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Bible in 90 Days

An intensive Bible reading plan that walks through the entire Bible in 90 days.
Duration: 88 days
O Livro (OL)
Version
1 Coríntios 15:1 - Gálatas 3:25

A ressurreição de Cristo

15 Agora, irmãos, permitam-me que vos lembre o evangelho que vos preguei desde o princípio, que aceitaram e no qual permanecem! São essas boas novas que vos salvam, se nelas crerem firmemente. Doutra maneira, terão crido em vão.

Eu transmiti-vos no princípio o que era mais importante e que também me foi transmitido: que Cristo morreu pelos nossos pecados, conforme as Escrituras, foi sepultado e três dias depois ressuscitou dos mortos, conforme as Escrituras. Foi visto por Pedro e mais tarde pelo resto dos Doze. Depois disso foi visto também por mais de quinhentos irmãos numa ocasião, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham morrido. Depois foi Tiago quem o viu e mais tarde todos os apóstolos. Por último, também apareceu-me a mim, muito depois de aos outros; é como se eu tivesse nascido fora do tempo. Porque eu sou o menos merecedor de todos os apóstolos, e nem deveria ser digno de ser considerado apóstolo pela maneira como tratei a igreja de Deus.

10 Mas o que agora sou devo-o à grande bondade de Deus e à sua graça sobre mim, o que não deixou de dar resultado. Porque tenho trabalhado mais duramente que todos os apóstolos, embora não seja efetivamente eu quem o faz, mas Deus que opera na minha vida pela sua graça. 11 Nem interessa se sou eu ou eles quem tem pregado; o mais importante é que vos anunciámos as boas novas e vocês creram.

A ressurreição dos mortos

12 Mas se pregamos que Cristo ressuscitou da morte, porque é que alguns de vocês andam a dizer que não há ressurreição dos mortos? 13 Porque se não há ressurreição dos mortos, então Cristo ainda deve estar morto. 14 E se ele ainda está morto, então toda a nossa pregação é inútil e a vossa fé em Deus é em vão. 15 E nós, os apóstolos, seremos todos mentirosos, porque dissemos que Deus ressuscitou a Cristo, e isso não seria verdade, se os mortos não tornassem à vida. 16 Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou. 17 E se Cristo não ressuscitou então a vossa fé é inútil e vocês ainda estão sob a condenação por causa dos vossos pecados. 18 Nesse caso, todos quantos morreram crendo em Cristo estão perdidos! 19 E se a nossa esperança em Cristo é unicamente para esta vida nós somos as pessoas mais miseráveis no mundo.

20 Mas o facto é que Cristo ressuscitou mesmo dentre os mortos e se tornou o primeiro entre os milhões que um dia voltarão a viver!

21 Tal como a morte apareceu neste mundo por causa daquilo que um homem fez, assim também é por causa do que um outro Homem realizou que agora há a possibilidade da ressurreição. 22 Cada um de nós morre porque pertence à descendência pecadora de Adão. Mas todos os que estão ligados a Cristo voltarão de novo à vida. 23 Contudo, cada um na sua ordem: Cristo foi o primeiro a ressuscitar; depois, quando ele voltar, todo o seu povo tornará a viver.

24 Então virá o fim, quando Cristo entregará o reino a Deus, o Pai, tendo derrubado todos os domínios, autoridades e poderes. 25 Porque Cristo reinará até que tenha derrotado todos os seus inimigos, 26 incluindo o último, que será a morte. 27 Porque ele pôs tudo sob os seus pés. Com efeito, ao dizer que tudo está posto sob os seus pés, é óbvio que isso exclui aquele que lhe sujeitou esse tudo, isto é, o seu próprio Pai. 28 Quando Cristo tiver finalmente ganho a batalha contra os seus inimigos, então ele, o Filho de Deus, colocar-se-á também a si próprio sob a autoridade do Pai, para que Deus, que lhe deu a vitória sobre tudo, seja absolutamente supremo.

29 Se os mortos não voltarem a viver, que razão haveria para aquilo que certas pessoas fazem, batizando-se em lugar de outros que já partiram? Porquê tudo isso, se não se crê que os mortos ressuscitarão?

30 E porque haveremos nós próprios de arriscar constantemente as nossas vidas, enfrentado a morte hora a hora? 31 Porque é um facto que eu enfrento diariamente a morte; mas se isso é verdade, também não é menor a minha satisfação no vosso crescimento no Senhor. 32 E que valor teria eu ter lutado com feras, em Éfeso, se não houver ressurreição dos mortos? Se não tornamos a viver: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos!”[a] 33 Não se deixem enganar pelos que dizem tais coisas. As más companhias corrompem os bons costumes. 34 Despertem e parem de pecar! Porque para vossa vergonha o digo: alguns de vocês ainda não conheceram realmente a Deus.

O novo corpo ressurrecto

35 Mas alguém poderá perguntar: “Como é que os mortos vão ressuscitar? Que espécie de corpo terão?” 36 Não é uma pergunta sensata. Quando se enterra uma semente, ela não se transforma em planta enquanto não morrer primeiro. 37 Porque o que se semeia não é a planta, mas apenas um pequeno grão de trigo ou de outra planta qualquer. 38 E então Deus dá-lhe um corpo da espécie que destinou; cada espécie de semente dará naturalmente uma diferente espécie de planta. 39 Assim como há diferentes espécies de sementes e plantas, assim também há diferentes espécies de corpos. O homem tem uma espécie de corpo, os animais outra, as aves outra e os peixes outra.

40 Há corpos no céu e há corpos na Terra. A glória dos corpos celestiais é diferente da beleza dos corpos terrenos. 41 O Sol, a Lua e as estrelas, cada um tem o seu próprio esplendor. E até as estrelas diferem em brilho e em grandeza entre si.

42 Da mesma forma, os nossos corpos humanos, que hão de morrer e desaparecer, são diferentes dos corpos que teremos quando ressuscitarmos, pois estes não morrerão. 43 Os corpos que agora temos acabam na corrupção da morte; mas quando ressuscitarmos serão corpos gloriosos. É verdade, sim, que agora são corpos mortais, mas quando voltarmos à vida serão corpos cheios de energia. 44 Ao morrerem não passam de meros corpos humanos, mas na ressurreição serão corpos espirituais. Porque assim como há corpos de natureza humana, também há corpos espirituais.

45 As Escrituras dizem-nos que o primeiro homem, Adão, se tornou um ser vivo, mas o último Adão, isto é, Cristo, é um Espírito que dá vida. 46 Temos primeiramente estes corpos humanos, mas depois Deus dar-nos-á corpos celestiais. 47 Adão foi feito da terra, mas Cristo veio do céu. 48 Todo o ser humano tem um corpo como o de Adão, feito da terra, mas os que são de Cristo terão como ele um corpo celestial. 49 E se agora cada um de nós ainda tem um corpo como o de Adão, um dia viremos a ter um corpo semelhante ao de Cristo.

50 Uma coisa vos garanto, irmãos: é que um corpo terreno, feito de carne e sangue, não pode entrar no reino de Deus. Estes nossos corpos mortais não têm uma natureza que lhes permita viver para sempre.

51 Mas posso revelar-vos um mistério: é que nem todos morreremos; contudo, todos receberemos novos corpos! 52 E tudo acontecerá num abrir e fechar de olhos, quando a última trombeta soar. Porque haverá no céu um toque de trombeta e todos os cristãos que já morreram tornarão à vida com novos corpos que nunca mais hão de morrer. Então nós, os que estivermos vivos ainda, seremos igualmente revestidos de novos corpos. 53 Pois os nossos corpos terrenos, sujeitos à morte, serão transformados em corpos celestiais que não podem morrer, mas que viverão para sempre.

54 Quando isto acontecer (quando os nossos perecíveis corpos terrenos forem transformados em corpos celestiais que nunca morrerão), então se cumprirá o que diz a Escritura:

“A morte foi tragada na vitória.”[b]
55 “Onde está pois, ó morte, a tua vitória?
Onde está o teu aguilhão?”[c]

56 Porque o aguilhão da morte reside no pecado e o poder do pecado está na Lei. 57 Como estamos gratos a Deus por tudo isso! Foi ele quem nos tornou vitoriosos por meio de Jesus Cristo nosso Senhor!

58 Assim, meus queridos irmãos, sejam firmes e constantes, trabalhando com entusiasmo na obra do Senhor, pois sabem que nada do que fizerem para Deus será em vão.

A coleta para o povo de Deus

16 E agora eis as instruções com respeito à coleta de dinheiro que estão a fazer para enviar aos crentes em Jerusalém. Aliás, são as mesmas instruções que dei às igrejas da Galácia. Todos os domingos, cada um ponha de parte uma quantia daquilo que ganhou durante a semana, destinada a esta oferta. Não esperem que eu chegue, para fazer a coleta de uma só vez. Então, quando eu aí estiver, enviarei essa vossa oferta de amor fraternal a Jerusalém, acompanhada de uma carta, por intermédio de pessoas escolhidas por vocês. E se for conveniente que eu vá também, poderemos fazer juntos, eles e eu, essa viagem.

Pedidos pessoais

A minha ida ocorrerá depois de ter passado primeiro na Macedónia. Possivelmente será convosco que estarei mais tempo, talvez até todo o inverno, e então poderão deixar-me partir para o destino seguinte. Na verdade, desta vez não quero fazer-vos apenas uma visita de passagem; desta vez hei de ficar uma temporada, se Deus o permitir. No entanto, ficarei aqui em Éfeso até à celebração do Pentecostes. Porque existe uma porta bem aberta para fazer um grande trabalho aqui e muitas pessoas estão a corresponder, o que não impede que haja muitos inimigos.

10 Se Timóteo aí for, recebam-no o melhor que puderem, porque tem trabalhado na obra do Senhor tal como eu. 11 Que ninguém tenha menos consideração por ele, mas que regresse feliz. Fico à sua espera e dos outros que o acompanham.

12 Pedi também a Apolo que vos visitasse na companhia de outros irmãos, mas achou que não devia fazê-lo agora; irá visitar-vos mais tarde, quando tiver uma oportunidade.

13 Mantenham-se vigilantes; permaneçam fiéis ao Senhor; sejam firmes e corajosos; que a vossa vida espiritual seja forte e enérgica. 14 E tudo o que fizerem que seja com bondade e amor.

15 Como sabem, Estéfanas e a sua família foram os primeiros a tornarem-se cristãos na Acaia, consagrando as suas vidas ao serviço dos filhos de Deus. 16 Sigam as suas diretivas e as de todos os outros que trabalham no vosso meio com verdadeira dedicação. 17 Estou muito contente por Estéfanas, Fortunato e Acaico nos terem vindo visitar. Fizeram por mim o que vocês não puderam em virtude de estarem longe. 18 Serviram-me de maravilhoso estímulo e estou certo de que também o foram para vocês. Espero que apreciem, no seu justo valor, o trabalho de homens como estes.

Saudações finais

19 Aqui, da província da Ásia, as igrejas enviam-vos as suas melhores saudações. Áquila e Priscila mandam-vos toda a sua afeição, assim como os que se reúnem na sua casa para o culto. 20 Todos os crentes daqui vos enviam recomendações. E vocês mesmos saúdem-se com um beijo fraterno.

21 E agora sou eu mesmo, Paulo, a escrever com a minha própria mão.

22 Se alguém não ama o Senhor que seja objeto do seu julgamento. O Senhor Jesus vem!

23 Que a graça do Senhor Jesus Cristo seja convosco!

24 Envio-vos toda a minha afeição, na comunhão de todos os que pertencem a Cristo Jesus. Que assim seja!

Esta carta é enviada por mim, Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus, e também pelo irmão Timóteo, à igreja de Deus em Corinto e a todos os santos na Acaia.

Que Deus, nosso Pai, e o Senhor Jesus Cristo vos deem a sua graça e a sua paz.

O Deus de todo o conforto

Louvado seja o nosso Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, a fonte de toda a misericórdia e consolo! É ele quem nos consola nas nossas tribulações, e isto para que também possamos ajudar outros que estejam aflitos, com a mesma ajuda e conforto que Deus nos concedeu. Podem ter a certeza de que quanto mais sofrermos por causa de Cristo, tanto mais ele mostrará o seu consolo para connosco através de Cristo.

Tem sido através de tribulações que vos temos levado o consolo e a salvação de Deus. Mas no meio dessas provações Deus nos consolou, o que reverteu em vosso benefício, pois pudemos mostrar-vos pela nossa experiência pessoal a maneira como Deus ajuda todos os que passam pelos mesmos sofrimentos. Ele vos dará, pois, a força para suportá-los igualmente.

Penso que é justo, queridos irmãos, que estejam ao corrente de todas as lutas que temos atravessado na província da Ásia. Fomos extremamente maltratados; receámos mesmo não conseguir sobreviver. Era como se nos sentíssemos já condenados a morrer, dando-nos bem conta da pouca confiança que mereciam as nossas próprias forças. E isso levou-nos a pôr tudo nas mãos de Deus, o único que pode ressuscitar os mortos. 10 E com efeito ele livrou-nos de morte terrível, e esperamos que assim nos livrará no futuro. 11 Mas vocês também podem ajudar-nos com as vossas orações. E muitos louvores serão dados a Deus, em resultado das respostas às muitas orações pela nossa segurança!

Mudança nos planos por Paulo

12 Estamos muito satisfeitos porque a nossa consciência nos é testemunha de que temos sido puros e sinceros, dependendo em absoluto da graça do Senhor para nos ajudar, e não das nossas capacidades. E isso é verdade especialmente em relação a vocês. 13 Nas minhas cartas tenho sido direto; não há nada escrito nas entrelinhas e nada que não possam entender. Tenho esperança de que um dia hão de compreender-nos perfeitamente, 14 apesar de agora ainda não acontecer. Então, no dia em que o Senhor Jesus voltar, terão orgulho de nós da mesma maneira que nós teremos orgulho de vocês.

15-16 Foi confiando na vossa compreensão que cheguei a fazer planos para ir visitar-vos na minha viagem para a Macedónia, assim como também no meu regresso, para que dessa forma tivessem uma bênção duplicada, e depois com a vossa ajuda preparasse a minha deslocação à Judeia.

17 Então porque mudei de ideias, poderão perguntar? Terá sido por leviandade ou porque agi com um espírito mundano, dizendo sim, estando a pensar que era não? De forma alguma! 18 Tão certo como Deus ser verdadeiro, quando digo sim, quero mesmo dizer sim. 19 Timóteo, Silas e eu vos temos falado de Jesus Cristo, o Filho de Deus que quando diz “sim” não quer dizer “não”. 20 Pelo contrário, o seu “sim” é absoluto, pois é a verdade. Ele cumpre todas as suas promessas, porquanto é fiel. E com isto damos glória ao seu nome. Amém! 21 Foi este Deus quem nos fez em Cristo e nos ungiu. 22 Ele gravou em nós a sua marca de garantia, o seu sinal de propriedade, que é o seu Santo Espírito.

23 E Deus sabe que é verdade quando afirmo que se ainda não fui visitar-vos é porque tenho querido poupar-vos a severas repreensões. 24 Não é que tenhamos domínio sobre a vossa fé que, aliás, já é bastante forte. No fundo, o que queremos é contribuir para a vossa alegria.

Contudo, disse para mim mesmo que não iria fazer-vos uma nova visita em que tivesse de vos entristecer. E se eu vos deixar tristes, quem me fará a mim feliz, senão aqueles a quem entristeci? Foi por essa razão que vos escrevi daquela maneira na minha última carta, para que possam pôr as coisas em ordem, antes que eu chegue. Assim não serei entristecido justamente por aqueles que deveriam ser os primeiros a dar-me grande satisfação. Sinto a vossa felicidade tão ligada à minha que estou certo que só poderão sentir-se felizes se for ter convosco com alegria. Podem crer que me foi extremamente penoso escrever-vos aquela carta! Foi com o coração apertado que o fiz, e cheguei a chorar. Não queria ferir-vos; queria que sentissem a profunda afeição que vos tenho.

Perdão para o pecador confirmado

Lembrem-se que o homem que causou aquela perturbação não foi tanto a mim que afligiu, mas sobretudo a vocês todos. Aliás, ele já foi bastante castigado com a reprovação unânime. É pois agora o momento de perdoá-lo e de lhe mostrar simpatia. Pois de contrário a amargura e o desânimo podem até impedi-lo de se reabilitar. Por isso, peço-vos que lhe testemunhem o vosso amor.

Se vos escrevi daquela maneira foi também para verificar até que ponto iria a vossa obediência. 10 Quando perdoaram aquele homem, eu perdoei-o também. E quando lhe perdoei tudo que havia para perdoar, fi-lo com a autoridade de Cristo para vosso bem, 11 e para que Satanás não tome vantagem de tal situação, pois não ignoramos os seus processos.

Ministros da nova aliança

12 Pois bem, quando cheguei à cidade de Tróade, o Senhor deparou-me esplêndidas oportunidades de pregar o evangelho. 13 Mas o irmão Tito não estava ali, como combinado, e eu não podia descansar sem saber dele. Por isso, despedi-me dos crentes e parti para a Macedónia.

14 Graças a Deus, porque seguimos a carreira triunfal de Cristo e, seja por onde for que passemos, se espalha o perfume do conhecimento dele, por intermédio do nosso testemunho. 15 E para Deus sobe, das nossas vidas, o saudável perfume da presença de Cristo em nós, que é notado por todos, tanto pelos salvos como pelos inconvertidos. 16 Para estes últimos é um cheiro de morte, da condenação de Deus; mas para os outros esse cheiro é um perfume que lembra a vida. E quem afinal é competente para uma tarefa como esta? 17 Nós não somos como negociantes, e há muitos por aí que pregam para ganhar dinheiro. Nós pregamos a mensagem de Deus com sinceridade e com a autoridade que Cristo nos dá, pois sabemos que Deus nos observa.

Mas será que com isto começamos outra vez a louvar-nos a nós mesmos? Precisamos, como outros fazem, de trazer cartas de recomendação para convosco ou que nos recomendem da vossa parte? Porque a única carta de que precisamos são vocês mesmos, que são como uma carta que toda a gente pode conhecer e ler, escrita nos nossos corações. É evidente que vocês são uma carta de Cristo que nos foi confiada. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo. Não uma carta gravada em pedras, mas em corações humanos.

Se ousamos dizer estas coisas sobre nós mesmos é pela grande confiança que temos em Deus através de Jesus Cristo. Não porque pensamos que podemos fazer alguma coisa por nós próprios. O único poder que possuímos vem de Deus. Foi ele quem nos tornou aptos para estar ao serviço do seu plano da nova aliança. E essa nossa mensagem não se baseia num código de leis a que se deva obedecer ou morrer; a mensagem que anunciamos é que existe uma vida nova através do Espírito Santo.

A glória da nova aliança

Aquele velho sistema da Lei, gravado em pedras e que não podia senão conduzir à morte, teve início com uma grande manifestação de esplendor, que se revelou até no brilho do rosto de Moisés, e que era tanto que o povo nem podia olhar para ele. E contudo esse brilho era apenas passageiro. Não devemos nós, portanto, esperar uma manifestação de glória muito maior no tempo atual em que o Espírito Santo nos comunica a vida divina? Se a antiga aliança que traz a condenação era gloriosa, muito mais gloriosa é a aliança que torna os homens justos perante Deus. 10 Com efeito, aquela primeira glória, que se manifestou no brilho do rosto de Moisés, não é nada em comparação com a deslumbrante glória do novo plano de Deus. 11 E se o velho sistema, que se tornou inútil, porque fora destinado a ser transitório, estava cheio de glória celestial, a glória da nova ordem divina para a nossa salvação é certamente muito maior, porque essa sim é eterna.

12 E já que sabemos que esta nova glória nunca acabará, é com muito mais ousadia que pregamos. 13 Não somos como Moisés que colocou um véu sobre a sua face, porque os israelitas não podiam suportar o brilho daquela glória, que era afinal transitória. 14 E não era só a face de Moisés que estava encoberta, mas as próprias mentes do povo estavam como que vendadas e obscurecidas. E ainda hoje a mente dos judeus está encoberta por um véu, pois não podem compreender o sentido real das Escrituras da antiga aliança que lhes são lidas. Esse véu só lhes é tirado ao crerem em Cristo. 15 É verdade que ainda hoje, quando leem os escritos de Moisés, os seus corações permanecem obscurecidos.

16 Mas no momento em que se voltarem para o Senhor, então esse véu sobre os seus corações cairá. 17 O Senhor é o Espírito, e onde ele estiver reina a liberdade. 18 E nós cristãos, sem véu de espécie alguma sobre os nossos rostos, somos como espelhos que refletem a glória de Deus. E vamo-nos tornando cada vez mais semelhantes à imagem do Senhor, a qual refletimos também cada vez mais fielmente.

Tesouros em recipientes frágeis

Foi Deus mesmo quem, na sua misericórdia, nos deu a missão de anunciar as boas novas e é por isso que nunca desanimamos. Rejeitamos tudo o que seja processos dissimulados e vergonhosos; também não tentamos alterar o sentido da palavra de Deus. Antes expomos toda a verdade, na presença de Deus, de tal forma que ninguém de consciência honesta poderá ter alguma coisa a dizer de nós.

Se o evangelho que pregamos é ainda coisa velada e obscura, certamente que o é para os que se encontram no caminho da perdição, pois que o recusam. Satanás, que é o deus deste mundo, foi quem os cegou, quem os tornou incapazes de verem a luz gloriosa das boas novas e de compreender a maravilhosa mensagem da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não andamos a fazer propaganda de nós próprios, antes anunciamos Cristo Jesus como Senhor. Nós somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que mandou a luz resplandecer nas trevas, foi quem iluminou os nossos corações, a fim de conhecermos a glória divina que resplandece na face de Jesus Cristo.

E este precioso tesouro está contido como que num recipiente de barro, ou seja, os nossos corpos fracos. E assim toda a gente pode ver que esse maravilhoso poder é mesmo de Deus, não vem de nós.

Somos atribulados de toda a maneira, mas não definitivamente esmagados; perplexos mas não desanimados. Somos perseguidos, mas não desamparados por Deus. Somos derrubados, mas levantamo-nos e prosseguimos. 10 Tal como o Senhor Jesus, o nosso corpo enfrenta constantemente a morte, a fim de que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos.

11 Sim, vivemos em constante perigo de vida por servirmos o Senhor, mas isso dá-nos constantes oportunidades da vida de Jesus Cristo se manifestar nos nossos corpos mortais. 12 É certo que enfrentamos a morte, mas daí resulta que a vida eterna vos é oferecida.

13 Estamos animados do mesmo espírito de fé que o Salmista, que dizia: “Acreditei e por isso falei.”[d] Nós também cremos, por isso falamos. 14 Sabemos que o mesmo Deus que ressuscitou o Senhor Jesus nos conduzirá também à vida junto de Jesus, e nos fará comparecer convosco na sua presença. 15 Assim, tudo aquilo por que passamos contribui para o vosso bem. E quantos forem ganhos pela graça de Cristo, tantos mais serão aqueles que lhe darão graças pela sua bondade, e tanto mais será Deus glorificado.

16 Por isso, nunca desanimamos. E ainda que o nosso corpo fisicamente envelheça, interiormente, contudo, renova-se com novas forças, dia após dia. 17 Estas tribulações por que passamos, afinal relativamente leves e passageiras, resultam numa abundância de glória de Deus, agora e aqui, e para toda a eternidade. 18 E assim não nos prendemos com as coisas do tempo em que vivemos, mas procuramos fixarmo-nos naquelas que ainda não vemos. Porque as coisas desta vida passarão um dia, mas as realidades de Deus permanecem eternamente.

A nossa habitação celestial

Sabemos bem que quando o nosso corpo, que é como que uma tenda onde vivemos, se desfizer, teremos no céu uma nova habitação e um corpo eterno, habitação essa preparada por Deus e não por homens. E é por isso que esperamos com ansiedade pelo dia em que seremos revestidos de corpos celestiais. Porque não seremos apenas espírito sem corpo. Com efeito, enquanto vivemos neste corpo terreno sentimo-nos oprimidos e carregados. Até gostaríamos de, sem ter que despir este revestimento atual que é o nosso corpo, passar a viver na nova habitação, de forma que o que é mortal fosse como que absorvido pela vida eterna. Foi Deus quem nos preparou um tal destino, dando-nos como garantia o seu Espírito Santo.

E assim estamos sempre de bom ânimo, embora sabendo que o tempo que passamos neste corpo material é tempo que deixamos de passar com o Senhor no céu. Estes sentimentos são o resultado de vivermos pela fé e não daquilo que vemos à nossa volta. E é com confiança que desejamos deixar este corpo e com satisfação enfrentamos a expectativa de habitar, enfim, com o Senhor. Por isso, o nosso alvo é agradar-lhe sempre, quer vivamos aqui neste corpo, quer tenhamos que o deixar para estar com Deus no céu. 10 Pois todos devemos comparecer diante do tribunal de Cristo; e aí cada um receberá segundo o que tiver feito de bem ou mal, enquanto viveu no corpo.

O ministério de reconciliação

11 Conscientes assim do temor solene que é devido ao Senhor, procuramos persuadir as pessoas. E Deus bem conhece os nossos corações; vocês também sabem qual a pureza das nossas intenções. 12 Não é que estejamos novamente a elogiarmo-nos a nós próprios; estamos apenas a dar-vos razões para estarem satisfeitos com as nossas vidas, e também para poderem responder aos que se apoiam mais em vantagens meramente exteriores do que numa vida interior consequente e verdadeira perante Deus. 13 Estaremos a dizer disparates? Se for assim, é para que Deus seja servido. E se estamos corretos no nosso entendimento, vocês são quem mais beneficiará. 14 O que quer que façamos ou sejamos é o resultado do amor de Cristo, que nos pressiona, levando-nos a concluir que se Cristo morreu por todos nós, logo todos morremos com ele. 15 E se ele morreu por todos é para que todos os que agora vivem não vivam mais para si mesmos, mas para Cristo que por eles morreu e ressuscitou.

16 Por isso, agora não avaliamos mais as pessoas por aquilo que possam parecer do ponto de vista humano. Antigamente, eu pensava em Cristo como um simples ser humano. Mas agora já não é dessa forma que o conheço! 17 Se alguém está ligado a Cristo transforma-se numa nova criatura; as coisas antigas passaram; tudo nele se fez novo!

18 Tudo isso é obra de Deus que nos reconciliou consigo mesmo, através daquilo que Cristo fez por nós, e nos confiou a missão de anunciar essa mesma reconciliação. 19 Porque Deus estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo mesmo, não mais considerando os pecados dos homens como razão de acusação contra eles. Eis pois a mensagem que pregamos. 20 Somos então como embaixadores de Cristo. E é como se Deus por nosso meio lançasse um apelo aos homens. Nós vos suplicamos então, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus! 21 Deus carregou todo o nosso pecado sobre Cristo, que estava isento de qualquer pecado, para que nele fôssemos revestidos da justiça de Deus.

Nós, cooperando portanto com Deus, vos exortamos a que não deixem que a sua graça vos seja anunciada em vão. Porque ele diz pela boca do profeta Isaías:

“Ouvi-te, em tempo oportuno,
e socorri-te no dia da salvação.”[e]

Pois agora é esse tempo oportuno, é agora o dia da salvação.

As dificuldades de Paulo

Assim sendo, procuramos viver de maneira que nunca ninguém se sinta chocado por causa da nossa conduta, de forma que a nossa atividade para Deus nunca venha a ser censurada. De facto, em tudo o que fazemos procuramos mostrar que somos servos de Deus, suportando tudo com muita paciência: as aflições, as necessidades, os sofrimentos. Fomos já açoitados, postos na prisão, enfrentámos multidões furiosas, sabemos o que é o trabalho esgotante, noites sem dormir, fome. Demonstrámos integridade nas nossas vidas, mostrámos conhecimento e demos provas de paciência. Temos sido bondosos, com uma afeição verdadeira inspirada pelo Espírito Santo. Proclamámos a palavra da verdade e o poder de Deus se tem manifestado; temos combatido com as armas ofensivas e defensivas da justiça. Permanecemos leais ao Senhor, quer os outros nos honrem ou nos desprezem, quer nos censurem ou nos elogiem. Somos verdadeiros, embora nos tratem como impostores. O mundo ignora-nos, mas Deus conhece-nos. Dizem que não poderemos continuar a viver por muito tempo, e eis que continuamos vivendo. É verdade que temos sido bastante maltratados, mas não morremos. 10 Temos sido entristecidos, mas nunca perdemos a alegria do Senhor. Somos pobres, mas enriquecemos os outros espiritualmente. Nada nos pertence, mas temos tudo.

11 Ó queridos coríntios, falámos agora convosco com toda a franqueza; abrimos o nosso coração. 12 E se, da vossa parte, os vossos sentimentos não correspondem aos nossos será certamente por culpa vossa. 13 Falo-vos como a verdadeiros filhos: abram-nos igualmente os corações.

Associações com incrédulos

14 Não se associem com os descrentes. Com efeito, como seria possível conciliar a justiça com a iniquidade? E que haverá de comum entre a luz e as trevas? 15 Que harmonia poderia haver entre Cristo e o Diabo? Que parte têm em comum um crente e um descrente? 16 Que aliança poderia estabelecer-se entre o templo de Deus e os ídolos? Porque vocês são o templo do Deus vivo. Tal como Deus disse:

“Neles habitarei e andarei no meio deles.
Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.”[f]

17 E foi por isso que também o Senhor lhes disse:

“Saiam do meio deles. Afastem-se.
Não tenham contactos com aquilo que eu repudio,
        e eu vos receberei.”[g]
18 “Serei para vocês um Pai,
e vocês serão para mim filhos e filhas,
        disse o Senhor Todo-Poderoso.”

Pois que temos tais promessas, meus queridos amigos, purifiquemo-nos de tudo o que é moralmente imundo e errado, tanto no domínio do nosso corpo como do nosso espírito, e procuremos aperfeiçoarmo-nos e santificarmo-nos, vivendo no temor de Deus.

Paulo contente com a igreja

Mais uma vez vos pedimos: Façam lugar para nós no vosso coração. Nunca prejudicámos ninguém. Nunca enganámos fosse quem fosse. E nunca explorámos ninguém vivendo à sua custa. Não estou a dizer isto para censurar alguém pois, como já vos disse, vocês estão nos nossos corações para a vida e para a morte. Temos grande confiança e orgulho em vocês. Encorajaram-nos e consolaram-nos muito e, apesar das provas, vocês têm-nos dado muita alegria.

Quando chegámos à Macedónia nem pudemos descansar. As dificuldades apareceram de todos os lados; à nossa volta, lutas de toda a espécie, e no íntimo, inquietação. Mas Deus, que consola os abatidos, revigorou-nos com a chegada de Tito. Foi uma alegria para nós a sua chegada, bem como a notícia que trouxe do encorajamento que recebeu quando esteve no vosso meio. Deu-me imensa satisfação saber como esperavam a minha visita, e verificar a vossa lealdade para comigo.

Já não estou arrependido de vos ter escrito aquela carta, embora tivesse chegado a estar ao ver como vos trouxe tristeza, ainda que momentânea. Estou mesmo contente por a ter enviado, não pela tristeza que vos causou, mas porque essa tristeza fez com que se arrependessem. Foi a espécie de tristeza que Deus espera que os seus filhos tenham. E assim podemos concluir que essa carta não vos foi prejudicial. 10 Porque Deus pode usar a tristeza nas nossas vidas para nos ajudar a desviar do pecado e a procurar salvação. Não temos que lamentar este tipo de tristeza. Contudo, a tristeza sem arrependimento é do género que provoca a morte.

11 Vejam então quanto bem não produziu esta tristeza enviada por Deus. Com quanto fervor e sinceridade repudiaram o pecado sobre o qual vos tinha escrito. Ficaram temerosos quanto ao que sucedera e ansiosos para que eu fosse ajudar-vos. Logo tomaram medidas para a resolução do problema e para o castigo daquele que pecara. Tudo fizeram para corrigir a situação. 12 Se vos escrevi não foi tanto por causa daquele que ofendeu, ou do que foi ofendido, mas para vos dar ocasião para, diante do Senhor, provarem quanto nos amam.

13 Mas além do consolo que a vossa atitude nos transmitiu, foi também o contentamento de Tito, pela simpatia com que o receberam e acalmaram as suas preocupações, que muito nos alegrou. 14 Antes de Tito partir, garanti-lhe a vossa boa receção, e falei-lhe mesmo no orgulho que sentia por vocês. Não tive pois razão para ficar desapontado. Provou-se assim que não só aquilo que mandei Tito dizer-vos era verdade, como também que era verdade aquilo que eu disse a Tito a vosso respeito. 15 Ele sente agora mais estima do que nunca por vocês, lembrando-se da forma pronta como o escutaram e receberam o que vos disse, com o maior interesse e solicitude. 16 Sinto-me bem feliz por poder agora ter plena confiança em vocês.

A chamada à generosidade

Agora quero contar-vos o que Deus na sua graça tem feito pelas igrejas da Macedónia. Ainda que tenham passado por muitas dificuldades e apertos, nunca perderam a sua abundante alegria espiritual. E apesar da extrema pobreza arranjaram maneira de se tornarem ricos em generosidade para com os outros. Eles deram não só aquilo que podiam, mas até muito mais, e voluntariamente; disso sou testemunha. Pediram-nos com muita insistência que com esse dinheiro pudessem participar da alegria de ajudar outros crentes. Ultrapassaram até todas as nossas expectativas. Porque primeiramente se consagraram a si mesmos ao Senhor e depois puseram-se à nossa disposição para fazer a vontade de Deus.

Isso encorajou-nos a pedir a Tito, que já antes tinha começado esta obra no vosso meio, animando-vos à beneficência, que vos visitasse e entusiasmasse a também completarem a vossa participação. Vocês que são tão ricos em tantos domínios: na fé, na exposição da palavra de Deus e no conhecimento das coisas espirituais, no entusiasmo e na dedicação para connosco, também o devem ser neste privilégio de contribuir com alegria. Não digo isto como uma espécie de imposição. Mas para que o exemplo dos outros vos dê ocasião de provarem que o vosso amor vai além das simples palavras.

Vocês conhecem o amor de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, tornou-se pobre por amor de vocês, a fim de que pela sua pobreza pudessem enriquecer.

10 Queria sugerir-vos que fossem até ao fim com o que começaram há um ano, pois foram não só os primeiros a propor essa ideia, mas também os primeiros a fazer alguma coisa nesse sentido. 11 Tendo, portanto, começado tão prontamente, é justo que vão até ao fim com a mesma alegria, dando tudo o que estiver nas vossas possibilidades. 12 Quando se dá de boa vontade, a quantidade tem menos importância. Porque no fundo, Deus quer que se dê o que se tem, não o que se não tem.

13 Não se trata, evidentemente, de levar outros a viver desafogados, para vocês passarem a ter necessidades. É antes uma questão de procurar tornar iguais as condições de vida de uns e outros. 14 Presentemente, o vosso nível de vida permite ajudá-los; noutra altura poderá ser o contrário, e assim haverá uma justa repartição. 15 Lembrem-se do que diz a Escritura sobre isto: “O que recolheu muito não teve demais e o que colheu pouco também nada lhe faltou.”[h]

Tito é enviado a Corinto

16 Estou muito grato a Deus porque deu a Tito o mesmo interesse e cuidado que eu tenho convosco. 17 Ele aceitou o meu pedido de vos visitar de novo e tomou logo a iniciativa de partir. 18 Com ele enviamos também outro irmão bem conhecido de todas as igrejas pela sua atividade como proclamador do evangelho. 19 Foi até escolhido pelas igrejas para me acompanhar na minha deslocação a Jerusalém, a fim de levar o resultado destas ofertas, as quais, ao mesmo tempo que servem para glorificar o Senhor, mostram a prontidão da vossa beneficência. 20 Indo assim acompanhado, procuro pôr-me ao abrigo de qualquer crítica quanto à maneira como nos responsabilizamos por esta importante soma. 21 Deus bem conhece a nossa honestidade, mas queremos que os outros tenham plena confiança em nós.

22 Estamos a enviar com eles um outro irmão que sabemos, por experiência, ser um cristão fervoroso. Desde que teve conhecimento da vossa prontidão em ajudar materialmente os cristãos, é com particular interesse que se prepara para essa viagem. 23 Portanto vão os três: Tito, como meu colaborador e companheiro, e os outros dois irmãos como apóstolos das igrejas daqui, como homens que honram o Senhor. 24 Portanto, demonstrem-lhes o vosso amor e provem a todas as igrejas que o nosso orgulho a vosso respeito tem razão de ser.

Na verdade, não preciso de escrever-vos acerca desta oferta para os crentes em Jerusalém. Bem sei como estão prontos a ajudar e foi com grande satisfação que disse aos crentes na Macedónia que desde o ano passado, os da Acaia, estão prontos a enviar uma oferta. E o vosso entusiasmo tem estimulado muitos outros. Mas envio estes irmãos, tal como disse, para que se tenha a certeza daquilo que afirmei a vosso respeito, que estão prontos e com a coleta feita. Seria grande a nossa deceção, e vossa também certamente, se alguns destes irmãos macedónios viessem comigo e verificassem que, afinal, nada tinham preparado, depois de tudo o que eu lhes disse. Por isso, achei necessário que estes três irmãos fossem à minha frente e tudo preparassem, de forma a estar já em mãos a contribuição que prometeram, a fim de que se veja que é uma oferta voluntária e não forçada.

Semear generosamente

Lembrem-se disto: o que semeia pouco, pouco também ceifará; o que semeia em abundância, em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração. Não como uma obrigação, porque Deus ama quem dá com alegria. Deus pode bem abençoar-vos de tal maneira que tendo sempre, aquilo que vos é preciso, possam ainda ajudar generosamente os outros. É como dizem as Escrituras:

“Repartiu liberalmente os seus bens com os necessitados.
A justiça que ele praticou terá efeitos que nunca mais passarão.”[i]

10 Porque Deus, que dá a semente para o lavrador plantar, e depois o fruto para se alimentar, também vos dará os meios para que a vossa sementeira se multiplique em frutos de justiça.

11 Sim, Deus vos dará muito para que possam dar muito, para que pela vossa liberalidade, posta em ação por nosso intermédio, sejam dados louvores de gratidão a Deus. 12 São assim dois os bons resultados da vossa generosidade: contribuir para a satisfação das necessidades dos crentes em Jerusalém e suscitar louvores a Deus. 13 Vocês darão glória a Deus através das vossas ofertas generosas. Porque a vossa generosidade para com eles prova que obedecem ao evangelho de Cristo. 14 E eles orarão por vocês com profunda afeição, por causa da graça maravilhosa de Deus mostrada por vosso intermédio.

15 Graças pois a Deus pela dádiva de seu Filho e que não há palavras que a possam descrever!

Paulo defende a sua autoridade

10 E agora eu, Paulo, queria fazer-vos um pedido: é uma exortação feita com bondade e mansidão como Cristo faria. Alguns dizem de mim que por carta me torno bem ousado no que digo, mas que na vossa presença já aparento humildade. O que vos peço é que na vossa presença não seja mesmo obrigado a mostar-me severo, sobretudo com alguns que, segundo parece, nos julgam como se nos conduzíssemos como as pessoas do mundo. É verdade que somos seres como todos os outros, mas o nosso combate é bem diferente do deste mundo. As armas do nosso combate não são humanas; são armas de Deus, poderosas para a destruição das fortalezas contra Deus. Estas armas podem derrubar os argumentos daqueles que se levantem, com orgulho, contra o conhecimento de Deus. Estas armas espirituais são capazes de levar o entendimento à obediência voluntária a Cristo. E estamos prontos a usá-las eficazmente contra todos os que são rebeldes a Cristo, mas só depois de vocês mesmos terem decidido obedecer plenamente.

Não devem formar juízos baseados apenas na aparência das coisas. Se alguém pode reivindicar para si a autoridade de Cristo, eu serei um desses. Talvez pensem que me estou a gabar da minha autoridade, ainda que seja uma autoridade espiritual para vossa edificação na fé e não, evidentemente, para vos abater.

Contudo, não quero que pensem que as minhas cartas servem apenas para vos intimidar e mais nada. 10 Há até quem diga que as minhas cartas parecem severas e enérgicas, mas que à vista sou de fraca aparência física e fraco orador. 11 Mas quem diz isso tome nota de que somos tão rigorosos em ação, na vossa presença, como o somos por carta.

12 Certamente que não nos vamos comparar com alguns outros que se classificam em função da própria propaganda que fazem de si mesmos; essas pessoas medem-se pelos seus próprios conceitos e não dão provas de sensatez.

13 Mas nós não nos estamos a gabar de uma autoridade que não temos; estamos antes na linha de conduta que Deus traçou para o nosso trabalho no vosso meio. 14 Não estamos a sair dessa linha, até porque fomos os primeiros a levar-vos as boas novas de Cristo. 15 Nem nos orgulhamos do trabalho que foi feito por outros. Em vez disso, esperamos que a vossa fé cresça e que o nosso trabalho seja largamente ampliado. 16 Então poderemos ir e pregar o evangelho noutros lugares além do vosso, onde mais ninguém está a trabalhar. Assim não se levantará a questão de estarmos em território pertencente a outro. 17 Como as Escrituras dizem:

“Quem se quiser gloriar, glorie-se no Senhor.”[j]

18 Porque não tem valor quando alguém se honra a si mesmo, mas sim quando é o Senhor quem o honra.

Paulo e os falsos apóstolos

11 Espero que sejam pacientes comigo e me deixem dizer ainda um pouco mais, embora pareça tolice. Eu preocupo-me convosco, mas com um cuidado que vem de Deus. Quero que as vossas vidas sejam inteiramente para Cristo, tal como uma moça, virgem e pura, reserva todo o seu amor para o seu noivo. O meu receio é que, de alguma forma, o vosso espírito seja enganado e se afaste da devoção sincera a Cristo, tal como Eva foi enganada pela serpente no jardim do Éden. Sei que se alguém vos for pregar outro Jesus diferente daquele que vos anunciámos, ou com um outro espírito que não seja o Espírito Santo que já receberam, anunciando-vos um outro evangelho além daquele que já aceitaram, na vossa ingenuidade, facilmente acreditarão em tudo. E contudo não me considero em nada inferior a esses sublimes apóstolos. Se sou fraco orador, em todo o caso sei bem do que estou a falar, e disso já têm tido repetidamente a prova, pois nos temos dado a conhecer inteiramente.

Terei errado desvalorizando aos vossos olhos o nosso serviço, pelo facto de vos ter anunciado o evangelho sem nada ter recebido da vossa parte, pensando contribuir para a vossa edificação no caminho de Deus? E o facto é que empobreci, por assim dizer, outras igrejas, recebendo delas aquilo de que precisava regularmente para o meu sustento enquanto aí estava, a fim de me não tornar pesado a ninguém. Quando comecei a padecer certas necessidades, mesmo assim nada vos pedi, pois os irmãos da Macedónia levaram-me outra oferta. E desta forma nunca vos sobrecarreguei. E farei que seja assim também no futuro. 10 Tão certo como Cristo habitar em mim, hei de continuar a fazer de forma a não perder este mérito na minha obra junto de todas as igrejas da Acaia. 11 E isto porquê? Porque não vos amo? Deus bem sabe o quanto vos amo! 12 Mas procurarei sempre agir assim para evitar que outros, inchados no seu orgulho, finjam que estão a trabalhar da mesma forma que nós.

13 Tais homens não são enviados de Deus; são gente desonesta que vos engana, fazendo-se passar por apóstolos de Cristo. 14 E nada me admiro, visto que o próprio Satanás se pode transformar em anjo de luz. 15 Portanto, não me surpreende que os seus servidores possam fazer o mesmo, parecendo que são ministros de Deus. Mas no fim receberão o castigo que merecem as suas más obras.

Paulo refere-se aos seus sofrimentos

16 Outra vez vos digo: não pensem que perdi o juízo por vos falar assim; mas ainda que o pensem, ouçam-me na mesma, agora que me vou gabar um pouco, também. 17 Tal gabarolice não é coisa que o Senhor deseje, mas vou falar como se eu estivesse louco. 18 Andam aí tantos a gabar-se, pois agora é a minha vez. 19 Vocês consideram-se tão sensatos e no fim de contas ouvem tão facilmente essa gente insensata. 20 Não se importam que vos escravizem, tirando-vos tudo o que têm, explorando-vos, tratando-vos até com arrogância e esbofeteando-vos. 21 Tenho talvez mesmo uma certa vergonha, humanamente falando, em dizê-lo, mas o certo é que não seria capaz de ter tanta ousadia como eles.

E na verdade posso gabar-me de tudo o que eles também se gabam. Falo de novo como se tivesse ficado louco. 22 Eles gabam-se de serem hebreus? Eu também o sou. Dizem ser israelitas? Também eu sou. São descendentes de Abraão? Pois eu também. 23 Dizem que servem a Cristo? Muito mais o tenho servido eu. (É como se estivesse fora de mim ao dizer isto.) Tenho trabalhado muito mais e também tenho sido muitas mais vezes preso e açoitado, e enfrentado a cada instante a morte, muitas mais vezes do que eles. 24 Em cinco ocasiões diferentes os judeus aplicaram-me os seus quarenta açoites menos um. 25 Três vezes recebi o castigo da vara. Fui uma vez apedrejado. Passei por três naufrágios. Numa ocasião cheguei a ficar uma noite e um dia à deriva, em pleno mar alto. 26 Tenho viajado quilómetros e quilómetros, arriscando-me, ao atravessar perigosas torrentes e também zonas infestadas de salteadores. Sei o que é estar em perigo, tanto entre o meu próprio povo, os judeus, como entre os gentios. Conheço o perigo das multidões amotinadas nas grandes cidades, o perigo da morte no deserto e no mar, assim como o perigo entre os falsos irmãos. 27 Tenho suportado canseiras, sofrimentos e noites sem dormir. Tenho passado frequentemente fome e sede, e sei o que é ter frio e não ter roupa para me agasalhar.

28 E além disto tudo, tenho, interiormente, o cuidado constante sobre o progresso de cada igreja. 29 Quem enfraquece espiritualmente que eu não me enfraqueça também? Quem tropeça na sua fé que eu também não sofra?

30 Mas se tiver de falar em mérito, realmente prefiro então referir-me àquele que diz respeito à minha fraqueza. 31 O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, louvado seja para sempre, sabe que não minto. 32 Em Damasco, o que governava ali, sob a ordem do rei Aretas, chegou ao ponto de mandar guardar todas as saídas da cidade para poder prender-me. 33 Fui porém descido numa cesta, por uma abertura na muralha, e assim escapei!

A visão e o problema de Paulo

12 Não é bom, claro está, que eu esteja a enaltecer-me. Mas vou continuar ainda com as visões que tive e as revelações do Senhor. Conheço um homem que há catorze anos foi levado ao terceiro céu. Eu mesmo não sei se o meu próprio corpo também lá esteve ou se foi apenas o meu espírito. Deus o sabe. Mas de qualquer maneira estive no paraíso e ouvi coisas que ultrapassam as capacidades humanas descrevê-las, e até nem é lícito fazê-lo. Uma tal experiência é certamente assinalável. E nem é disso que me gabo, mas antes da minha própria fraqueza. Não me faltariam pois razões para me enaltecer; mas não quero que ninguém pense de mim mais do que aquilo que pode ver através da minha vida e da minha mensagem.

E para que estas excecionais revelações não me exaltassem, foi-me dado um espinho na carne[k], um mensageiro de Satanás para me atormentar, a fim de que não caia no orgulho. Por três vezes implorei ao Senhor que me livrasse. De cada vez ele me disse: “A minha graça te basta! É na fraqueza que o meu poder melhor se revela!” E assim sinto-me feliz nas fraquezas, para que o poder de Cristo possa trabalhar através de mim. 10 Tenho pois alegria nas fraquezas, nos insultos, nas privações, nas perseguições, nas dificuldades; pois que as suporto por amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, é então que sou forte.

O cuidado de Paulo pelos crentes de Corinto

11 Fui insensato em vos ter falado de tudo isto, mas foram vocês que me levaram a fazê-lo. Porque vocês é que deviam mostrar a vossa apreciação por mim. Em coisa alguma fui inferior a esses tais grandes pseudo-apóstolos, ainda que por mim mesmo nada seja. 12 Quando aí estive no vosso meio, realizei os sinais próprios de um apóstolo, enviado por Deus mesmo; constantemente puderam verificá-lo através de milagres, sinais e obras poderosas. 13 A única coisa que realmente não fiz no vosso meio, e que faço nas outras igrejas, foi ser-vos materialmente pesado em coisa alguma. Perdoem-me, se considerarem isso uma ofensa!

14 E agora é a terceira vez que vou visitar-vos e de novo sem vos ser pesado; porque não são os bens materiais que procuro em vocês, meus filhos: é o bem para as vossas vidas! Normalmente não são os filhos que ganham para os pais, são os pais quem ajuntam para os filhos. 15 E eu sinto-me feliz em me dar totalmente a mim mesmo, e tudo quanto tenho, para o vosso bem espiritual, embora pareça que quanto mais vos amo, menos vocês me amam.

16 Alguns pensam que em nada vos fui pesado, mas que, de alguma maneira, com astúcia, algum proveito material devo ter tirado disso. 17 Mas como? Tive eu algum benefício material por intermédio das pessoas que vos enviei? 18 Quando pedi a Tito que vos visitasse, acompanhado de outro irmão, tiraram eles também para si algum proveito? Naturalmente que não. Porque eles e eu agimos no mesmo espírito, fazendo as coisas do mesmo modo.

19 Não são desculpas que estamos a apresentar. Diante de Deus vos garanto que foi para vos edificar em Cristo que vos escrevi estas coisas. 20 Pois receio que, quando for de novo visitar-vos, me venha a desgostar do vosso estado espiritual e que a minha forma de atuar, em consequência, se torne desagradável aos vossos olhos. Tenho medo de vos encontrar em desavenças, invejas, zangas, disputas, ofendendo-se uns aos outros, perdendo energias com mexericos, reivindicações e discussões. 21 Sim, é isso que eu queria evitar: que Deus me humilhe no vosso meio e me entristeça profundamente por esses que têm pecado, sem se terem ainda arrependido da impureza, do vício e da imoralidade sexual que praticaram.

Avisos finais

13 Esta é pois a terceira vez que vou visitar-vos. Irei acompanhado, porque as Escrituras dizem que “toda a acusação deve ser confirmada por duas ou três testemunhas.”[l] Já antes tinha avisado aqueles que tinham pecado, quando aí estive pela última vez. E agora aviso-os de novo, assim como a todos os outros, tal como fiz nessa ocasião, de que agora irei pronto a castigar com severidade.

Dar-vos-ei todas as provas que desejarem de que Cristo fala por meu intermédio. E hão de ver que Cristo não resolverá esses assuntos superficialmente, antes há de manifestar-se enérgico e em toda a sua força. Porque ainda que tenha morrido crucificado e o seu corpo tivesse sido enfraquecido, contudo agora vive, pelo poder de Deus. E nós também, em consequência disso, sendo fracos, vivemos agora com Cristo pelo poder de Deus que utilizaremos no vosso meio.

Examinem-se a vocês mesmos para verem se realmente permanecem na fé. Façam o vosso exame de consciência: reconhecem que Cristo habita verdadeiramente na vossa vida? Caso contrário, o vosso cristianismo é falso. Quanto a nós, espero bem que reconheçam que num tal exame não ficaríamos reprovados.

A minha oração a Deus é pois que se abstenham de todo o mal, não pelo mérito que isso venha a trazer ao nosso serviço, mas porque procuramos que a vossa conduta cristã seja reta. Porque, quanto ao nosso serviço, se os homens não lhe derem valor, não é isso que conta. Portanto, se a vossa conduta for de acordo com a verdade do evangelho, nada teremos que julgar, pois o nosso único desejo é apoiar-vos no caminho da verdade. Se dermos a impressão de fraqueza, até ficaremos contentes, se isso representar o vosso fortalecimento. O nosso desejo é o vosso aperfeiçoamento.

10 Digo-vos estas coisas aqui, por carta, para depois na vossa presença não ter de vos corrigir com severidade. Porque a autoridade que o Senhor nos deu é para vos edificar e não para vos abater.

Saudações finais

11 E agora, irmãos, termino. Alegrem-se e aperfeiçoem-se em Cristo. Encorajem-se uns aos outros. Vivam em harmonia e paz e o Deus de amor e de paz será convosco.

12 Saúdem-se uns aos outros com um beijo fraterno. Todos os cristãos daqui vos mandam saudações.

13 Que a graça do Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus seja convosco. 14 E que o Espírito Santo comunique com o vosso íntimo.

Eu, Paulo, chamado para ser apóstolo, não por qualquer organização ou autoridade humana, mas por Jesus Cristo e por Deus o Pai, que ressuscitou Jesus da morte, dirijo esta carta às igrejas da Galácia, na companhia de todos os cristãos daqui, nossos irmãos na mesma fé.

Desejo que recebam a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo, sofrendo o castigo dos nossos pecados, de acordo com o plano de Deus, para nos livrar deste mundo mau. Assim, damos toda a glória a Deus para todo o sempre. Amém!

Há um só evangelho

Estou muito admirado da rapidez com que se desviaram de Deus, que na sua graça chamou a participar da vida eterna através de Cristo. Afinal, estão a seguir outro evangelho. Aliás, nem sequer é evangelho algum. Há algumas pessoas que andam a perturbar-vos e a querer torcer o sentido do evangelho de Cristo. Se alguém, ainda que seja eu próprio ou mesmo um anjo do céu, vier pregar-vos, sob o nome de evangelho, outra mensagem além daquela que já vos temos anunciado, seja maldito. Disse e volto a repetir: se alguém vier pregar-vos outro evangelho diferente daquele que já uma vez aceitaram, seja maldito.

10 Se falo assim, lembrem-se que é porque procuro agradar não a pessoas, mas a Deus. Se procurasse conformar-me às opiniões de homens não poderia ser servo de Cristo.

Paulo foi chamado por Deus

11 Posso garantir-vos, irmãos, que o evangelho, que vos tenho anunciado, não é de origem humana; 12 não foi arquitetado pelo pensamento humano. Também nem sequer foi de homens que o recebi; foi Jesus Cristo mesmo quem mo revelou.

13 Sabem como eu era quando seguia a religião judaica e como perseguia, sem misericórdia, a igreja de Deus, procurando destruí-la. 14 Na prática da religião judaica ultrapassava muitos da minha idade, meus compatriotas, e era extremamente zeloso no respeito pelas tradições de meus pais.

15 Mas a vontade de Deus era outra! Mesmo antes de nascer, Deus já me tinha escolhido e designado, com uma bondade que eu não merecia, 16 para revelar o seu Filho em mim, a fim de que o pregasse entre os gentios. Quando chegou o momento de cumprir esse mandato, não fui imediatamente procurar a opinião de ninguém; 17 nem sequer voltei a Jerusalém encontrar-me com os que já antes de mim eram apóstolos. Antes parti para a Arábia, regressando depois a Damasco.

18 Foi só passados três anos que tornei a ir a Jerusalém para contactar pessoalmente com Pedro, tendo ficado com ele durante quinze dias. 19 E não vi nenhum outro dos apóstolos, senão Tiago, irmão do Senhor. 20 Acreditem que aquilo que vos escrevo é a verdade; Deus é testemunha disso. 21 E depois dessa visita parti para a Síria e para a Cilícia. 22 Entretanto os crentes das igrejas da Judeia continuavam sem me conhecer pessoalmente; 23 apenas tinham ouvido dizer que aquele que perseguia os cristãos anunciava agora a fé que antes procurava destruir. 24 E davam glória a Deus por minha causa.

O ministério de Paulo é aceite pelos apóstolos

Depois, passados catorze anos, voltei a Jerusalém na companhia de Barnabé, levando também Tito comigo. Fiz essa viagem por uma ordem expressa de Deus. E foi assim que expus àqueles irmãos a mensagem de salvação que estava a pregar aos gentios. Sobre isto lhes falei, em especial aos que no meio deles tinham mais responsabilidades. Esperava que compreendessem e aceitassem a minha posição, se não o meu ministério teria sido em vão. E eles concordaram comigo. De facto, nem sequer Tito, meu companheiro, foi obrigado a circuncidar-se, embora fosse grego.

Aliás essa questão não teria surgido se alguns falsos cristãos não tivessem ali aparecido para espiar a nossa conduta, procurando pôr em causa a liberdade de que gozamos em Jesus Cristo e fazer-nos prisioneiros de regras e mandamentos judaicos. Mas nem por um momento cedemos, nem nos sujeitámos às suas imposições, porque convinha que a mensagem do evangelho, na sua verdade total, fosse bem compreendida por vocês.

E quanto àqueles que gozavam de mais consideração entre eles (aliás, o que essas pessoas tenham sido não me interessa, visto que perante Deus somos todos iguais) o facto é que esses nada tiveram a dizer em relação à mensagem que eu estava a pregar. Antes pelo contrário, perceberam que me fora confiada a pregação do evangelho aos que não são circuncidados, tal como a Pedro também, por seu lado, lhe tinha sido confiada a sua pregação aos que o são. Porque o mesmo Deus que trabalhou para que Pedro estivesse ao serviço dos judeus trabalhou para que eu fosse posto ao serviço dos não-judeus. Então, Tiago, Pedro e João, considerados como as colunas da igreja, reconhecendo a atribuição que me fora confiada, deram-nos as mãos, a mim e a Barnabé, em demonstração de concordância. Ficou então assente que nós continuaríamos a nossa missão junto dos não-judeus e eles no meio dos judeus. 10 Recomendando-nos, em todo o caso, que nos lembrássemos dos mais desfavorecidos, o que sempre procurei fazer com toda a dedicação.

Paulo critica Pedro

11 Contudo, quando Pedro veio depois a Antioquia, tive de tomar posição contra ele, com firmeza, porque estava a agir de uma forma censurável. 12 Pois ao chegar lá, a princípio comia com os cristãos não-judeus. Mas depois que chegaram também certas pessoas das relações de Tiago, começou a evitar esses contactos, afastando-se deles, com receio desses cristãos partidários da circuncisão. 13 E foi de tal forma que até os outros judeus convertidos começaram também a andar com hipocrisia, a ponto de mesmo Barnabé se deixar levar por eles.

14 Quando vi que não era correta essa maneira de proceder, nem era uma forma honesta de se conformarem com a verdade do evangelho, disse a Pedro, na presença de todos, que se ele, sendo judeu, tinha já posto de parte os costumes judaicos e vivia praticamente como um gentio, não era justo que obrigasse os não-judeus a viverem como judeus.

15 É verdade que somos judeus de nascimento, e não fazemos parte daqueles a que chamam os pecadores gentios. 16 No entanto, sabemos muito bem que uma pessoa não se torna justa diante de Deus pela obediência às obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo. Assim, confiando e entregando-nos a Cristo, somos perdoados e aceites por Deus. Mas isso não é devido à obediência à Lei, pois ninguém poderá ser justificado por observar a Lei.

17 Se viessem agora dizer-nos (a nós que confiamos em Cristo para nos perdoar e salvar) que errámos, e que não podemos tornar-nos justos diante de Deus se não for pela obediência à Lei, teríamos de concluir que Cristo afinal é promotor do pecado? Seria uma conclusão completamente absurda. 18 Evidentemente que se me ponho a construir de novo um sistema de justificação, o qual antes tinha sido destruído, torno-me transgressor. 19 Foi através da Lei que eu fui levado a reconhecer que estava morto perante ela; consequentemente fiquei livre para viver para Deus. Eu estou crucificado com Cristo; 20 e apesar de continuar a viver, já não é o meu eu que domina, mas é Cristo que vive em mim. E o resto da minha existência nesta terra é o resultado da fé que eu tenho no Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim. 21 Se pudéssemos ser salvos da culpa do nosso pecado pela obediência à Lei, é claro que a morte de Cristo teria sido inútil. Se eu seguisse este pensamento estaria a desprezar a dádiva de Deus.

A fé ou a Lei

Ó Gálatas insensatos! Quem foi que vos fascinou, a vocês a quem Cristo crucificado foi apresentado, como se tivesse sido pregado na cruz mesmo sob os vossos olhos? Só queria que me respondessem a isto: receberam o Espírito Santo através do cumprimento dos mandamentos da Lei? Não, porque o Espírito Santo veio sobre vocês somente depois de terem crido na mensagem do evangelho que ouviram e receberam com fé. Falta-vos assim tanto a compreensão espiritual destas coisas que, tendo começado pelo Espírito de Deus, pensem agora aperfeiçoá-la através dos vossos esforços humanos? Será que tudo aquilo que já sofreram por causa do evangelho foi inútil? Certamente que não.

Deus, que vos dá o Espírito Santo, atuando com milagres no vosso meio, faz isso em consequência da vossa obediência à Lei judaica? Claro que não! É sim em resultado da fé com que aceitaram a pregação do evangelho.

Assim como Abraão “creu em Deus e este declarou-o como justo”,[m] da mesma forma, só os que têm a mesma fé em Deus é que são os verdadeiros filhos de Abraão.

E as Escrituras previram que Deus haveria de declarar os gentios justos em resultado da sua fé, quando dizem que Deus se dirigiu a Abraão com estas palavras: “Por teu intermédio serão abençoados todos os povos.”[n] Por isso, todos os que põem a sua fé em Cristo beneficiam da mesma bênção que Abraão recebeu, graças à sua fé.

10 Por outro lado, todos aqueles que se apoiam nas suas próprias obras, em obediência à Lei judaica, estão debaixo da maldição, porque está escrito: “Maldito é quem não cumpre tudo o que está escrito neste livro da Lei.”[o] 11 É portanto evidente que pela Lei ninguém poderá ser aceite por Deus. Porque a Escritura diz: “O justo pela fé viverá.”[p] 12 Ora a Lei e a fé são duas coisas incompatíveis. Pois a Lei diz: “Quem cumprir estas prescrições viverá por elas.”[q] 13 Mas Cristo pagou o preço necessário para nos libertar desse sistema legal, que nos mantinha debaixo da maldição, e colocou-se ele próprio sob a maldição divina, tomando sobre si a culpa dos nossos pecados. Até porque também diz na Escritura: “Maldito todo aquele que for pendurado no poste de madeira.” 14 E assim a bênção que Deus prometeu a Abraão pode chegar também até aos gentios por meio do sacrifício de Jesus Cristo. E nós, os cristãos, podemos receber o Espírito Santo prometido aos que têm fé.

A Lei e a promessa

15 Irmãos, mesmo na vida corrente, se alguém prometer seja o que for a outra pessoa, e essa promessa estiver escrita e assinada, ninguém a poderá alterar nem anular. 16 Ora Deus fez promessas a Abraão e a Escritura diz que foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz “às tuas descendências”, como seria se estivesse a falar de muitas. Mas fala no singular, “à tua descendência”,[r] referindo-se a Cristo.

17 O que estou a dizer é isto: a aliança que Deus fez com Abraão não podia ser anulada 430 anos mais tarde, quando Deus deu a Lei a Moisés. Isso seria Deus a quebrar a sua promessa. 18 Se a herança de vida dependesse do cumprimento desse código legal, deixaria de ser, como é evidente, uma promessa de Deus em que os crentes apoiassem a sua fé. Mas não, ela é algo que Deus garantiu a Moisés, gratuitamente, sem lhe pedir em troca submissão a uma lei.

19 Então para que serve a Lei? Ela teve de ser acrescentada por causa das transgressões. Mas esse sistema vigorava apenas até à vinda do descendente de Abraão (ou seja Cristo), a quem a promessa dizia respeito. E há uma outra diferença: Deus deu a sua Lei aos anjos para a dar a Moisés, que foi o mediador entre Deus e o povo. 20 Ora, um mediador é necessário se duas pessoas entram num acordo; mas Deus agiu por si próprio quando fez a sua promessa a Abraão.

21 Então a Lei é contra as promessas divinas? De maneira nenhuma! Porque se uma Lei tivesse sido dada que pudesse transmitir vida, então a justificação viria certamente pela observância da Lei. 22 Contudo, as Escrituras declaram que todos nós somos prisioneiros do pecado. Sendo assim, a única saída para a nossa salvação é a fé em Jesus Cristo. Por ele é que a promessa de vida, da parte de Deus, foi dada aos crentes.

23 Mas antes que chegasse esse tempo em que a fé em Cristo nos abriu a entrada junto de Deus, nós estávamos como que guardados e vigiados pela Lei, esperando o momento em que, pela fé, pudéssemos crer no Salvador que haveria de vir.

Os filhos de Deus

24 Dito de outra maneira: a Lei foi como que um aio que nos conduziu a Cristo. Então, por meio da fé, pudemos estabelecer a nossa relação com Deus. 25 E agora que Cristo já veio, já não há mais razão para continuarmos a viver sob esse educador, pois agora somos muito mais do que alunos.

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