Bible in 90 Days
38 Os guardas disseram estas coisas para os oficiais romanos, e estes ficaram com medo quando souberam que eles eram cidadãos romanos. 39 Então os oficiais foram pedir desculpas a eles e, depois de libertá-los, lhes pediram que saíssem da cidade. 40 Ao saírem da prisão, Paulo e Silas foram para a casa de Lídia. Lá eles encontraram os irmãos e, depois de encorajá-los, foram embora.
Paulo e Silas em Tessalônica
17 Depois de terem passado por Anfípolis e Apolônia, Paulo e Silas chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga dos judeus. 2 Paulo foi até lá, como era seu costume fazer e, durante três sábados, discutiu com os judeus sobre o que estava escrito nas Escrituras, 3 explicando e provando a eles que o Cristo tinha que sofrer e ressuscitar dos mortos. Ele dizia:
—Este Jesus que eu estou anunciando a vocês é o Cristo. 4 Alguns deles foram persuadidos e se juntaram a Paulo e Silas. Juntaram-se a eles também um grande número de gregos que temiam a Deus e muitas mulheres importantes. 5 Os judeus, porém, ficaram com muita inveja e, juntando alguns malandros de rua, formaram um grupo de desordeiros. Esse grupo agitou a cidade e atacou a casa de Jasom à procura de Paulo e Silas para entregá-los ao povo. 6 Não os encontrando lá, o grupo arrastou a Jasom e a alguns dos irmãos para as autoridades da cidade. Eles gritavam:
—Estes homens, que têm causado problemas em vários lugares, chegaram também aqui. 7 Eles estão hospedados na casa de Jasom e todos desobedecem às leis do Imperador, dizendo que há um outro rei, Jesus.
8 Ao ouvirem essas coisas, tanto a multidão como as autoridades da cidade ficaram muito agitadas. 9 Então, fizeram Jasom e os irmãos pagarem uma fiança e depois os soltaram.
Paulo e Silas na cidade de Bereia
10 Assim que anoiteceu, os irmãos fizeram com que Paulo e Silas partissem para a cidade de Bereia. Ao chegarem lá, eles foram para a sinagoga dos judeus. 11 As pessoas daquela cidade eram mais nobres do que as de Tessalônica, pois receberam a mensagem com grande entusiasmo. Eles examinavam as Escrituras todos os dias para ver se o que Paulo dizia era realmente verdadeiro. 12 Com isso muitos deles acreditaram, juntamente com muitas mulheres gregas importantes e muitos homens gregos. 13 Quando os judeus de Tessalônica souberam que Paulo estava em Bereia proclamando a mensagem de Deus, foram até lá para promover desordens entre o povo e para agitá-lo contra Paulo. 14 Os irmãos, então, imediatamente, mandaram Paulo para o litoral, mas Silas e Timóteo ficaram em Bereia. 15 Aqueles que acompanhavam Paulo o levaram até a cidade de Atenas. Depois eles partiram levando instruções para que Silas e Timóteo fossem encontrá-lo em Atenas o mais depressa possível.
Paulo em Atenas
16 Enquanto Paulo esperava por Timóteo e Silas em Atenas, ele se revoltou, pois ele viu que a cidade estava cheia de ídolos. 17 Na sinagoga ele discutia com os judeus e com os gregos que temiam a Deus. E todos os dias, na praça principal, discutia com aqueles que se encontravam ali.
18 Um grupo de filósofos epicureus e estoicos começaram a discutir com ele, e alguns diziam:
—O que esse tagarela está querendo dizer?
Outros diziam:
—Parece que ele está anunciando deuses estranhos.
(Eles diziam isso porque Paulo estava falando a respeito de Jesus e da ressurreição.)[a]
19 Paulo, então, foi levado até o Areópago. Lá eles lhe disseram:
—Podemos saber que novo ensino é esse que você está nos apresentando? 20 Você está trazendo coisas estranhas aos nossos ouvidos e, por isso, gostaríamos de saber o que elas significam.
21 (Eles fizeram isso porque tanto os atenienses como os estrangeiros que lá viviam não faziam mais nada a não ser contar ou ouvir a respeito das últimas novidades.)
O discurso de Paulo em Atenas
22 Paulo, então, se levantou no Areópago e disse:
—Homens de Atenas! Vejo que vocês são bastante religiosos em tudo, pois, 23 ao andar por aqui observei os objetos de adoração de vocês. Eu encontrei até mesmo um altar no qual estava escrito: Ao deus desconhecido. E é esse Deus, que vocês adoram mas desconhecem, que eu estou anunciando a vocês. 24 Esse Deus fez o mundo e tudo o que nele existe. Ele é o Senhor do céu e da terra. Ele não mora em templos feitos por mãos humanas. 25 Ele não é servido por mãos humanas como se precisasse de alguma coisa, mas é ele quem dá vida, respiração e tudo o mais a todos. 26 Ele fez todas as raças de homens de um só homem para que eles habitassem toda a terra, e determinou também os tempos e as fronteiras dos lugares onde eles viveriam. 27 Ele fez isso com a esperança de que os homens buscassem a Deus e que, procurando, o encontrassem, pois ele não está longe de nenhum de nós. 28 “Nele vivemos, nos movemos e existimos” e assim como também alguns dos próprios poetas de vocês disseram: “Somos filhos dele”. 29 Portanto, desde que somos filhos de Deus, não deveríamos pensar que a divindade é como ouro, prata ou pedra, trabalhados pela arte e pela imaginação do homem. 30 No passado Deus não levou em conta tal ignorância. Agora, porém, ele manda que todas as pessoas em todos os lugares mudem a sua forma de pensar e de viver, 31 pois ele tem um dia reservado, no qual irá julgar o mundo. Ele julgará o mundo com justiça, por meio de um homem que ele apontou e aprovou diante de todos, ressuscitando-o dos mortos.
32 Quando ouviram Paulo falar a respeito de ressurreição dos mortos, alguns deles riram, outros, porém, disseram:
—Queremos ouvir você falar sobre isto numa outra ocasião.
33 Paulo, então, foi embora dali. 34 Algumas pessoas juntaram-se a ele e acreditaram. Entre eles estavam Dionísio, que era membro do Areópago, uma mulher chamada Dâmaris e alguns outros.
Em Corinto
18 Depois disto, Paulo deixou a cidade de Atenas e foi para Corinto. 2 Lá ele encontrou um judeu chamado Áquila, natural da região do Ponto. Ele e sua esposa, Priscila, tinham vindo da Itália há pouco tempo, porque o imperador Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma. Paulo, então, foi visitá-los e 3 acabou ficando ali para trabalhar com eles, pois tinham a mesma profissão: fazer tendas. 4 Todos os sábados Paulo discutia na sinagoga e tentava convencer tanto os judeus como aqueles que não eram judeus.
5 Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo passou a dedicar todo o seu tempo à proclamação da mensagem, testemunhando aos judeus que Jesus é o Cristo. 6 Quando os judeus se opuseram a Paulo e o insultaram, ele sacudiu a poeira das suas roupas como uma advertência contra eles e lhes disse:
—Se vocês não forem salvos, a culpa será somente de vocês. A minha consciência está tranquila e, de agora em diante, eu irei para os que não são judeus.
7 E, saindo dali, Paulo foi para a casa de Tício Justo, homem temente a Deus e que morava ao lado da sinagoga. 8 Tanto Crispo, o chefe da sinagoga, como toda a sua família, creram no Senhor. Muitos dos coríntios, que também ouviram a Paulo, creram e foram batizados. 9 Uma noite o Senhor disse a Paulo por meio de uma visão:
—Continue falando às pessoas sem ter medo delas e não desista, 10 pois eu estou com você. Ninguém lhe atacará para lhe fazer mal, porque tenho muitas pessoas nesta cidade.
11 Então Paulo permaneceu ali por um ano e meio, ensinando a mensagem de Deus entre eles.
Paulo e o governador Gálio
12 Quando Gálio era governador da Acaia, os judeus, num esforço conjunto, atacaram a Paulo e o levaram ao tribunal, 13 dizendo:
—Este homem está convencendo o povo a adorar a Deus de maneira contrária à nossa lei.
14 Quando Paulo ia falar, Gálio disse aos judeus:
—Se isto fosse uma injustiça ou um crime sério, seria razoável que eu os escutasse. 15 Mas desde que isto é uma questão a respeito de palavras, de nomes, e da própria lei de vocês, vocês que a resolvam por si mesmos. Eu me recuso a ser juiz em casos deste tipo.
16 E os expulsou do tribunal. 17 Então, todos eles agarraram a Sóstenes, o chefe da sinagoga, e o espancaram em frente do tribunal. Gálio, entretanto, nem se incomodava com isso.
Paulo volta para Antioquia
18 Paulo permaneceu ali ainda por vários dias, mas depois despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, juntamente com Priscila e Áquila. Em Cencreia Paulo raspou a cabeça, pois tinha feito uma promessa a Deus. 19 Depois eles chegaram à cidade de Éfeso, onde Paulo deixou a Priscila e Áquila. Ele mesmo, porém, entrando na sinagoga, discutia com os judeus. 20 Estes lhe pediram para que ficasse com eles por mais tempo, mas Paulo recusou e, 21 ao partir, disse:
—Se Deus quiser, eu voltarei.
E partiu da cidade de Éfeso.
22 Depois de chegar a Cesareia, ele foi para Jerusalém. Ali cumprimentou a igreja e, em seguida, partiu para a cidade de Antioquia. 23 Depois de ter permanecido lá por algum tempo, Paulo partiu e viajou de cidade em cidade por toda a região da Galácia e da Frígia, fortalecendo a fé de todos os discípulos.
Apolo em Éfeso
24 Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu chamado Apolo, natural da cidade de Alexandria. Ele era um bom orador e conhecia muito bem as Escrituras. 25 Ele tinha sido instruído no caminho do Senhor; falava com bastante entusiasmo[b] e ensinava de maneira correta a respeito de Jesus, apesar de conhecer somente o batismo de João. 26 Ele falava sem medo na sinagoga e, quando Priscila e Áquila o ouviram, o levaram para a casa deles e lhe explicaram melhor o caminho de Deus. 27 Apolo, então, quis ir para a região da Acaia. Os irmãos o encorajaram e escreveram aos discípulos de lá pedindo que o recebessem bem quando ele chegasse. Ele foi uma grande ajuda para aqueles que, pela graça, tinham acreditado, 28 pois derrotava os argumentos dos judeus em público e com muita coragem, provando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo.
Paulo em Éfeso
19 Enquanto Apolo estava na cidade de Corinto, Paulo viajou pelo interior do continente e chegou até Éfeso. Lá encontrou alguns discípulos e 2 lhes perguntou:
—Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?
Eles lhe responderam:
—Nós nem sequer ouvimos dizer que existe um Espírito Santo.
3 Paulo lhes perguntou:
—Então, que tipo de batismo vocês receberam?
Eles responderam:
—O batismo de João.
4 Paulo disse:
—João dizia ao povo de Israel que eles deviam ao mesmo tempo se propor em mudar o seu comportamento e ser batizados; ele também dizia que as pessoas deviam acreditar naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus.
5 Quando ouviram isto, eles foram batizados em nome do Senhor Jesus. 6 E, quando Paulo colocou suas mãos sobre eles, o Espírito Santo veio sobre todos e eles começaram a falar em línguas e a profetizar. 7 Eram ao todo uns doze homens.
8 Durante três meses Paulo continuou indo à sinagoga, onde com muita coragem discutia e tentava convencer a todos a respeito do reino de Deus. 9 Alguns deles, porém, eram teimosos, se recusavam a acreditar e, ainda por cima, falavam coisas más a respeito do Caminho do Senhor na frente de todos. Por isso, Paulo os deixou e foi embora, levando consigo os discípulos. Depois começou a ensinar todos os dias na escola de um homem chamado Tirano. 10 E continuou a fazer isso durante dois anos, até que todas as pessoas que viviam na região da Ásia (tanto os judeus como os que não eram judeus) ouviram a mensagem do Senhor. 11 Deus fazia milagres tão grandes pelas mãos de Paulo 12 que até mesmo lenços e roupas do seu uso pessoal eram levados aos doentes e eles ficavam curados e os demônios se retiravam.
Os filhos de Ceva
13 Alguns dos judeus que viajavam de cidade em cidade expulsando demônios tentaram usar o nome do Senhor Jesus para libertar aqueles que estavam possuídos por demônios. Eles disseram:
—Eu lhes ordeno que saiam, em nome de Jesus, a quem Paulo proclama.
14 (Os sete filhos de um judeu chamado Ceva, que era sumo sacerdote, estavam fazendo isto.)
15 Mas o demônio lhes disse:
—Eu conheço a Jesus e sei quem é Paulo, mas quem são vocês?
16 E o homem que tinha esse demônio se lançou sobre eles e, dominando a todos, bateu neles até que fugiram daquela casa, nus e feridos. 17 Todos os moradores de Éfeso, tanto os judeus como os que não eram judeus, souberam dessas coisas e ficaram com muito medo. Isso fez com que o nome do Senhor Jesus fosse ainda mais respeitado.
18 Muitos dos que tinham acreditado vieram e confessaram publicamente os pecados que tinham cometido. 19 E muitos daqueles que costumavam praticar bruxarias trouxeram os seus livros e os queimaram na frente de todos. Depois de calcular os preços dos livros, o total chegou a cinquenta mil moedas de prata[c]. 20 Desta maneira poderosa a mensagem do Senhor se espalhava por toda parte e influenciava mais e mais pessoas. 21 Depois de todas estas coisas terem acontecido, Paulo decidiu ir até a cidade de Jerusalém,[d] após passar pelas regiões da Macedônia e Acaia. E ele também dizia:
—Depois de Jerusalém eu ainda tenho que visitar Roma.
Tumulto em Éfeso
22 Paulo, então, enviou para a região da Macedônia dois de seus ajudantes, Timóteo e Erasto, enquanto ele mesmo permanecia na Ásia por mais algum tempo. 23 Nessa ocasião houve um grande tumulto na cidade de Éfeso por causa do Caminho do Senhor. 24-25 Tudo começou quando Demétrio, um ourives, convocou uma reunião com todos os que estavam envolvidos em trabalhos desse tipo. (Essas pessoas faziam miniaturas de prata do templo da deusa Diana e esse negócio lhes dava muito lucro.) Demétrio disse a todos:
—Homens! Vocês sabem que este trabalho nos dá um bom lucro.
26 Como vocês podem ver e ouvir, esse tal de Paulo anda persuadindo e desencaminhando muita gente, dizendo que os deuses feitos por mãos humanas não são deuses. E isso vem acontecendo não só em Éfeso, mas também em quase toda a região da Ásia. 27 Isso é muito perigoso, pois pode trazer má fama para os nossos negócios. E também pode fazer com que o templo da grande deusa Diana perca todo o seu prestígio. Há ainda o perigo de que a majestade de Diana, deusa adorada não somente na Ásia como também em todo o mundo, seja destruída.
28 Ao ouvirem isto, todos ficaram furiosos e começaram a gritar:
—Diana dos Efésios é a maior!
29 E a confusão tomou conta da cidade! A multidão agarrou os macedônios Gaio e Aristarco, companheiros de viagem de Paulo, e correram para o teatro. 30 Paulo queria se apresentar ao povo, mas os discípulos não o deixaram fazer isso. 31 Alguns amigos de Paulo, autoridades provinciais, lhe mandaram um recado pedindo que ele não fosse ao teatro. 32 Algumas pessoas gritavam uma coisa, outras gritavam outra e toda a assembleia estava numa total confusão. A maior parte deles não sabia nem a razão de estarem todos reunidos. 33 Então os judeus empurraram Alexandre para a frente e alguns que estavam entre a multidão lhe deram instruções sobre o que falar. Alexandre fez um sinal com a mão e tentou explicar ao povo o que estava acontecendo. 34 Quando as pessoas da multidão, porém, se deram conta de que ele também era judeu, se puseram a gritar todos juntos:
—Diana dos Efésios é a maior! E isto durou mais ou menos duas horas.
35 Então o secretário da cidade acalmou a multidão e disse:
—Povo de Éfeso! Há alguém no mundo que não saiba que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da pedra sagrada que caiu do céu[e]? 36 Desde que ninguém pode negar isso, então fiquem calmos e não façam nada precipitadamente. 37 Por que vocês trouxeram estes homens[f] até aqui? Eles não roubaram nenhum templo e tampouco disseram coisas más a respeito da nossa deusa! 38 Se Demétrio e seus companheiros têm alguma acusação contra alguém, os tribunais estão abertos e, além do mais, existem os governadores. Eles que se acusem uns aos outros lá. 39 Mas, se vocês querem saber mais alguma coisa, isso tem que ser resolvido em uma assembleia legal. 40 Do jeito que as coisas estão, há o perigo de sermos acusados de subversão pelo que aconteceu hoje. Pois não há motivo algum que possamos alegar para justificar este alvoroço.
41 E, depois de dizer isto, despediu a assembleia.
Paulo na Macedônia e na Grécia
20 Quando terminou o alvoroço, Paulo chamou os discípulos e, depois de encorajá-los, se despediu deles e partiu para a Macedônia. 2 Ele viajou por todas aquelas regiões transmitindo aos discípulos que encontrava muitas palavras de encorajamento. Depois foi para a região da Grécia, 3 onde permaneceu por três meses. Ele estava pronto para embarcar para a Síria quando ficou sabendo de um plano que os judeus tinham contra ele, então resolveu voltar para a Síria passando novamente pela Macedônia. 4 Estavam viajando com Paulo: Sópatro, filho de Pirro, da cidade de Bereia; Aristarco e Secundo, de Tessalônica; Gaio, da cidade de Derbe; Timóteo, e também Tíquico e Trófimo, da região da Ásia. 5 Estes foram à nossa frente e esperaram por nós na cidade de Trôade. 6 Depois da Festa dos Pães sem Fermento, navegamos de Filipos e, em cinco dias, nos encontramos com eles em Trôade. Lá passamos uma semana.
Paulo em Trôade
7 No primeiro dia da semana,[g] nós nos reunimos para partir o pão.[h] Paulo ia viajar no dia seguinte e, como estávamos reunidos, começou a falar com eles e continuou falando até a meia-noite. 8 Na sala onde estávamos, no andar de cima, havia muitas lamparinas acesas. 9 Um jovem chamado Êutico estava sentado no parapeito da janela e pegou num sono profundo durante o prolongado discurso de Paulo. Depois de estar completamente dominado pelo sono, o jovem caiu do terceiro andar e, quando o levantaram, ele já estava morto. 10 Paulo desceu até onde estava Êutico, o abraçou e disse:
—Não se preocupem, pois o rapaz está vivo.
11 Em seguida ele voltou para o andar de cima, repartiu o pão e comeu. Depois continuou a falar até raiar o dia, quando partiu. 12 Quanto ao jovem Êutico, este foi levado para casa vivo e todos ficaram grandemente confortados.
A viagem de Paulo para Mileto
13 Nós partimos antes de Paulo, embarcando para o porto de Assôs, onde deveríamos recebê-lo a bordo. Ele mesmo combinou assim, pois pretendia chegar até Assôs por terra. 14 Quando Paulo se encontrou conosco em Assôs, nós o recebemos a bordo e partimos para a cidade de Mitilene. 15 Partimos de lá no dia seguinte e paramos defronte da ilha de Quios. No outro dia atravessamos para a ilha de Samos e no dia seguinte chegamos à cidade de Mileto. 16 Paulo tinha decidido não passar pela cidade de Éfeso, pois não queria se demorar na Ásia. A sua intenção era chegar à cidade de Jerusalém, se possível, antes do dia de Pentecostes.
A mensagem de Paulo aos presbíteros de Éfeso
17 De Mileto ele mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso. 18 Quando eles chegaram, Paulo lhes disse:
—Vocês sabem como eu me comportei durante todo o tempo que estive com vocês, desde o primeiro dia que cheguei na Ásia. 19 Eu servi ao Senhor com toda a humildade, com lágrimas, apesar dos muitos problemas que tive por causa das ciladas que os judeus me prepararam. 20 Vocês sabem que eu não hesitei em lhes anunciar nada, desde que fosse para o bem de vocês, e de como lhes ensinei tanto publicamente como de casa em casa. 21 Testemunhei tanto aos judeus como aos que não são judeus[i] a respeito de como era necessário que eles se arrependessem, que voltassem a Deus e que tivessem fé em nosso Senhor Jesus. 22 E agora vou para Jerusalém, obrigado pelo Espírito, sem saber o que vai me acontecer por lá. 23 A única coisa que sei é que em todas as cidades o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos estão à minha espera. 24 Porém, não dou valor à minha própria vida a fim de poder terminar a corrida e a missão que recebi do Senhor Jesus para testemunhar a respeito das Boas Novas da graça de Deus.
25 —E agora sei que nenhum de vocês, em cujo meio passei anunciando o reino de Deus, me verá novamente. 26 Portanto, quero lhes dizer hoje que não sou mais responsável se algum de vocês não se salvar, 27 pois não hesitei em lhes proclamar toda a vontade de Deus. 28 Estejam alerta e cuidem tanto de vocês mesmos como também de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os constituiu bispos, para pastorearem a igreja de Deus,[j] a qual ele comprou pagando com o sangue do seu próprio filho. 29 Digo isto porque sei que, depois que eu for embora, lobos ferozes aparecerão entre vocês e não terão pena do rebanho. 30 E até mesmo dentre o próprio grupo de vocês, surgirão homens falando coisas erradas para arrastar os discípulos atrás deles. 31 Portanto, cuidado! Lembrem-se de que durante três anos eu nunca deixei de ensinar a nenhum de vocês como deveriam viver, quer fosse de dia ou de noite, e mesmo com lágrimas.
32 —Agora portanto, eu os entrego a Deus e à mensagem da sua graça, pois ela é capaz de fortalecê-los e de lhes dar a herança entre todo o povo santo de Deus. 33 Não cobicei nem a prata, nem o ouro e nem a roupa de ninguém, 34 e vocês mesmos sabem como trabalhei com minhas próprias mãos para ter o necessário não só para mim como também para os meus companheiros. 35 Em tudo lhes mostrei que, trabalhando assim, devemos ajudar os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: “Quem dá é mais feliz do que quem recebe”.
36 Depois de ter dito todas essas coisas, ele se ajoelhou e orou com todos eles. 37 E todos choraram muito e o abraçaram e beijaram, 38 pois estavam muito tristes pelo fato de Paulo dizer que eles não voltariam a vê-lo. Depois disso, eles o acompanharam até o navio.
A viagem de Paulo para Jerusalém
21 Depois de termos nos separado deles, embarcamos diretamente para a ilha de Cós. No dia seguinte, chegamos em Rodes e, de lá, seguimos para Pátara. 2 Lá encontramos um navio que ia para a Fenícia. Embarcamos nele e seguimos viagem. 3 Passamos pela ilha de Chipre e, deixando-a à esquerda, seguimos para a Síria. Quando chegamos à cidade de Tiro, tivemos que desembarcar, pois o navio tinha que ser descarregado. 4 Ali nós encontramos alguns discípulos e ficamos com eles por uma semana e, pelo poder do Espírito, eles disseram a Paulo que não fosse para Jerusalém. 5 Passados aqueles dias, nós nos retiramos e continuamos nossa viagem. Todos eles nos acompanharam, com suas mulheres e filhos, da cidade até a praia, onde nos ajoelhamos e oramos. 6 Depois de nos despedirmos uns dos outros, embarcamos e eles voltaram para suas casas.
7 Prosseguimos nossa viagem partindo de Tiro e chegando em Ptolemaida. Lá cumprimentamos os irmãos e ficamos com eles por um dia. 8 No dia seguinte, partimos e seguimos para a cidade de Cesareia. Ao chegar lá, fomos para a casa do evangelista Filipe, que era um dos sete[k], e ficamos com ele. 9 Ele tinha quatro filhas solteiras que profetizavam.
10 Tínhamos chegado há vários dias quando um profeta chamado Ágabo chegou da Judeia. 11 Ele veio para perto de nós, tirou o cinto de Paulo e, amarrando seus próprios pés e mãos, disse:
—Assim diz o Espírito Santo: O dono deste cinto será amarrado desta maneira pelos judeus em Jerusalém e será entregue nas mãos dos que não são judeus. 12 Quando ouvimos isto, tanto nós como os daquele lugar insistimos com Paulo para que ele não fosse para Jerusalém. 13 Paulo, porém, disse:
—O que vocês pretendem chorando desse jeito e me entristecendo? Eu não só estou pronto para ser amarrado como também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus. 14 Como não conseguimos convencê-lo, paramos de insistir e dissemos:
—Que seja feita a vontade do Senhor.
15 Depois desses dias, nos preparamos e partimos para Jerusalém. 16 Alguns dos discípulos que eram da cidade de Cesareia nos acompanharam e nos levaram até a casa de Mnasom, onde íamos ficar. Mnasom era da ilha de Chipre e era um dos primeiros discípulos.
A chegada de Paulo a Jerusalém e a visita a Tiago
17 Quando chegamos a Jerusalém, fomos recebidos com alegria pelos irmãos. 18 No dia seguinte, Paulo nos acompanhou em uma visita a Tiago e todos os presbíteros da igreja estavam lá reunidos. 19 Paulo cumprimentou a todos e lhes contou, uma por uma, todas as coisas que Deus tinha feito entre os que não eram judeus por meio do seu trabalho. 20 Ao ouvirem isto, todos louvaram a Deus e, depois, disseram a Paulo:
—Irmão! Como você pode ver, milhares de judeus creram e acham que é importante seguir a lei de Moisés. 21 Eles ouviram dizer que você está ensinando a todos os judeus que vivem entre povos que não são judeus a abandonarem a lei de Moisés, dizendo a eles que não devem circuncidar os seus filhos nem seguir os costumes judaicos. 22 O que é que podemos fazer então? Sem dúvida eles saberão da sua chegada. 23 Portanto, faça o que vamos lhe dizer: Estão conosco quatro homens que fizeram uma promessa.[l] 24 Acompanhe esses homens em sua cerimônia de purificação[m] e pague as despesas deles para que possam raspar a cabeça.[n] Dessa forma, todos ficarão sabendo que não é verdade o que ouviram dizer a seu respeito e que, pelo contrário, você mesmo obedece à lei. 25 Quanto aos que não são judeus e que creram, já lhes escrevemos uma carta, dizendo: “Não comam carne de animais oferecidos a ídolos, nem sangue e tampouco carne de animais que tenham sido estrangulados. E também não cometam imoralidades sexuais”.
Paulo é preso no templo
26 No dia seguinte, Paulo levou os homens e participou da cerimônia de purificação juntamente com eles. Depois, foi para o templo para anunciar quando terminariam os dias da purificação para que, no fim desses dias, fosse oferecido um sacríficio para cada um deles. 27 Quando os sete dias da purificação estavam para acabar, alguns judeus da região da Ásia viram a Paulo no templo. Eles alvoroçaram toda a multidão e, agarrando-o, 28 gritaram:
—Homens de Israel, ajudem-nos! Este é o homem que anda por toda parte ensinando a todos coisas que são contra o nosso povo, contra a lei de Moisés e contra este lugar. E agora ele trouxe até mesmo homens que não são judeus para dentro do templo, sujando este lugar santo.
29 (Eles tinham dito isto porque tinham visto Paulo na cidade em companhia de Trófimo, um efésio, e assumiram que Paulo o tinha levado ao templo.)
30 Toda a cidade ficou agitada, e o povo corria, vindo de todos os lados. Eles agarraram a Paulo e o arrastaram para fora do templo, fechando as portas logo em seguida.
31 Enquanto procuravam matá-lo, o comandante de um batalhão romano foi informado de que toda a cidade de Jerusalém estava em completo alvoroço. 32 Ele imediatamente reuniu alguns soldados e oficiais e correu para o meio do povo. Quando o povo viu o comandante e os soldados, parou de bater em Paulo. 33 O comandante, então, chegando perto de Paulo, prendeu-o e mandou que o amarrassem com duas correntes. Depois, dirigiu-se ao povo e lhes perguntou quem ele era e o que tinha feito. 34 Na multidão, uns gritavam uma coisa e outros, outra. Ele, porém, não podendo apurar a verdade por causa do tumulto, ordenou que Paulo fosse levado para o quartel. 35 Quando chegaram às escadas, os soldados tiveram que carregá-lo no alto por causa da violência da multidão que, 36 seguindo-o, gritava:
—Matem-no!
37 Eles estavam prestes a entrar no quartel quando Paulo disse ao comandante:
—Posso falar com o senhor?
O comandante respondeu:
—Oh! Você fala grego? 38 Você não é o egípcio que há algum tempo atrás organizou uma revolta e levou quatro mil terroristas para o deserto?
39 Paulo disse:
—Não! Eu sou judeu, cidadão de Tarso, cidade importante da Cilícia. Eu lhe peço que me deixe falar com o povo.
40 Quando o comandante lhe deu permissão, Paulo se colocou de pé nos degraus e fez sinal com a mão para que a multidão fizesse silêncio. Depois que todos ficaram quietos, Paulo começou a falar com eles em língua hebraica:
A defesa de Paulo
22 —Irmãos e pais! Escutem o que vou dizer em minha defesa.
2 (Quando a multidão ouviu que ele lhes falava em hebraico, ficou ainda mais quieta.)
Então Paulo disse:
3 —Eu sou judeu e nasci na cidade de Tarso, na Cilícia, mas cresci nesta cidade. Fui aluno de Gamaliel[o] e com ele estudei profundamente a lei dos nossos antepassados. Eu era dedicado a Deus exatamente como todos vocês são hoje. 4 Persegui este Caminho[p] até a morte, prendendo e colocando homens e mulheres na prisão, 5 assim como podem testemunhar tanto o sumo sacerdote como todos os que fazem parte do Conselho dos líderes. Recebi destes cartas escritas para os irmãos judeus em Damasco e fui para lá a fim de prender os que lá estavam e de trazê-los para Jerusalém como prisioneiros, para que pudessem ser castigados.
Paulo conta como foi sua conversão
6 Eu já estava a caminho e me aproximava da cidade de Damasco quando, por volta do meio-dia, de repente, uma luz forte vinda do céu brilhou ao meu redor. 7 Caí no chão e ouvi uma voz me dizer: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” 8 Então perguntei: “Quem é o senhor?” Ele disse: “Sou Jesus de Nazaré, a quem você persegue”. 9 Os homens que estavam comigo viram a luz, mas não entenderam o que a voz dizia. 10 Em seguida perguntei: “O que devo fazer, Senhor?” E o Senhor me respondeu: “Levante-se e vá para Damasco. Lá você será informado de tudo o que deve fazer”. 11 O brilho daquela luz tinha me deixado cego e, por isso, tive de ser guiado pela mão pelos meus companheiros até Damasco.
12 —Morava em Damasco um homem chamado Ananias[q]. Ele era muito religioso de acordo com a lei e muito respeitado por todos os judeus daquela região. 13 Ele veio ao meu encontro e, parando de frente para mim, disse: “Irmão Saulo, volte a enxergar!” E naquele mesmo instante eu voltei a enxergar e pude vê-lo. 14 Ele me disse: “O Deus de nossos antepassados escolheu a você para conhecer a vontade dele, para ver o Justo[r] e também para ouvir a voz da sua boca. 15 Pois você testemunhará a todos os homens a respeito de tudo o que viu e ouviu. 16 E agora, o que está esperando? Levante-se, seja batizado e lave os seus pecados, confiando no Senhor[s]”.
17 —Eu voltei para Jerusalém e, quando estava orando no templo, tive uma visão. 18 E eu vi aquele que estava me dizendo: “Saia imediatamente de Jerusalém, pois este povo não aceitará o seu testemunho a meu respeito”. 19 Então eu disse: “Senhor, estas pessoas sabem que eu percorri sinagogas, colocando na prisão e açoitando os que acreditavam no senhor. 20 Elas sabem também que eu estava presente quando o sangue de Estêvão, a sua testemunha, foi derramado. E elas até sabem que eu aprovei aquele crime e que tomei conta das capas dos que o mataram”. 21 Mas ele me disse: “Vá, pois eu vou enviá-lo para muito longe, para povos que não são judeus”.
Paulo e o comandante romano
22 Eles escutaram o que Paulo tinha a dizer até aquele ponto, mas depois começaram a gritar, dizendo:
—Tirem esse tipo de homem da terra, pois ele não merece viver!
23 E, enquanto gritavam, eles atiravam suas capas e jogavam poeira para cima.[t] 24 O comandante, então, ordenou que Paulo fosse levado para o quartel e que, com açoites, fosse interrogado para saber o motivo pelo qual a multidão gritava tanto contra ele. 25 Mas quando eles o amarraram para açoitá-lo, Paulo perguntou ao oficial que estava perto dele:
—Vocês têm permissão para açoitar um cidadão romano,[u] sem este estar condenado?
26 Quando o oficial ouviu isto, foi ao comandante e disse:
—Veja bem o que o senhor vai fazer, pois este homem é um cidadão romano.
27 O comandante, então, aproximando-se de Paulo, perguntou:
—Diga-me uma coisa: Você é realmente cidadão romano?
E Paulo respondeu:
—Sim, sou.
28 O comandante então disse:
—A mim custou muito dinheiro para conseguir ser cidadão romano.
Ao que Paulo respondeu:
—Mas eu sou cidadão romano de nascimento.
29 Imediatamente os homens que estavam ali para interrogá-lo afastaram-se dele e o comandante ficou com medo quando soube que tinha mandado amarrar um romano.
Paulo diante do Conselho Superior
30 O comandante queria saber exatamente porque Paulo estava sendo acusado pelos judeus. Então, no dia seguinte, depois de soltá-lo, mandou reunir em assembleia os líderes dos sacerdotes e todo o Conselho Superior. Depois ele mandou trazer Paulo e o colocou diante deles.
23 Paulo olhou bem para os membros do Conselho e disse:
—Irmãos! Eu tenho vivido com a consciência limpa diante de Deus até hoje.
2 Então Ananias[v], o sumo sacerdote, mandou que os homens que estavam perto de Paulo lhe batessem na boca. 3 Paulo, então, lhe disse:
—Deus vai bater em você, parede branqueada! Você está aí sentado para me julgar de acordo com a lei e, contra a lei, manda me bater?
4 Os homens que estavam perto dele lhe disseram:
—Como é que você insulta assim o sumo sacerdote de Deus?
5 Paulo respondeu:
—Irmãos, eu não sabia que ele era o sumo sacerdote; as Escrituras dizem: “Não fale mal do chefe do seu povo”(A).
6 Quando Paulo percebeu que alguns homens do Conselho eram do partido dos saduceus e que outros eram do partido dos fariseus, falou bem alto:
—Irmãos! Eu sou fariseu e filho de fariseu, e estou sendo julgado por causa da esperança que tenho na ressurreição dos mortos.
7 Depois de terem ouvido Paulo dizer isto, os fariseus e os saduceus começaram a discutir e a assembleia se dividiu. 8 (Os saduceus dizem que não há ressurreição e também que não existem nem anjos nem espíritos, mas os fariseus acreditam em tudo isso.) 9 Todos os judeus começaram a gritar e alguns professores da lei do partido dos fariseus se levantaram e começaram a protestar:
—Não encontramos nada contra este homem; e será que algum espírito ou anjo falou com ele?
10 A discussão se tornou tão violenta que o comandante ficou com medo que Paulo fosse despedaçado por eles. Então mandou que os soldados fossem até lá, tirassem Paulo do meio deles e que o levassem de volta para o quartel. 11 Na noite seguinte, o Senhor se colocou ao lado de Paulo e disse:
—Tenha coragem! Assim como você testemunhou a meu respeito em Jerusalém, você também terá que fazer o mesmo em Roma.
O plano para matar Paulo
12 No dia seguinte, os judeus se reuniram e fizeram um juramento que não comeriam nem beberiam nada até que matassem Paulo. 13 (E o número de homens que conspiravam contra Paulo era de mais de quarenta.) 14 Depois, foram falar com os líderes dos sacerdotes e com os líderes, dizendo:
—Juramos que não comeremos nada até que matemos Paulo. 15 Portanto, o que vocês e o Conselho têm que fazer é mandar dizer ao comandante para trazê-lo até aqui, dizendo que querem examinar o caso dele mais de perto. Estaremos prontos para matá-lo antes que ele chegue.
16 O filho da irmã de Paulo, porém, ouviu todo o plano e correu para o quartel a fim de avisar Paulo. 17 Paulo, então, chamou um dos oficiais e disse:
—Leve este rapaz até o comandante, pois tem uma coisa para dizer a ele.
18 O oficial levou o rapaz até o comandante e disse:
—O prisioneiro Paulo me chamou e pediu que eu trouxesse este rapaz até o senhor pois parece que ele tem alguma coisa para lhe dizer.
19 O comandante levou o rapaz pela mão até um lugar onde poderiam conversar e lhe perguntou:
—O que você quer me dizer, rapaz?
20 Ele disse:
—Os judeus combinaram pedir ao senhor que levasse Paulo até o Conselho amanhã com a desculpa de querer examinar o caso dele mais de perto. 21 Não acredite nisso! Mais de quarenta homens estão escondidos à espera de Paulo para matá-lo. Eles fizeram um juramento de não comer nem beber nada até que o matem. Está tudo pronto; eles só precisam da sua permissão.
22 O comandante, então, disse:
—Você pode ir embora agora, mas não diga a ninguém que me contou essas coisas.
Paulo é enviado ao governador Félix
23 Depois que o rapaz foi embora, o comandante mandou chamar dois oficiais e disse:
—Preparem duzentos soldados, setenta cavaleiros e duzentos lanceiros para ir até a cidade de Cesareia. Estejam prontos às nove horas da noite. 24 Mandem preparar um cavalo para Paulo e levem-no em segurança até o governador Félix.
25 Depois disto, o comandante escreveu esta carta:
26 De Cláudio Lísias, ao excelentíssimo governador Félix.
Saudações!
27 Este homem foi agarrado pelos judeus, e eles estavam prestes a matá-lo quando, ao ficarmos sabendo que ele era cidadão romano, eu e meus soldados o tiramos das mãos deles. 28 Eu queria saber a razão pela qual eles o estavam acusando e, por isso, o levei ao Conselho Superior deles. 29 Lá percebi que as acusações contra ele diziam respeito à lei deles, mas que ele não era culpado pela nossa lei de nada que merecesse a morte ou a prisão. 30 Assim que fui informado de um plano traçado para tirar-lhe a vida, resolvi enviá-lo para aí. E também ordenei aos que o acusam que apresentem as suas queixas diante do senhor.
31 Os soldados cumpriram as ordens que receberam e, durante a noite, levaram Paulo para a cidade de Antipátride. 32 No dia seguinte, os cavaleiros seguiram com Paulo, mas o restante dos soldados retornou para o quartel. 33 Quando chegaram à cidade de Cesareia, eles deram a carta ao governador e também lhe entregaram Paulo. 34 O governador leu a carta e perguntou a Paulo de que província ele era. Quando soube que era da Cilícia, 35 disse:
—Eu o ouvirei assim que os homens que o acusam chegarem. Então mandou que Paulo fosse mantido preso no palácio de Herodes.
Paulo diante do governador Félix
24 Cinco dias depois, Ananias, o sumo sacerdote, chegou à cidade de Cesareia acompanhado de alguns líderes e de um advogado chamado Tértulo. Eles se apresentaram ao governador com acusações contra Paulo. 2 Este, então, foi chamado e Tértulo iniciou a sua acusação, dizendo:
—Graças ao senhor, nós temos atravessado um período de muita paz e muitas reformas que eram necessárias neste país foram feitas por causa da sua sabedoria. 3 Nós lhe somos muito gratos, excelentíssimo senhor governador, por tudo o que temos recebido em todas as situações e em todos os lugares. 4 Agora, para não detê-lo por muito tempo, eu lhe peço que tenha a bondade de nos ouvir apenas por um pouco mais. 5 Nós sabemos que este homem é uma peste e que provoca desordens entre os judeus espalhados por todas as partes do mundo. Sabemos também que ele é o líder da seita dos nazarenos. 6 Ele tentou até profanar o templo, e foi por isso que nós o prendemos.[w] 8 Interrogue-o o senhor mesmo! Assim o senhor tomará conhecimento de todas as coisas de que nós o acusamos.
9 Os judeus também concordaram na acusação, afirmando que estas coisas eram assim.
A defesa de Paulo
10 Depois disto, o governador fez um sinal com a mão para que Paulo falasse. Então Paulo disse:
—Eu sei que o senhor tem julgado esta nação por muitos anos, por isso é com muito prazer que faço minha defesa na sua presença. 11 Como o senhor pode verificar, não faz mais de doze dias que fui para Jerusalém para adorar a Deus. 12 Quando eles me encontraram no templo, eu não estava discutindo com ninguém. Eles também não me viram provocando desordens entre o povo nem nas sinagogas e em nenhum outro lugar da cidade. 13 Eles não podem nem sequer lhe provar as acusações que estão fazendo contra mim. 14 O que eu tenho que confessar ao senhor é: Eu adoro ao Deus de nossos antepassados de acordo com o Caminho[x], o qual eles dizem ser falso. Acredito em tudo o que a lei de Moisés diz e em tudo o que está escrito nos livros dos profetas. 15 Tenho a mesma esperança em Deus que eles também têm, isto é, que todos iremos ressuscitar, tanto os que são leais a Deus como os que não são leais a ele. 16 Portanto, faço o possível para fazer o que eu acredito que seja correto tanto diante de Deus como diante das pessoas.
17 —Tenho estado fora de Jerusalém por muitos anos e voltei para trazer alguma ajuda ao meu próprio povo e também para oferecer sacrifícios. 18 E era exatamente isso que eu estava fazendo no templo, depois de já ter sido purificado[y], quando eles me encontraram. Não havia multidão ou mesmo desordem alguma. 19 Alguns judeus da Ásia que estavam lá é que deveriam vir à sua presença para me acusar, se é que eles têm alguma coisa contra mim. 20 Ou mesmo estes homens que estão aqui digam que mal acharam em mim quando estive diante do Conselho Superior, 21 exceto uma coisa que eu gritei enquanto estava entre eles, que foi: “É por causa da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado por vocês hoje”.
Paulo diante de Félix e Drusila
22 Quando Félix, que estava bem informado a respeito do Caminho, ouviu isso, adiou a audiência e disse:
—Decidirei o seu caso quando o comandante Lísias chegar.
23 Depois, chamou o oficial e lhe deu estas ordens:
—Mantenha Paulo sob vigilância, mas dê-lhe alguma liberdade. Permita também que os amigos dele lhe tragam o que ele precisar.
24 Alguns dias depois, chegando Félix com sua esposa Drusila, que era judia, mandou chamar Paulo e o ouviu falar a respeito da fé em Cristo Jesus. 25 Quando Paulo lhes falou a respeito de justiça, de domínio próprio e de julgamento futuro, Félix ficou com medo e disse:
—Você pode ir embora agora. Eu voltarei a chamá-lo quando tiver outra oportunidade.
26 Félix esperava que Paulo lhe desse algum dinheiro, por isso mandou chamá-lo várias vezes para conversar com ele. 27 Dois anos se passaram. Pórcio Festo assumiu o cargo de governador e Félix, querendo garantir o apoio dos judeus, deixou o posto mantendo também Paulo na prisão.
Paulo diante do governador Festo
25 Três dias depois de ter chegado para ocupar o cargo de governador, Festo foi de Cesareia para Jerusalém. 2 Lá, os líderes dos sacerdotes e os judeus mais importantes da cidade lhe apresentaram as acusações que tinham contra Paulo. Eles também lhe pediram 3 que lhes fizesse este favor: que enviasse Paulo para Jerusalém. (Eles estavam preparando uma cilada para matá-lo durante a viagem.) 4 Festo, porém, disse:
—Paulo está preso em Cesareia e eu pretendo voltar para lá em breve. 5 Que alguns dos seus líderes me acompanhem até lá e o acusem, se é que ele fez alguma coisa errada.
6 Festo ficou com eles não mais do que oito ou dez dias e depois partiu para Cesareia. No dia seguinte, ele tomou o seu lugar no tribunal e mandou que Paulo fosse levado até lá. 7 Quando Paulo chegou, os judeus que tinham ido de Jerusalém o rodearam e começaram a acusá-lo de várias coisas graves, as quais não eram capazes de provar. 8 Paulo, então, defendendo-se, disse:
—Eu não fiz nada de errado nem contra a lei dos judeus, nem contra o templo e nem contra o Imperador.
9 Festo, porém, querendo agradar aos judeus, disse a Paulo:
—Você quer ir até Jerusalém e ser julgado ali por mim a respeito destas coisas?
10 Paulo respondeu:
—Eu estou diante do tribunal do Imperador e é aqui que devo ser julgado. O senhor sabe muito bem que eu não cometi crime algum contra os judeus. 11 Se sou culpado de alguma coisa errada, ou se fiz alguma coisa pela qual mereça a morte, eu estou pronto para morrer. Mas, se as acusações que estes homens estão fazendo contra mim não são verdadeiras, ninguém pode me entregar a eles. Eu apelo para ser julgado pelo Imperador.
12 Depois de conversar com seus conselheiros, Festo disse:
—Você apelou para ser julgado pelo Imperador, para o Imperador você irá.
Paulo se defende diante do rei Agripa
13 Alguns dias depois, o rei Agripa e Berenice chegaram a Cesareia para cumprimentar a Festo. 14 Como eles permanecessem lá por vários dias, Festo apresentou o caso de Paulo ao rei, dizendo:
—Está aqui um homem que foi deixado prisioneiro por Félix. 15 Quando estive em Jerusalém, os líderes dos sacerdotes e os líderes dos judeus me apresentaram muitas acusações contra ele e pediram que fosse condenado. 16 Eu disse a eles que os romanos não costumam entregar ninguém sem primeiro haver um encontro, frente a frente, entre o acusado e os que o acusam. Dessa forma o acusado tem a chance de se defender das acusações. 17 Eles vieram comigo até aqui e eu não perdi tempo; no dia seguinte, tomei o meu lugar no tribunal e mandei que o homem fosse trazido. 18 Os homens que estavam contra ele se levantaram e começaram a acusá-lo, mas não mencionaram nenhum grande crime, como eu pensei que eles fossem fazer. 19 Ao invés disso eles começaram a discutir com Paulo a respeito de coisas ligadas à religião deles e a respeito de um homem morto chamado Jesus, a quem Paulo afirmava estar vivo. 20 Como eu não sabia o que fazer num caso destes, perguntei a Paulo se ele queria ir a Jerusalém para ser julgado lá a respeito destas coisas. 21 Ele, porém, apelou para ficar em custódia para o julgamento do Imperador. Então, eu ordenei que continuasse preso até que eu o enviasse ao Imperador.
22 Depois de ouvir estas coisas, o rei Agripa disse a Festo:
—Eu gostaria de ouvir esse homem.
Ao que Festo disse:
—O senhor o ouvirá amanhã.
23 Então, no dia seguinte, Agripa e Berenice chegaram com grande pompa e entraram na sala da audiência juntamente com os comandantes militares e com os homens mais importantes da cidade. Festo mandou que Paulo fosse levado até aquele auditório 24 e depois disse:
—Rei Agripa e todos os que estão presentes aqui! Vejam este homem! Toda a comunidade dos judeus, tanto daqui de Cesareia como da cidade de Jerusalém, recorreu a mim gritando que este homem devia morrer. 25 Eu, entretanto, não acho que ele tenha feito nada que mereça a morte. Ele apelou para ser julgado pelo imperador e eu, então, decidi enviá-lo ao Imperador. 26 Eu não tenho nada de concreto para escrever a respeito dele ao soberano. Por isso resolvi trazê-lo diante de todos aqui hoje, e especialmente diante do senhor, rei Agripa, para que, depois do interrogatório, eu tenha alguma coisa para escrever. 27 Pois me parece absurdo mandar um prisioneiro para julgamento sem indicar as acusações feitas contra ele.
A defesa de Paulo
26 Então Agripa disse a Paulo:
—Agora você pode se defender.
Paulo estendeu a mão e começou a sua defesa:
2 —Rei Agripa. Estou muito feliz por ser diante do senhor que vou apresentar hoje minha defesa contra todas as coisas das quais os judeus estão me acusando, 3 especialmente levando-se em conta todo o seu conhecimento a respeito de todos os costumes e problemas dos judeus. Portanto, lhe peço que me escute com paciência.
4 —Todos os judeus sabem como eu tenho vivido em meu país e em Jerusalém desde que era jovem. 5 Eles me conhecem há muito tempo e podem, se quiserem, testemunhar que vivi como fariseu. Os fariseus são a seita mais rigorosa da nossa religião. 6 Hoje eu estou sendo julgado por causa da esperança que tenho na promessa que Deus fez a nossos antepassados. 7 As doze tribos de Israel servem a Deus dia e noite na esperança de receber essa mesma promessa. E é por causa dessa esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus. 8 Por que parece inacreditável a vocês que Deus ressuscite os mortos? 9 Eu mesmo pensava que tinha de fazer tudo o que pudesse contra o nome de Jesus de Nazaré 10 e foi exatamente isso o que fiz em Jerusalém. Eu recebi uma autorização dos líderes dos sacerdotes e, com ela, coloquei muitos do povo de Deus na prisão. Quando eles eram condenados à morte, o meu voto também estava contra eles. 11 Muitas vezes eu os castiguei por todas as sinagogas e tentei até forçá-los a insultar Jesus. Eu estava tão enfurecido contra eles que continuava a persegui-los mesmo em cidades estrangeiras.
12 —Numa dessas viagens, quando ia para a cidade de Damasco, eu levava uma autorização e também ordens dos líderes dos sacerdotes. 13 Era por volta do meio-dia e eu já estava a caminho quando vi, ó rei, uma luz do céu. Ela brilhava mais que o sol e iluminou a mim e a todos os que estavam comigo. 14 Todos nós caímos ao chão e então ouvi uma voz que me dizia, em hebraico: “Saulo, Saulo, por que você me persegue? Você está machucando a si mesmo, como o boi que dá coice contra a ponta do ferrão”.
15 —Então perguntei: “Quem é o senhor?” E ele me respondeu: “Eu sou Jesus, a quem você está perseguindo. 16 Mas levante-se e fique de pé. Eu apareci a você para que me sirva de servo e testemunha, tanto com relação ao que você já viu como também com relação ao que eu ainda vou lhe mostrar. 17 Vou livrá-lo tanto dos povos judeus como também dos que não são judeus, para os quais vou mandá-lo. 18 Eu vou mandá-lo a eles para que você lhes abra os olhos a fim de que eles se voltem da escuridão para a luz e do poder de Satanás para Deus. Dessa forma, pela fé em mim, eles receberão perdão dos seus pecados e passarão a fazer parte do povo santo de Deus”.
19 —Portanto, Rei Agripa, eu obedeci à visão celestial que tive. 20 Comecei a anunciar aos de Damasco. De lá fui para a cidade de Jerusalém e, depois, viajei por toda a região da Judeia, anunciando inclusive para os que não são judeus. Eu anunciava que eles deviam mudar a sua forma de pensar e de viver e voltar para Deus. Também que tudo o que fizessem deveria mostrar que eles estavam realmente arrependidos. 21 Foi por esse motivo que os judeus me agarraram quando eu estava no templo e tentaram me matar. 22 Mas Deus tem me ajudado muito até hoje e é por isso que eu agora estou aqui, testemunhando a respeito dele tanto para os que são de condição simples como para os que são importantes. Eu nunca disse nada que fosse além daquilo que tanto os profetas como Moisés já disseram, 23 isto é, que Cristo iria sofrer e que iria ser o primeiro a ser ressuscitado e que assim anunciaria a luz tanto para os que são judeus como para os que não são judeus.
24 Paulo estava dizendo estas coisas em sua defesa quando Festo gritou:
—Você está louco, Paulo! Você estudou tanto que ficou maluco!
25 Mas Paulo disse:
—Eu não estou maluco, Excelentíssimo Festo. As coisas que eu estou dizendo são verdade e de bom senso. 26 O próprio rei Agripa aqui presente sabe a respeito dessas coisas e eu tenho certeza de que nenhuma delas escapou ao conhecimento dele, pois nada foi feito às escondidas. É por isso que eu posso falar ao rei abertamente. 27 Ó rei Agripa, acredita nos profetas? Eu sei que o senhor acredita.
28 Então o rei disse a Paulo:
—Você acha que assim, em pouco tempo, pode me persuadir a me tornar cristão?
29 Paulo respondeu:
—Assim Deus permitisse que, em pouco ou muito tempo, não apenas o senhor, ó rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem como eu sou, só que sem estas correntes.
30 Então o rei Agripa, o governador, Berenice e todos os que estavam sentados com ele se levantaram 31 e saíram do auditório, comentando uns com os outros:
—Esse homem não fez nada para merecer a morte e nem mesmo a prisão.
32 E Agripa disse a Festo:
—Este homem já podia estar solto se não tivesse pedido para ser julgado pelo Imperador.
A viagem a Roma
27 Ficou então decidido que navegaríamos para a Itália. Paulo e alguns dos outros presos foram entregues a um oficial chamado Júlio, o qual pertencia ao Regimento Imperial. 2 Embarcamos num navio que estava pronto para partir da cidade de Adramítio para costear a região da Ásia. Aristarco, um macedônio da cidade de Tessalônica, estava conosco. 3 No dia seguinte, chegamos ao porto de Sidom. Júlio tratava Paulo com bondade, permitindo inclusive que ele fosse ver seus amigos e que recebesse deles o que precisasse. 4 De lá nós partimos e navegamos sob a proteção da ilha de Chipre, pois o vento nos era contrário. 5 Atravessamos os mares do litoral da Cilícia e da Panfília e chegamos à Mirra, cidade da região da Lícia. 6 Ali o oficial encontrou um barco da cidade de Alexandria com destino à Itália e nos embarcou nele.
7 Navegamos muito lentamente durante vários dias e foi a muito custo que chegamos perto da cidade de Cnido. O vento, porém, não nos deixava continuar nessa direção. Então navegamos sob a proteção da ilha de Creta, passando pelo porto de Salmona. 8 Assim fomos navegando bem perto do litoral e, ainda com dificuldade, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, localizado perto da cidade de Laseia.
9 Tinha-se perdido muito tempo e agora se tornava perigoso navegar, pois o período do jejum[z] já tinha passado. Paulo, então, avisou a todos, 10 dizendo:
—Homens! Vejo que a nossa viagem será terrível e que trará muitos prejuízos, não somente para a carga e para o barco, como também para as nossas próprias vidas.
11 Mas o oficial romano dava mais crédito ao piloto e ao dono do navio do que ao que Paulo dizia. 12 Como o porto onde nós estávamos não era seguro para se passar o inverno, a maioria decidiu partir e tentar chegar à cidade de Fenice e passar o inverno ali. Fenice é um porto da ilha de Creta voltado para o sudoeste e para o noroeste.
A tempestade no mar
13 Um vento fraco começou a soprar do sul. Então todos pensaram que poderiam seguir viagem tranquilamente. Eles levantaram âncora e se puseram a navegar ao longo do litoral de Creta. 14 Pouco depois, porém, um vento muito forte chamado “Nordeste” veio da ilha. Ele era tão forte como um furacão, 15 e arrastou o navio de tal maneira que não conseguíamos avançar contra ele. Então desistimos e nos deixamos levar pelo vento. 16 Protegidos do vento por uma pequena ilha chamada Cauda, conseguimos, com muita dificuldade, amarrar o bote salva-vidas. 17 Depois de terem suspendido o bote, os marinheiros amarraram o navio com cabos de segurança. Eles tinham medo de que ele fosse levado para a costa e que ficasse encalhado em Sirte[aa]. Depois baixaram a vela e deixaram que o navio fosse levado pelo vento. 18 No dia seguinte, como o vento continuava a soprar fortemente, eles começaram a jogar a carga no mar.[ab] 19 E, no terceiro dia, eles, com as próprias mãos, atiraram a aparelhagem do navio no mar. 20 Durante muitos dias, não pudemos ver o sol, nem as estrelas, e o vento continuava soprando forte. Finalmente, perdemos toda a esperança de sermos salvos.
21 Como estávamos muito tempo sem comer nada, Paulo ficou de pé no meio deles, e disse:
—Homens, vocês deveriam ter me escutado e ficado em Creta. Assim se teria evitado este dano e perda. 22 Agora, porém, é preciso que vocês se alegrem pois nenhum de vocês morrerá, mas somente o barco se perderá. 23 Digo isto porque ontem à noite um anjo de Deus, a quem eu pertenço e sirvo, apareceu junto a mim 24 e me disse: “Não tenha medo, Paulo, pois você deve aparecer diante do Imperador e Deus, em sua bondade, lhe concedeu as vidas de todos os que estão navegando com você”. 25 Portanto, alegrem-se, homens! Eu tenho fé em Deus e creio que ele fará exatamente como o anjo me disse. 26 Mas nós temos que encalhar numa ilha.
27 Na décima quarta noite, estávamos sendo levados pelo vento através do Mar Adriático quando, por volta da meia-noite, os marinheiros perceberam que estávamos nos aproximando da terra. 28 Então, jogaram o prumo e viram que ali a água tinha cerca de 40 metros[ac] de profundidade. Pouco tempo depois, eles mediram outra vez e deu cerca de 30 metros[ad]. 29 Eles começaram a ficar com medo que o barco batesse contra as rochas. Então foram até a parte de trás do navio e jogaram quatro âncoras no mar. Depois disso começaram a orar para que o dia clareasse logo. 30 Os marinheiros tentaram escapar do navio. Eles baixaram o bote salva-vidas no mar fingindo estarem jogando a âncora na parte dianteira do barco. 31 Paulo, porém, disse ao oficial romano e aos soldados:
—Se esses homens não ficarem no navio, vocês não conseguirão se salvar.
32 Os soldados, então, cortaram as cordas do bote salva-vidas e deixaram que ele caísse ao mar.
33 Um pouco antes de amanhecer, Paulo pediu a todos que comessem alguma coisa, dizendo:
—Já faz duas semanas que vocês têm esperado sem comer nada. 34 Agora, porém, eu lhes peço que comam alguma coisa. Vocês precisam se alimentar para continuar vivendo, pois nenhum de vocês perderá sequer um fio de cabelo.
35 Depois de dizer isto, Paulo pegou um pedaço de pão e, agradecendo a Deus diante de todos, o partiu e começou a comer. 36 Todos se sentiram encorajados e também comeram um pouco. 37 Éramos ao todo duzentas e setenta e seis pessoas no barco. 38 Depois de terem comido o suficiente, eles jogaram o restante do trigo no mar a fim de aliviar o peso do navio.
O naufrágio
39 Quando amanheceu, eles não reconheceram a terra, mas viram certa baía com praia e resolveram fazer o possível para que o navio encalhasse lá. 40 Eles cortaram as âncoras e deixaram que elas caíssem no mar e também desamarraram as cordas que prendiam os remos. Depois eles levantaram a vela do lado dianteiro do navio ao vento e se dirigiram para a praia. 41 Porém bateram contra um banco de areia e o navio ficou encalhado. A parte da frente ficou presa e imóvel, e a parte de trás começou a se arrebentar por causa da força das ondas.
42 Os soldados, então, resolveram matar todos os prisioneiros, para que eles não nadassem para a terra e fugissem. 43 O oficial romano, porém, queria salvar Paulo e impediu que os soldados levassem seu plano adiante. Ele ordenou a todos aqueles que soubessem nadar que se atirassem primeiro no mar e que nadassem para a terra. 44 Mandou também que todos os outros seguissem agarrados em tábuas ou em pedaços do navio. Assim todos chegamos à terra sãos e salvos.
Paulo na Ilha de Malta
28 Quando já estávamos todos a salvo soubemos que a ilha se chamava Malta. 2 Os nativos da ilha nos receberam e nos trataram muito bem. Como começava a chover e fazia frio, eles nos fizeram uma grande fogueira. 3 Paulo ajuntou um feixe de galhos e, depois de jogá-los no fogo, uma víbora, por causa do calor, se prendeu na mão dele. 4 Ao verem a cobra pendurada em sua mão, os nativos comentaram uns com os outros:
—Este homem deve ser um assassino. Ele escapou do mar, mas mesmo assim a Justiça[ae] não permite que continue vivendo.
5 Paulo, porém, sacudiu a cobra para dentro da fogueira sem sofrer nada. 6 Os nativos esperavam que ele fosse inchar ou cair morto de repente. Mas, como não aconteceu nada, mesmo depois de terem esperado por um longo tempo, eles mudaram de ideia e começaram a dizer que Paulo era um deus.
7 Perto daquele lugar, havia alguns campos que pertenciam a Públio, o chefe da ilha. Ele nos recebeu em sua casa e nos hospedou durante três dias. 8 O pai de Públio estava de cama, doente com febre e com disenteria. Paulo, então, foi visitá-lo e, depois de orar, colocou suas mãos sobre ele e o curou. 9 Quando isto aconteceu, todos os outros doentes da ilha vieram e foram curados. 10 Eles nos prestaram muitas honras e, quando embarcamos, nos deram tudo de que precisávamos.
A viagem de Malta para Roma
11 Depois de três meses, partimos num barco de Alexandria que tinha passado o inverno na ilha. O emblema do barco era Dióscuros.[af] 12 Chegamos à cidade de Siracusa, onde permanecemos por três dias. 13 Depois seguimos a viagem e chegamos à cidade de Régio. No dia seguinte começou a soprar um vento do sul e em dois dias chegamos à cidade de Potéoli. 14 Lá encontramos alguns irmãos e eles nos pediram que ficássemos com eles por uma semana. E foi assim que chegamos a Roma. 15 Os irmãos em Roma ouviram falar de nós e vieram ao nosso encontro à Praça de Ápio[ag] e às Três Vendas[ah]. Quando Paulo os viu, ele agradeceu a Deus e se sentiu mais animado.
Paulo em Roma
16 Ao chegar a Roma, foi permitido a Paulo viver sozinho, com um soldado de guarda.
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