjo do Senhor apareceu entre eles, e o brilho da glória do Senhor os cercou. Ficaram aterrorizados, 10 mas o anjo lhes disse: “Não tenham medo! Trago boas notícias, que darão grande alegria a todo o povo. 11 Hoje em Belém, a cidade de Davi, nasceu o Salvador, que é Cristo,[a] o Senhor! 12 Vocês o reconhecerão por este sinal: encontrarão o bebê enrolado em faixas de pano, deitado numa manjedoura”.
13 De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo:
14 “Glória a Deus nos mais altos céus,
e paz na terra àqueles de que Deus se agrada!”.
15 Quando os anjos voltaram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém para ver esse acontecimento que o Senhor nos anunciou”.
16 Indo depressa ao povoado, encontraram Maria e José, e lá estava o bebê, deitado na manjedoura. 17 Depois de o verem, os pastores contaram a todos o que o anjo tinha dito a respeito da criança, 18 e todos que ouviam a história dos pastores ficavam admirados. 19 Maria, porém, guardava todas essas coisas no coração e refletia sobre elas. 20 Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido. Tudo aconteceu como o anjo lhes havia anunciado.
Jesus é apresentado no templo
21 Oito dias depois, quando o bebê foi circuncidado, chamaram-no Jesus, o nome que o anjo lhe tinha dado antes mesmo de ele ser concebido.
22 Então chegou o tempo da oferta de purificação, como era a exigência da lei de Moisés. Seus pais o levaram a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, 23 pois a lei do Senhor dizia: “Se o primeiro filho for menino, será consagrado ao Senhor”.[b] 24 Assim, ofereceram o sacrifício exigido pela lei do Senhor: “duas rolinhas ou dois pombinhos”.[c]
A profecia de Simeão
25 Naquela época, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Ele era justo e devoto, e esperava ansiosamente pela restauração de Israel. O Espírito Santo estava sobre ele 26 e lhe havia revelado que ele não morreria enquanto não visse o Cristo enviado pelo Senhor. 27 Nesse dia, o Espírito o conduziu ao templo. Assim, quando Maria e José chegaram para apresentar o menino Jesus ao Senhor, como a lei exigia, 28 Simeão tomou a criança nos braços e louvou a Deus, dizendo:
29 “Soberano Deus, agora podes levar em paz o teu servo,
como prometeste.
30 Vi a tua salvação,
31 que preparaste para todos os povos.
32 Ele é uma luz de revelação às nações
e é a glória do teu povo, Israel!”.
33 Os pais de Jesus ficaram admirados com o que se dizia a respeito dele. 34 Então Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe do bebê: “Este menino está destinado a provocar a queda de muitos em Israel, mas também a ascensão de tantos outros. Foi enviado como sinal de Deus, mas muitos resistirão a ele. 35 Como resultado, serão revelados os pensamentos mais profundos de muitos corações, e você sentirá como se uma espada lhe atravessasse a alma”.
A profecia de Ana
36 A profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, também estava no templo. Era muito idosa e havia perdido o marido depois de sete anos de casados 37 e vivido como viúva até os 84 anos.[d] Nunca deixava o templo, adorando a Deus dia e noite, em jejum e oração. 38 Chegou ali naquele momento e começou a louvar a Deus. Falava a respeito da criança a todos que esperavam a redenção de Jerusalém.
A infância de Jesus em Nazaré
39 Após cumprirem todas as exigências da lei do Senhor, os pais de Jesus voltaram para casa em Nazaré, na Galileia. 40 Ali o menino foi crescendo, saudável e forte. Era cheio de sabedoria, e o favor de Deus estava sobre ele.
Jesus conversa com os mestres da lei
41 Todos os anos, os pais de Jesus iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. 42 Quando Jesus completou doze anos, foram à festa, como de costume. 43 Terminada a celebração, partiram de volta para Nazaré, mas Jesus ficou para trás, em Jerusalém, sem que seus pais notassem sua falta. 44 Pensaram que ele estivesse entre os demais viajantes, mas depois de caminharem um dia inteiro começaram a procurá-lo entre os parentes e amigos.
45 Como não o encontravam, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. 46 Por fim, depois de três dias, acharam Jesus no templo, sentado entre os mestres da lei, ouvindo-os e fazendo perguntas. 47 Todos que o ouviam se admiravam de seu entendimento e de suas respostas.
48 Quando o viram, seus pais ficaram perplexos. Sua mãe lhe disse: “Filho, por que você fez isso conosco? Seu pai e eu estávamos aflitos, procurando você por toda parte”.
49 “Mas por que me procuravam?”, perguntou ele. “Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?”[e] 50 Não entenderam, porém, o que ele quis dizer.
51 Então voltou com os pais para Nazaré, e lhes era obediente. Sua mãe guardava todas essas coisas no coração.
52 Jesus crescia em sabedoria, em estatura e no favor de Deus e das pessoas.
João Batista prepara o caminho
3 Era o décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério César. Pôncio Pilatos era governador da Judeia; Herodes Antipas governava[f] a Galileia; seu irmão Filipe governava[g] a Itureia e Traconites; e Lisânias governava Abilene. 2 Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes. Nesse ano, veio uma mensagem de Deus a João, filho de Zacarias, que vivia no deserto. 3 João percorreu os arredores do rio Jordão, pregando o batismo como sinal de arrependimento para o perdão dos pecados. 4 O profeta Isaías se referia a João quando escreveu em seu livro:
“Ele é uma voz que clama no deserto:
‘Preparem o caminho para a vinda do Senhor![h]
Abram uma estrada para ele!
5 Os vales serão aterrados,
e os montes e as colinas, nivelados.
As curvas serão endireitadas,
e os lugares acidentados, aplanados.
6 Então todos verão
a salvação enviada por Deus’”.[i]
7 João dizia às multidões que vinham até ele para ser batizadas: “Raça de víboras! Quem os convenceu a fugir da ira que está por vir? 8 Provem por suas ações que vocês se arrependeram. Não digam uns aos outros: ‘Estamos a salvo, pois somos filhos de Abraão’. Isso não significa nada, pois eu lhes digo que até destas pedras Deus pode fazer surgir filhos de Abraão. 9 Agora mesmo o machado do julgamento está pronto para cortar as raízes das árvores. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo”.
10 As multidões perguntavam: “O que devemos fazer?”.
11 João respondeu: “Se tiverem duas vestimentas, deem uma a quem não tem. Se tiverem comida, dividam com quem passa fome”.
12 Cobradores de impostos também vinham para ser batizados e perguntavam: “Mestre, o que devemos fazer?”.
13 Ele respondeu: “Não cobrem impostos além daquilo que é exigido”.
14 “E nós?”, perguntaram alguns soldados. “O que devemos fazer?”
João respondeu: “Não pratiquem extorsão nem façam acusações falsas. Contentem-se com seu salário”.
15 Todos esperavam que o Cristo viesse em breve, e estavam ansiosos para saber se João era ele. 16 João respondeu às perguntas deles, dizendo: “Eu os batizo com[j] água, mas em breve virá alguém mais poderoso que eu, alguém tão superior que não sou digno de desatar as correias de suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo.[k] 17 Ele já tem na mão a pá, e com ela separará a palha do trigo, a fim de limpar a área onde os cereais são debulhados. Juntará o trigo no celeiro, mas queimará a palha num fogo que nunca se apaga”. 18 João usou muitas advertências semelhantes ao anunciar as boas-novas ao povo.
19 João também criticou publicamente Herodes Antipas, o governador da Galileia,[l] por ter se casado com Herodias, esposa de seu irmão, e por muitas outras maldades que havia cometido. 20 A essas maldades Herodes acrescentou outra, mandando prender João.
O batismo de Jesus
21 Certo dia, quando as multidões estavam sendo batizadas, Jesus também foi batizado. Enquanto ele orava, o céu se abriu, 22 e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como uma pomba. E uma voz do céu disse: “Você é meu filho amado, que me dá grande alegria”.
Os antepassados de Jesus
23 Jesus estava com cerca de trinta anos quando começou seu ministério.
Jesus era conhecido como filho de José.
José era filho de Eli.
24 Eli era filho de Matate.
Matate era filho de Levi.
Levi era filho de Melqui.
Melqui era filho de Janai.
Janai era filho de José.
25 José era filho de Matatias.
Matatias era filho de Amós.
Amós era filho de Naum.
Naum era filho de Esli.
Esli era filho de Nagai.
26 Nagai era filho de Maate.
Maate era filho de Matatias.
Matatias era filho de Semei.
Semei era filho de Joseque.
Joseque era filho de Jodá.
27 Jodá era filho de Joanã.
Joanã era filho de Ressa.
Ressa era filho de Zorobabel.
Zorobabel era filho de Salatiel.
Salatiel era filho de Neri.
28 Neri era filho de Melqui.
Melqui era filho de Adi.
Adi era filho de Cosã.
Cosã era filho de Elmadã.
Elmadã era filho de Er.
29 Er era filho de Josué.
Josué era filho de Eliézer.
Eliézer era filho de Jorim.
Jorim era filho de Matate.
Matate era filho de Levi.
30 Levi era filho de Simeão.
Simeão era filho de Judá.
Judá era filho de José.
José era filho de Jonã.
Jonã era filho de Eliaquim.
31 Eliaquim era filho de Meleá.
Meleá era filho de Mená.
Mená era filho de Matatá.
Matatá era filho de Natã.
Natã era filho de Davi.
32 Davi era filho de Jessé.
Jessé era filho de Obede.
Obede era filho de Boaz.
Boaz era filho de Salmom.[m]
Salmom era filho de Naassom.
33 Naassom era filho de Aminadabe.
Aminadabe era filho de Admim.
Admim era filho de Arni.[n]
Arni era filho de Esrom.
Esrom era filho de Perez.
Perez era filho de Judá.
34 Judá era filho de Jacó.
Jacó era filho de Isaque.
Isaque era filho de Abraão.
Abraão era filho de Terá.
Terá era filho de Naor.
35 Naor era filho de Serugue.
Serugue era filho de Ragaú.
Ragaú era filho de Faleque.
Faleque era filho de Éber.
Éber era filho de Salá.
36 Salá era filho de Cainã.
Cainã era filho de Arfaxade.
Arfaxade era filho de Sem.
Sem era filho de Noé.
Noé era filho de Lameque.
37 Lameque era filho de Matusalém.
Matusalém era filho de Enoque.
Enoque era filho de Jarede.
Jarede era filho de Maalaleel.
Maalaleel era filho de Cainã.
38 Cainã era filho de Enos.
Enos era filho de Sete.
Sete era filho de Adão.
Adão era filho de Deus.
A tentação de Jesus
4 Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do rio Jordão e foi conduzido pelo Espírito no deserto,[o] 2 onde foi tentado pelo diabo durante quarenta dias. Não comeu nada durante todo esse tempo, e teve fome.
3 Então o diabo lhe disse: “Se você é o Filho de Deus, ordene que esta pedra se transforme em pão”.
4 Jesus, porém, respondeu: “As Escrituras dizem: ‘Uma pessoa não vive só de pão’”.[p]
5 Então o diabo o levou a um lugar alto e, num momento, lhe mostrou todos os reinos do mundo. 6 “Eu lhe darei a glória destes reinos e autoridade sobre eles, pois são meus e posso dá-los a quem eu quiser”, disse o diabo. 7 “Eu lhe darei tudo se me adorar.”
8 Jesus respondeu: “As Escrituras dizem:
‘Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele’”.[q]
9 Então o diabo o levou a Jerusalém, até o ponto mais alto do templo, e disse: “Se você é o Filho de Deus, salte daqui. 10 Pois as Escrituras dizem:
‘Ele ordenará a seus anjos que o protejam.
11 Eles o sustentarão com as mãos,
para que não machuque o pé em alguma pedra’”.[r]
12 Jesus respondeu: “As Escrituras dizem:
‘Não ponha à prova o Senhor, seu Deus’”.[s]
13 Quando o diabo terminou de tentar Jesus, deixou-o até que surgisse outra oportunidade.
A volta à Galileia
14 Então Jesus, cheio do poder do Espírito, voltou para a Galileia. Relatos a seu respeito se espalharam rapidamente por toda a região. 15 Ele ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam.
Jesus é rejeitado em Nazaré
16 Quando Jesus chegou a Nazaré, cidade de sua infância, foi à sinagoga no sábado, como de costume, e se levantou para ler as Escrituras. 17 Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías, e ele o abriu e encontrou o lugar onde estava escrito:
18 “O Espírito do Senhor está sobre mim,
pois ele me ungiu para trazer as boas-novas aos pobres.
Ele me enviou para anunciar que os cativos serão soltos,
os cegos verão,
os oprimidos serão libertos,
19 e que é chegado o tempo do favor do Senhor”.[t]
20 Jesus fechou o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se. Todos na sinagoga o olhavam atentamente. 21 Então ele começou a dizer: “Hoje se cumpriram as Escrituras que vocês acabaram de ouvir”.
22 Todos falavam bem dele e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Contudo, perguntavam: “Não é esse o filho de José?”.
23 Então ele disse: “Sem dúvida, vocês citarão para mim o ditado: ‘Médico, cure a si mesmo’, ou seja, ‘Faça aqui, em sua cidade, o mesmo que fez em Cafarnaum’. 24 Eu, porém, lhes digo a verdade: nenhum profeta é aceito em sua própria cidade.
25 “Por certo havia muitas viúvas necessitadas em Israel no tempo de Elias, quando o céu se fechou por três anos e meio e uma fome terrível devastou a terra. 26 E, no entanto, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas sim a uma estrangeira, uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. 27 E havia muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas o único que ele curou foi Naamã, o sírio”.
28 Quando ouviram isso, aqueles que estavam na sinagoga ficaram furiosos. 29 Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e o arrastaram até a beira do monte sobre o qual a cidade tinha sido construída. Pretendiam empurrá-lo precipício abaixo, 30 mas ele passou por entre a multidão e seguiu seu caminho.
Jesus expulsa um espírito impuro
31 Então Jesus foi a Cafarnaum, uma cidade na Galileia, onde ensinava na sinagoga aos sábados. 32 Ali também o povo ficou admirado com seu ensino, pois ele falava com autoridade.
33 Certa ocasião, estando ele na sinagoga, um homem possuído por um demônio, um espírito impuro, gritou: 34 “Por que vem nos importunar, Jesus de Nazaré? Veio para nos destruir? Sei quem é você: o Santo de Deus!”.
35 Jesus o repreendeu, dizendo: “Cale-se! Saia deste homem!”. Então o espírito jogou o homem no chão à vista da multidão e saiu dele, sem machucá-lo.
36 Admirado, o povo exclamava: “Que autoridade e poder ele tem! Até os espíritos impuros lhe obedecem e saem quando ele ordena!”. 37 E as notícias a respeito de Jesus se espalharam pelos povoados de toda a região.
Jesus cura muitas pessoas
38 Depois de sair da sinagoga naquele dia, Jesus foi à casa de Simão, onde encontrou a sogra dele muito doente, com febre alta. Quando os presentes suplicaram por ela, 39 Jesus se pôs ao lado da cama e repreendeu a febre, que a deixou. Ela se levantou de imediato e passou a servi-los.
40 Quando o sol se pôs, as pessoas trouxeram seus familiares enfermos até ele. Qualquer que fosse a doença, ao pôr as mãos sobre eles, Jesus curava a todos. 41 Muitos estavam possuídos por demônios, que saíam gritando: “Você é o Filho de Deus!”. Jesus, no entanto, os repreendia e não permitia que falassem, pois sabiam que ele era o Cristo.
Jesus continua a pregar na Galileia
42 Logo cedo na manhã seguinte, Jesus retirou-se para um lugar isolado. As multidões o procuravam por toda parte e, quando finalmente o encontraram, suplicaram que não as deixasse. 43 Ele, porém, disse: “Preciso anunciar as boas-novas do reino de Deus também em outras cidades, pois para isso fui enviado”. 44 E continuou a anunciar sua mensagem nas sinagogas da Judeia.[u]
Os primeiros discípulos
5 Estando Jesus à beira do lago de Genesaré,[v] grandes multidões se apertavam em volta dele para ouvir a palavra de Deus. 2 Ele notou que, junto à praia, havia dois barcos vazios, deixados por pescadores que lavavam suas redes. 3 Entrou num dos barcos e pediu a Simão,[w] seu dono, que o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se no barco e dali ensinou as multidões.
4 Quando terminou de falar, disse a Simão: “Agora vá para onde é mais fundo e lancem as redes para pescar”.
5 Simão respondeu: “Mestre, trabalhamos duro a noite toda e não pegamos nada. Mas, por ser o senhor quem nos pede, vou lançar as redes novamente”. 6 Dessa vez, as redes ficaram tão cheias de peixes que começaram a se rasgar. 7 Então pediram ajuda aos companheiros do outro barco, e logo os dois barcos estavam tão cheios de peixes que quase afundaram.
8 Quando Simão Pedro se deu conta do que havia acontecido, caiu de joelhos diante de Jesus e disse: “Por favor, Senhor, afaste-se de mim, porque sou homem pecador”. 9 Pois ele e seus companheiros ficaram espantados com a quantidade de peixes que haviam pescado, 10 assim como seus sócios, Tiago e João, filhos de Zebedeu.
Jesus respondeu a Simão: “Não tenha medo! De agora em diante, você será pescador de gente”. 11 E, assim que chegaram à praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.
Jesus cura um leproso
12 Num povoado, Jesus encontrou um homem coberto de lepra. Quando o homem viu Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou para ser curado, dizendo: “Se o senhor quiser, pode me curar e me deixar limpo”.
13 Jesus estendeu a mão e o tocou. “Eu quero”, respondeu. “Seja curado e fique limpo!” No mesmo instante, a lepra desapareceu. 14 Então Jesus o instruiu a não contar a ninguém o que havia acontecido. “Vá e apresente-se ao sacerdote para que ele o examine”, ordenou. “Leve a oferta que a lei de Moisés exige pela sua purificação. Isso servirá como testemunho.”[x]
15 Mas as notícias a seu respeito se espalhavam ainda mais, e grandes multidões vinham para ouvi-lo e para ser curadas de suas enfermidades. 16 Ele, porém, se retirava para lugares isolados, a fim de orar.
Jesus cura um paralítico
17 Certo dia, enquanto Jesus ensinava, alguns fariseus e mestres da lei estavam sentados por perto. Eles vinham de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor para curar estava sobre Jesus.
18 Alguns homens vieram carregando um paralítico numa maca. Tentaram levá-lo para dentro da casa, até Jesus, 19 mas não conseguiram, por causa da multidão. Então subiram ao topo da casa e removeram uma parte do teto. Em seguida, baixaram o paralítico na maca até o meio da multidão, bem na frente dele. 20 Ao ver a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Homem, seus pecados estão perdoados”.
21 Mas os fariseus e mestres da lei pensavam: “Quem ele pensa que é? Isso é blasfêmia! Somente Deus pode perdoar pecados!”.
22 Jesus, sabendo o que pensavam, perguntou: “Por que vocês questionam essas coisas em seu coração? 23 O que é mais fácil dizer: ‘Seus pecados estão perdoados?’ ou ‘Levante-se e ande’? 24 Mas eu lhes mostrarei que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. Então disse ao paralítico: “Levante-se, pegue sua maca e vá para casa”.
25 De imediato, à vista de todos, o homem se levantou, pegou sua maca e foi para casa louvando a Deus. 26 Todos ficaram muitos admirados e, cheios de temor, louvaram a Deus, exclamando: “Hoje vimos coisas maravilhosas!”.
Jesus chama Levi
27 Depois disso, Jesus saiu da cidade e viu um cobrador de impostos chamado Levi[y] sentado no local onde se coletavam impostos. “Siga-me”, disse-lhe Jesus, 28 e Levi se levantou, deixou tudo e o seguiu.
29 Mais tarde, Levi ofereceu um banquete em sua casa, em honra de Jesus. Muitos cobradores de impostos e outros convidados comeram com eles, 30 mas os fariseus e mestres da lei se queixaram aos discípulos: “Por que vocês comem e bebem com cobradores de impostos e pecadores?”.
31 Jesus lhes respondeu: “As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes. 32 Não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores, para que se arrependam”.
Discussão sobre o jejum
33 Algumas pessoas disseram a Jesus: “Os discípulos de João Batista jejuam e oram com frequência, e os discípulos dos fariseus também. Por que os seus vivem comendo e bebendo?”.
34 Jesus respondeu: “Por acaso os convidados de um casamento jejuam enquanto festejam com o noivo? 35 Um dia, porém, o noivo lhes será tirado, e então jejuarão”.
36 Jesus também lhes apresentou a seguinte ilustração: “Ninguém rasgaria um pedaço de tecido de uma roupa nova para remendar uma roupa velha. Se o fizesse, estragaria a roupa nova, e o remendo não se ajustaria à roupa velha.
37 “E ninguém colocaria vinho novo em velhos recipientes de couro. Os recipientes velhos se arrebentariam, deixando vazar o vinho e estragando o recipiente. 38 Vinho novo deve ser guardado em recipientes novos. 39 E ninguém que bebe o vinho velho escolhe beber o vinho novo, pois diz: ‘O vinho velho é melhor’”.
Discussão sobre o sábado
6 Num sábado, enquanto Jesus caminhava pelos campos de cereal, seus discípulos colheram espigas, removeram a casca com as mãos e comeram os grãos. 2 Alguns fariseus lhes disseram: “Por que vocês desobedecem à lei colhendo cereal no sábado?”.
3 Jesus respondeu: “Vocês não leram nas Escrituras o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? 4 Ele entrou na casa de Deus, comeu os pães sagrados que só os sacerdotes tinham permissão de comer e os deu também a seus companheiros”. 5 E acrescentou: “O Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado”.
Jesus cura no sábado
6 Em outro sábado, enquanto Jesus ensinava na sinagoga, estava ali um homem cuja mão direita era deformada. 7 Os mestres da lei e os fariseus observavam Jesus atentamente. Se ele curasse aquele homem, eles o acusariam, pois era sábado.
8 Jesus, porém, sabia o que planejavam e disse ao homem com a mão deformada: “Venha e fique aqui, diante de todos”, e o homem foi à frente. 9 Então Jesus lhes disse: “Tenho uma pergunta para vocês: O que a lei permite fazer no sábado? O bem ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?”.
10 Depois, olhando para cada um ao redor, disse ao homem: “Estenda a mão”. O homem estendeu a mão, e ela foi restaurada. 11 Com isso, os inimigos de Jesus ficaram furiosos e começaram a discutir o que fazer contra ele.
Jesus escolhe os doze apóstolos
12 Certo dia, pouco depois, Jesus subiu a um monte para orar e passou a noite orando a Deus. 13 Quando amanheceu, reuniu seus discípulos e escolheu doze para serem apóstolos. Estes são seus nomes:
14 Simão, a quem ele chamou Pedro,
André, irmão de Pedro,
Tiago,
João,
Filipe,
Bartolomeu,
15 Mateus,
Tomé,
Tiago, filho de Alfeu,
Simão, apelidado de zelote,
16 Judas, filho de Tiago,
Judas Iscariotes, que se tornou o traidor.
Multidões seguem Jesus
17 Quando Jesus e os discípulos desceram do monte, pararam numa região plana e ampla. Havia ali muitos de seus seguidores e uma grande multidão vinda de todas as partes da Judeia, de Jerusalém e de lugares distantes ao norte, como o litoral de Tiro e Sidom. 18 Tinham vindo para ouvi-lo e para ser curados de suas enfermidades, e os que eram atormentados por espíritos impuros eram curados. 19 Todos procuravam tocar em Jesus, pois dele saía poder, e ele curava a todos.
Bênçãos e condenações
20 Então Jesus se voltou para seus discípulos e disse:
“Felizes são vocês, pobres,
pois o reino de Deus lhes pertence.
21 Felizes são vocês que agora estão famintos,
pois serão saciados.
Felizes são vocês que agora choram,
pois no devido tempo rirão.
22 Felizes são vocês quando os odiarem e os excluírem, quando zombarem de vocês e os caluniarem como se fossem maus porque seguem o Filho do Homem. 23 Quando isso acontecer, alegrem-se e exultem, porque uma grande recompensa os espera no céu. E lembrem-se de que os antepassados deles trataram os profetas da mesma forma.
24 “Que aflição espera vocês, ricos,
pois já receberam sua consolação!
25 Que aflição espera vocês que agora têm fartura,
pois um terrível tempo de fome os espera!
Que aflição espera vocês que agora riem,
pois em breve seu riso se transformará em lamento e tristeza!
26 Que aflição espera vocês que são elogiados por todos,
pois os antepassados deles também elogiaram falsos profetas!”
Amor pelos inimigos
27 “Mas a vocês que me ouvem, eu digo: amem os seus inimigos, façam o bem a quem os odeia, 28 abençoem quem os amaldiçoa, orem por quem os maltratam. 29 Se alguém lhe der um tapa numa face, ofereça também a outra. Se alguém exigir de você a roupa do corpo, deixe que leve também a capa. 30 Dê a quem pedir e, quando tomarem suas coisas, não tente recuperá-las. 31 Façam aos outros o que vocês desejam que eles lhes façam.
32 “Se vocês amam apenas aqueles que os amam, que mérito têm? Até os pecadores amam quem os ama. 33 E, se fazem o bem apenas aos que fazem o bem a vocês, que mérito têm? Até os pecadores agem desse modo. 34 E, se emprestam dinheiro apenas aos que podem devolver, que mérito têm? Até os pecadores emprestam a outros pecadores, na expectativa de receber tudo de volta.
35 “Portanto, amem os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles sem esperar nada de volta. Então a recompensa que receberão do céu será grande e estarão agindo, de fato, como filhos do Altíssimo, pois ele é bondoso até mesmo com os ingratos e perversos. 36 Sejam misericordiosos, assim como seu Pai é misericordioso.”
Não julguem os outros
37 “Não julguem e não serão julgados. Não condenem e não serão condenados. Perdoem e serão perdoados. 38 Deem e receberão. Sua dádiva lhes retornará em boa medida, compactada, sacudida para caber mais, transbordante e derramada sobre vocês. O padrão de medida que adotarem será usado para medi-los”.
39 Jesus deu ainda a seguinte ilustração: “É possível um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40 Os discípulos não são maiores que seu mestre. Mas o aluno bem instruído será como o mestre.
41 “Por que você se preocupa com o cisco no olho de seu amigo[z] enquanto há um tronco em seu próprio olho? 42 Como pode dizer: ‘Amigo, deixe-me ajudá-lo a tirar o cisco de seu olho’, se não consegue ver o tronco em seu próprio olho? Hipócrita! Primeiro, livre-se do tronco em seu olho; então você verá o suficiente para tirar o cisco do olho de seu amigo.”
A árvore e seus frutos
43 “Uma árvore boa não produz frutos ruins, e uma árvore ruim não produz frutos bons. 44 Uma árvore é identificada por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de arbustos espinhosos. 45 A pessoa boa tira coisas boas do tesouro de um coração bom, e a pessoa má tira coisas más do tesouro de um coração mau. Pois a boca fala do que o coração está cheio.”
Construir sobre um alicerce firme
46 “Por que vocês me chamam ‘Senhor! Senhor!’, se não fazem o que eu digo? 47 Eu lhes mostrarei como é aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. 48 Ele é como a pessoa que está construindo uma casa e que cava fundo e coloca os alicerces em rocha firme. Quando a água das enchentes sobe e bate contra essa casa, ela permanece firme, pois foi bem construída. 49 Mas quem ouve e não obedece é como a pessoa que constrói uma casa sobre o chão, sem alicerces. Quando a água bater nessa casa, ela cairá, deixando uma pilha de ruínas”.
Um oficial romano demonstra fé
7 Quando Jesus terminou de dizer tudo isso à multidão, entrou em Cafarnaum. 2 Naquela ocasião, um escravo muito estimado de um oficial romano[aa] estava enfermo, à beira da morte. 3 Quando o oficial ouviu falar de Jesus, mandou alguns líderes judeus lhe pedirem que fosse curar seu escravo. 4 Os líderes suplicaram insistentemente que Jesus socorresse o homem, dizendo: “Ele merece sua ajuda, 5 pois ama o povo judeu e até nos construiu uma sinagoga”.
6 Jesus foi com eles, mas, antes de chegarem à casa, o oficial mandou alguns amigos para dizer: “Senhor, não se incomode em vir à minha casa, pois não sou digno de tamanha honra. 7 Não sou digno sequer de ir ao seu encontro. Basta uma ordem sua, e meu servo será curado. 8 Sei disso porque estou sob a autoridade de meus superiores e tenho autoridade sobre meus soldados. Só preciso dizer ‘Vão’, e eles vão, ou ‘Venham’, e eles vêm. E, se digo a meus escravos: ‘Façam isto’, eles fazem”.
9 Quando Jesus ouviu isso, ficou admirado. Voltou-se para a multidão que o seguia e disse: “Eu lhes digo a verdade: jamais vi fé como esta em Israel!”. 10 E, quando os amigos do oficial voltaram para a casa dele, encontraram o escravo em perfeita saúde.
Jesus ressuscita o filho de uma viúva
11 Logo depois, Jesus foi com seus discípulos à cidade de Naim, e uma grande multidão o seguiu. 12 Quando ele se aproximou da porta da cidade, estava saindo o enterro do único filho de uma viúva, e uma grande multidão da cidade a acompanhava. 13 Quando o Senhor a viu, sentiu profunda compaixão por ela. “Não chore!”, disse ele. 14 Então foi até o caixão, tocou nele e os carregadores pararam. E disse: “Jovem, eu lhe digo: levante-se!”. 15 O jovem que estava morto se levantou e começou a conversar, e Jesus o devolveu à sua mãe.
16 Grande temor tomou conta da multidão, que louvava a Deus, dizendo: “Um profeta poderoso se levantou entre nós!” e “Hoje Deus visitou seu povo!”. 17 Essa notícia sobre Jesus se espalhou por toda a Judeia e seus arredores.
Jesus e João Batista
18 Os discípulos de João Batista lhe contaram tudo que Jesus estava fazendo. Então João chamou dois de seus discípulos 19 e os enviou ao Senhor, para lhe perguntar: “O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?”.
20 Os dois discípulos de João encontraram Jesus e lhe disseram: “João Batista nos enviou para lhe perguntar: ‘O senhor é aquele que haveria de vir, ou devemos esperar algum outro?’”.
21 Naquela mesma hora, Jesus curou muitas pessoas de suas doenças, enfermidades e espíritos impuros, e restaurou a visão a muitos cegos. 22 Em seguida, disse aos discípulos de João: “Voltem a João e contem a ele o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas-novas são anunciadas aos pobres”. 23 E disse ainda: “Felizes são aqueles que não se sentem ofendidos por minha causa”.
24 Depois que os discípulos de João saíram, Jesus começou a falar a respeito dele para as multidões: “Que tipo de homem vocês foram ver no deserto? Um caniço que qualquer brisa agita? 25 Afinal, o que esperavam ver? Um homem vestido com roupas caras? Não, quem veste roupas caras e vive no luxo mora em palácios. 26 Acaso procuravam um profeta? Sim, ele é mais que profeta. 27 João é o homem ao qual as Escrituras se referem quando dizem:
‘Envio meu mensageiro adiante de ti,
e ele preparará teu caminho à tua frente’.[ab]
28 Eu lhes digo: de todos que nasceram de mulher, nenhum é maior que João Batista. E, no entanto, até o menor no reino de Deus é maior que ele”.
29 Todos que ouviram as palavras de Jesus, até mesmo os cobradores de impostos, concordaram que o caminho de Deus era justo,[ac] pois tinham sido batizados por João. 30 Os fariseus e mestres da lei, no entanto, rejeitaram o propósito de Deus para eles, pois recusaram o batismo de João.
31 “Assim, a que posso comparar o povo desta geração?”, perguntou Jesus. 32 “Como posso descrevê-los? São como crianças que brincam na praça. Queixam-se a seus amigos:
‘Tocamos flauta,
e vocês não dançaram,
entoamos lamentos,
e vocês não choraram’.
33 Quando João Batista apareceu, não costumava comer e beber em público, e vocês disseram: ‘Está possuído por demônio’. 34 O Filho do Homem, por sua vez, come e bebe, e vocês dizem: ‘É comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores’. 35 Mas a sabedoria é comprovada pela vida daqueles que a seguem.”[ad]
Jesus é ungido por uma pecadora
36 Um dos fariseus convidou Jesus para jantar. Jesus foi à casa dele e tomou lugar à mesa. 37 Quando uma mulher daquela cidade, uma pecadora, soube que ele estava jantando ali, trouxe um frasco de alabastro contendo um perfume caro. 38 Em seguida, ajoelhou-se aos pés de Jesus, chorando. As lágrimas caíram sobre os pés dele, e ela os secou com seu cabelo; e continuou a beijá-los e a derramar perfume sobre eles.
39 Quando o fariseu que havia convidado Jesus viu isso, disse consigo: “Se este homem fosse profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele. Ela é uma pecadora!”.
40 Jesus disse ao fariseu: “Simão, tenho algo a lhe dizer”.
“Diga, mestre”, respondeu Simão.
41 Então Jesus lhe contou a seguinte história: “Um homem emprestou dinheiro a duas pessoas: quinhentas moedas de prata[ae] a uma delas e cinquenta à outra. 42 Como nenhum dos devedores conseguiu lhe pagar, ele generosamente perdoou ambos e cancelou suas dívidas. Qual deles o amou mais depois disso?”.
43 Simão respondeu: “Suponho que aquele de quem ele perdoou a dívida maior”.
“Você está certo”, disse Jesus. 44 Então voltou-se para a mulher e disse a Simão: “Veja esta mulher ajoelhada aqui. Quando entrei em sua casa, você não ofereceu água para eu lavar os pés, mas ela os lavou com suas lágrimas e os secou com seus cabelos. 45 Você não me cumprimentou com um beijo, mas, desde a hora em que entrei, ela não parou de beijar meus pés. 46 Você não me ofereceu óleo para ungir minha cabeça, mas ela ungiu meus pés com um perfume raro.
47 “Eu lhe digo: os pecados dela, que são muitos, foram perdoados e, por isso, ela demonstrou muito amor por mim. Mas a pessoa a quem pouco foi perdoado demonstra pouco amor”. 48 Então Jesus disse à mulher: “Seus pecados estão perdoados”.
49 Os homens que estavam à mesa diziam entre si: “Quem é esse que anda por aí perdoando pecados?”.
50 E Jesus disse à mulher: “Sua fé a salvou. Vá em paz”.
Mulheres que seguiam Jesus
8 Pouco tempo depois, Jesus começou a percorrer as cidades e os povoados vizinhos, anunciando as boas-novas a respeito do reino de Deus. Iam com ele os Doze 2 e também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos impuros e enfermidades. Entre elas estavam Maria Madalena, de quem ele havia expulsado sete demônios; 3 Joana, esposa de Cuza, administrador de Herodes; Susana, e muitas outras que contribuíam com seus próprios recursos para o sustento de Jesus e seus discípulos.
A parábola do semeador
4 Certo dia, uma grande multidão, vinda de várias cidades, juntou-se para ouvir Jesus, e ele lhes contou uma parábola: 5 “Um lavrador saiu para semear. Enquanto espalhava as sementes pelo campo, algumas caíram à beira do caminho, onde foram pisadas, e as aves vieram e as comeram. 6 Outras caíram entre as pedras e começaram a crescer, mas as plantas logo murcharam por falta de umidade. 7 Outras sementes caíram entre os espinhos, que cresceram com elas e sufocaram os brotos. 8 Ainda outras caíram em solo fértil e produziram uma colheita cem vezes maior que a quantidade semeada”. Quando ele terminou de dizer isso, declarou: “Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção!”.
9 Seus discípulos lhe perguntaram o que a parábola significava. 10 Ele respondeu: “A vocês é permitido entender os segredos[af] do reino de Deus, mas uso parábolas para ensinar os outros, a fim de que,
‘Quando olharem, não vejam;
quando escutarem, não entendam’.[ag]
11 “Este é o significado da parábola: As sementes são a palavra de Deus. 12 As sementes que caíram à beira do caminho representam os que ouvem a mensagem, mas o diabo vem e a arranca do coração deles e os impede de crer e ser salvos. 13 As sementes no solo rochoso representam os que ouvem a mensagem e a recebem com alegria. Uma vez, porém, que não têm raízes profundas, creem apenas por um tempo e depois desanimam quando enfrentam provações. 14 As que caíram entre os espinhos representam outros que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações, riquezas e prazeres desta vida, de modo que nunca amadurecem. 15 E as que caíram em solo fértil representam os que, com coração bom e receptivo, ouvem a mensagem, a aceitam e, com paciência, produzem uma grande colheita.”
A parábola da lâmpada
16 “Não faz sentido acender uma lâmpada e depois cobri-la com uma vasilha ou escondê-la debaixo da cama. Pelo contrário, ela é colocada num pedestal, de onde sua luz pode ser vista pelos que entram na casa. 17 Da mesma forma, tudo que está escondido será revelado, e tudo que está oculto virá à luz e será conhecido por todos.
18 “Portanto, ouçam com atenção! Pois ao que tem, mais lhe será dado, mas do que não tem, até o que pensa ter lhe será tomado”.
A verdadeira família de Jesus
19 Então a mãe e os irmãos de Jesus foram vê-lo, mas não conseguiram chegar até ele por causa da multidão. 20 Alguém disse a Jesus: “Sua mãe e seus irmãos estão lá fora e querem vê-lo”.
21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam”.
Jesus acalma a tempestade
22 Certo dia, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para o outro lado do mar”. Assim, entraram num barco e partiram. 23 Durante a travessia, Jesus caiu no sono. Logo, porém, veio sobre o mar uma forte tempestade. O barco começou a se encher de água, colocando-os em grande perigo.
24 Os discípulos foram acordá-lo, clamando: “Mestre, Mestre, vamos morrer!”.
Quando Jesus despertou, repreendeu o vento e as ondas violentas. A tempestade parou, e tudo se acalmou. 25 Então ele lhes perguntou: “Onde está a sua fé?”.
Admirados e temerosos, os discípulos diziam entre si: “Quem é este homem? Quando ele ordena, até os ventos e o mar lhe obedecem!”.
Jesus exerce autoridade sobre demônios
26 Então chegaram à região dos gadarenos,[ah] do outro lado do mar da Galileia. 27 Quando Jesus desembarcou, um homem possuído por demônios veio ao seu encontro. Fazia muito tempo que ele não tinha casa nem roupas e vivia num cemitério fora da cidade.
28 Assim que viu Jesus, gritou e caiu diante dele. Então disse em alta voz: “Por que vem me importunar, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico que não me atormente!”. 29 Pois Jesus já havia ordenado que o espírito impuro saísse dele. Esse espírito tinha dominado o homem em várias ocasiões. Mesmo quando era colocado sob guarda, com os pés e as mãos acorrentados, ele quebrava as correntes e, sob controle do demônio, corria para o deserto.
30 Jesus lhe perguntou: “Qual é o seu nome?”.
“Legião”, respondeu ele, pois havia muitos demônios dentro do homem. 31 E imploravam que Jesus não os mandasse para o abismo.[ai]
32 Ali perto, uma grande manada de porcos pastava na encosta de uma colina, e os demônios suplicaram que ele os deixasse entrar nos porcos.
Jesus lhes deu permissão. 33 Os demônios saíram do homem e entraram nos porcos, e toda a manada se atirou pela encosta íngreme para dentro do mar e se afogou.
34 Quando os que cuidavam dos porcos viram isso, fugiram para uma cidade próxima e para seus arredores, espalhando a notícia. 35 O povo correu para ver o que havia ocorrido. Uma multidão se juntou ao redor de Jesus, e eles viram o homem que havia sido liberto dos demônios. Estava sentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e todos tiveram medo. 36 Os que presenciaram os acontecimentos contaram aos demais como o homem possuído por demônios tinha sido curado. 37 Todo o povo da região dos gadarenos suplicou que Jesus fosse embora, pois ficaram muito assustados.
Então ele voltou ao barco e partiu. 38 O homem que tinha sido liberto dos demônios suplicou para ir com ele, mas Jesus o mandou para casa, dizendo: 39 “Volte para sua família e conte a eles tudo que Deus fez por você”. E o homem foi pela cidade inteira, anunciando tudo que Jesus tinha feito por ele.
Jesus cura em resposta à fé
40 Do outro lado do mar, as multidões receberam Jesus com alegria, pois o estavam esperando. 41 Então um homem chamado Jairo, um dos líderes da sinagoga local, veio e se prostrou aos pés de Jesus, suplicando que ele fosse à sua casa. 42 Sua única filha, de cerca de doze anos, estava à beira da morte.
Jesus o acompanhou, cercado pela multidão. 43 Uma mulher no meio do povo sofria havia doze anos de uma hemorragia,[aj] sem encontrar cura. 44 Ela se aproximou por trás de Jesus e tocou na borda de seu manto. No mesmo instante, a hemorragia parou.
45 “Quem tocou em mim?”, perguntou Jesus.
Todos negaram, e Pedro disse: “Mestre, a multidão toda se aperta em volta do senhor”.
46 Jesus, no entanto, disse: “Alguém certamente tocou em mim, pois senti que de mim saiu poder”. 47 Quando a mulher percebeu que não poderia permanecer despercebida, começou a tremer e caiu de joelhos diante dele. Todos a ouviram explicar por que havia tocado nele e como havia sido curada de imediato. 48 Então ele disse: “Filha, sua fé a curou. Vá em paz”.
49 Enquanto Jesus ainda falava com a mulher, chegou um mensageiro da casa de Jairo, o líder da sinagoga, a quem disse: “Sua filha morreu. Não incomode mais o mestre”.
50 Ao ouvir isso, Jesus disse a Jairo: “Não tenha medo. Apenas creia, e ela será curada”.
51 Quando chegaram à casa de Jairo, Jesus não deixou que ninguém o acompanhasse, exceto Pedro, João, Tiago e o pai e a mãe da menina. 52 A casa estava cheia de gente chorando e se lamentando, mas ele disse: “Parem de chorar! Ela não está morta; está apenas dormindo”.
53 A multidão riu dele, pois todos sabiam que ela havia morrido. 54 Então Jesus a tomou pela mão e disse em voz alta: “Menina, levante-se!”. 55 Naquele momento, ela voltou à vida[ak] e levantou-se de imediato. Então Jesus ordenou que dessem alguma coisa para ela comer. 56 Os pais dela ficaram maravilhados, mas Jesus insistiu que não contassem a ninguém o que havia acontecido.
Jesus envia os doze apóstolos
9 Jesus reuniu os Doze[al] e lhes deu poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar enfermidades. 2 Depois, enviou-os para anunciar o reino de Deus e curar os enfermos. 3 Ele os instruiu, dizendo: “Não levem coisa alguma em sua jornada. Não levem cajado, nem bolsa de viagem, nem comida, nem dinheiro,[am] nem mesmo uma muda de roupa extra. 4 Aonde quer que forem, hospedem-se na mesma casa até partirem da cidade. 5 E, se uma cidade se recusar a recebê-los, sacudam a poeira dos pés ao saírem, em sinal de reprovação”.
6 Então começaram a percorrer os povoados, anunciando as boas-novas e curando os enfermos.
A perplexidade de Herodes
7 Quando Herodes Antipas[an] ouviu falar de tudo que Jesus fazia, ficou perplexo, pois alguns diziam que João Batista havia ressuscitado dos mortos. 8 Outros acreditavam que Jesus era Elias, ou um dos antigos profetas que tinha voltado à vida.
9 “Eu decapitei João”, dizia Herodes. “Então quem é o homem sobre quem ouço essas histórias?” E procurava ver Jesus.
A primeira multiplicação dos pães
10 Quando os apóstolos voltaram, contaram a Jesus tudo que tinham feito. Em seguida, Jesus se retirou para a cidade de Betsaida, a fim de estar a sós com eles. 11 As multidões descobriram seu paradeiro e o seguiram. Ele as recebeu, ensinou-lhes a respeito do reino de Deus e curou os que estavam enfermos.
12 No fim da tarde, os Doze se aproximaram e lhe disseram: “Mande as multidões aos povoados e campos vizinhos, para que encontrem comida e abrigo para passar a noite, pois estamos num lugar isolado”.
13 Jesus, porém, disse: “Providenciem vocês mesmos alimento para eles”.
“Temos apenas cinco pães e dois peixes”, responderam. “Ou o senhor espera que compremos comida para todo esse povo?” 14 Havia ali cerca de cinco mil homens.
Jesus respondeu: “Digam a eles que se sentem em grupos de cinquenta”. 15 Os discípulos seguiram sua instrução, e todos se sentaram. 16 Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, olhou para o céu e os abençoou. Então, partiu-os em pedaços e os entregou aos discípulos para que distribuíssem ao povo. 17 Todos comeram à vontade, e os discípulos encheram ainda doze cestos com as sobras.
Pedro declara sua fé
18 Certo dia, Jesus orava em particular, acompanhado apenas dos discípulos. Ele lhes perguntou: “Quem as multidões dizem que eu sou?”.
19 Os discípulos responderam: “Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros ainda, que é um dos profetas antigos que ressuscitou”.
20 “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?”
Pedro respondeu: “O senhor é o Cristo enviado por Deus!”.
Jesus prediz sua morte
21 Jesus advertiu severamente seus discípulos de que não dissessem a ninguém quem ele era. 22 “É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas”, disse. “Ele será rejeitado pelos líderes do povo, pelos principais sacerdotes e pelos mestres da lei. Será morto, mas no terceiro dia ressuscitará.”
Ensino sobre discipulado
23 Disse ele à multidão: “Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome diariamente sua cruz e siga-me. 24 Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa, a salvará. 25 Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder ou destruir a própria vida? 26 Se alguém se envergonhar de mim e de minha mensagem, o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier em sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos. 27 Eu lhes digo a verdade: alguns que aqui estão não morrerão antes de ver o reino de Deus!”.
A transfiguração
28 Cerca de oito dias depois, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago a um monte para orar. 29 Enquanto ele orava, a aparência de seu rosto foi transformada, e suas roupas se tornaram brancas e resplandecentes. 30 De repente, Moisés e Elias apareceram e começaram a falar com Jesus. 31 Tinham um aspecto glorioso e falavam sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém.
32 Pedro e os outros lutavam contra o sono, mas acabaram despertando e viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. 33 Quando Moisés e Elias iam se retirando, Pedro, sem saber o que dizia, falou: “Mestre, é maravilhoso estarmos aqui! Vamos fazer três tendas: uma será sua, uma de Moisés e outra de Elias”. 34 Enquanto ele ainda falava, uma nuvem surgiu e os envolveu, enchendo-os de medo.
35 Então uma voz que vinha da nuvem disse: “Este é meu Filho, meu Escolhido.[ao] Ouçam-no!”. 36 Quando a voz silenciou, só Jesus estava ali. Naquela ocasião, os discípulos não contaram a ninguém o que tinham visto.
Jesus cura um menino possuído por demônio
37 No dia seguinte, quando desceram do monte, uma grande multidão veio ao encontro de Jesus. 38 Um homem na multidão gritou: “Mestre, suplico-lhe que veja meu filho, o único que tenho! 39 Um espírito impuro se apodera dele e o faz gritar. Lança-o em convulsões e o faz espumar pela boca. Sacode-o violentamente e quase nunca o deixa em paz. 40 Supliquei a seus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram”.
41 Jesus disse: “Geração incrédula e corrompida! Até quando estarei com vocês e terei de suportá-los?”. Então disse ao homem: “Traga-me seu filho”.
42 Quando o menino se aproximou, o demônio o derrubou no chão, numa convulsão violenta. Jesus, porém, repreendeu o espírito impuro, curou o menino e o devolveu ao pai. 43 Todos se espantaram com a grandiosidade do poder de Deus.
Jesus prediz sua morte pela segunda vez
Enquanto todos se maravilhavam com seus feitos, Jesus disse aos discípulos: 44 “Ouçam-me e lembrem-se do que lhes digo: o Filho do Homem será traído e entregue em mãos humanas”. 45 Eles, porém, não entendiam essas coisas. O significado estava escondido deles, de modo que não eram capazes de compreender e tinham medo de perguntar.
O maior no reino
46 Os discípulos começaram a discutir sobre qual deles seria o maior. 47 Jesus, conhecendo seus pensamentos, trouxe para junto de si uma criança pequena 48 e disse: “Quem recebe uma criança como esta em meu nome recebe a mim, e quem me recebe também recebe aquele que me enviou. Portanto, o menor entre vocês será o maior”.
O uso do nome de Jesus
49 João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém usar seu nome para expulsar demônios; nós o proibimos, pois ele não era do nosso grupo”.
50 “Não o proíbam!”, disse Jesus. “Quem não é contra vocês é a favor de vocês.”
A oposição dos samaritanos
51 Como se aproximava o tempo de ser elevado ao céu, Jesus partiu com determinação para Jerusalém. 52 Enviou mensageiros adiante até um povoado samaritano, a fim de fazerem os preparativos para sua chegada. 53 Contudo, os habitantes do povoado não receberam Jesus, porque parecia evidente que ele estava a caminho de Jerusalém. 54 Percebendo isso, Tiago e João disseram a Jesus: “Senhor, quer que mandemos cair fogo do céu para consumi-los?”.[ap] 55 Jesus, porém, se voltou para eles e os repreendeu.[aq] 56 E seguiram para outro povoado.
O preço de seguir Jesus
57 Quando andavam pelo caminho, alguém disse a Jesus: “Eu o seguirei aonde quer que vá”.
58 Jesus respondeu: “As raposas têm tocas onde morar e as aves têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem sequer um lugar para recostar a cabeça”.
59 E a outra pessoa ele disse: “Siga-me”.
O homem, porém, respondeu: “Senhor, deixe-me primeiro sepultar meu pai”.
60 Jesus respondeu: “Deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos. Você, porém, deve ir e anunciar o reino de Deus”.
61 Outro, ainda, disse: “Senhor, eu o seguirei, mas deixe que antes me despeça de minha família”.
62 Mas Jesus lhe disse: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o reino de Deus”.
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