Print Page Options
Previous Prev Day Next DayNext

Bible in 90 Days

An intensive Bible reading plan that walks through the entire Bible in 90 days.
Duration: 88 days
Nova Versão Transformadora (NVT)
Version
1 Samuel 2:30-15:35

30 “Portanto, assim declara o Senhor, Deus de Israel: Prometi que membros de sua família, da tribo de Levi,[a] sempre seriam meus sacerdotes. Agora, porém, declara o Senhor: Isso não acontecerá! Honrarei aqueles que me honram, e desprezarei aqueles que me desprezam. 31 Está chegando o tempo em que acabarei com a força de sua família, e nenhum de seus descendentes chegará à velhice. 32 Você verá a aflição de minha casa, e, quando eu trouxer todo o bem sobre Israel, ninguém em sua família chegará à velhice para testemunhar! 33 Sobreviverão os poucos que eu não eliminar do serviço em meu altar, mas seus olhos ficarão cegos e seu coração se partirá, e seus filhos morrerão pela espada.[b] 34 E, para provar que minhas palavras se cumprirão, farei que seus dois filhos, Hofni e Fineias, morram no mesmo dia!

35 “Então levantarei um sacerdote fiel que me servirá e fará tudo que desejo. Estabelecerei a família dele, e eles serão sacerdotes diante do meu ungido para sempre. 36 Então todos que restarem de sua família se curvarão diante dele, mendigando dinheiro e alimento e pedindo: ‘Por favor, consiga para nós algum trabalho entre os sacerdotes, para termos o que comer’”.

O Senhor fala com Samuel

Enquanto isso, o menino Samuel servia ao Senhor ajudando Eli. Naqueles dias, as mensagens do Senhor eram muito raras, e visões não eram comuns.

Certa noite, Eli, que estava quase cego, tinha ido se deitar. A lâmpada de Deus ainda não havia se apagado, e Samuel dormia na casa do Senhor, onde estava a arca de Deus. De repente, o Senhor chamou: “Samuel!”.

O menino respondeu: “Estou aqui!”. Ele se levantou e correu até onde estava Eli. “Estou aqui! O senhor me chamou?”

“Não o chamei”, respondeu Eli. “Volte para a cama.” E Samuel voltou a se deitar.

Então o Senhor o chamou novamente: “Samuel!”.

Mais uma vez, Samuel se levantou e foi até Eli. “Estou aqui! O senhor me chamou?”

Mas Eli respondeu: “Meu filho, não o chamei. Volte para a cama”.

Samuel ainda não conhecia o Senhor, porque nunca havia recebido uma mensagem dele. O Senhor o chamou pela terceira vez, e novamente Samuel se levantou e foi até Eli. “Estou aqui! O senhor me chamou?”

Então Eli entendeu que era o Senhor que chamava o menino. Por isso, disse a Samuel: “Vá e deite-se novamente. Se alguém o chamar, diga: ‘Fala, Senhor, pois teu servo está ouvindo’”. E Samuel voltou para a cama.

10 Então o Senhor veio e o chamou, como antes: “Samuel! Samuel!”.

Samuel respondeu: “Fala, pois teu servo está ouvindo”.

11 Então o Senhor disse a Samuel: “Estou prestes a realizar algo em Israel que fará tinir os ouvidos daqueles que ouvirem a respeito. 12 Cumprirei do começo ao fim todas as ameaças que fiz contra Eli e sua família. 13 Eu o adverti de que castigaria sua família para sempre, pois seus filhos blasfemaram contra Deus,[c] e ele não os repreendeu por seus pecados. 14 Por isso, jurei que os pecados de Eli e de seus filhos jamais serão perdoados por meio de sacrifícios nem de ofertas”.

Samuel fala em nome do Senhor

15 Samuel ficou deitado até de manhã, e então se levantou e abriu as portas da casa do Senhor. Estava com medo de contar para Eli a visão que tivera. 16 Mas Eli o chamou: “Samuel, meu filho”.

“Estou aqui”, respondeu Samuel.

17 “O que o Senhor lhe disse?”, perguntou Eli. “Conte-me tudo. E que o Senhor o castigue severamente se você esconder de mim alguma coisa do que ele disse!” 18 Então Samuel contou tudo a Eli e não escondeu nada. Eli respondeu: “É a vontade do Senhor. Que ele faça o que lhe parecer melhor”.

19 À medida que Samuel crescia, o Senhor estava com ele, e todas as suas palavras se cumpriam. 20 E todo o Israel, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, sabia que Samuel havia sido confirmado como profeta do Senhor. 21 O Senhor continuou a aparecer em Siló e a transmitir mensagens a Samuel ali.

E as palavras de Samuel chegavam a todo o povo de Israel.

Os filisteus tomam a arca

Naquele tempo, Israel estava em guerra com os filisteus. O exército israelita tinha acampado perto de Ebenézer, e os filisteus acamparam em Afeque. Os filisteus atacaram e derrotaram o exército de Israel, matando cerca de quatro mil homens. Terminada a batalha, os soldados voltaram para o acampamento, e as autoridades de Israel se perguntaram: “Por que o Senhor causou nossa derrota diante dos filisteus? Vamos trazer a arca da aliança do Senhor desde Siló, para que esteja conosco e nos livre do poder do inimigo!”.

Então enviaram homens a Siló para trazer a arca da aliança do Senhor dos Exércitos, que está entronizado entre os querubins. Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, acompanharam a arca da aliança de Deus. Quando todos os israelitas viram a arca da aliança do Senhor entrando no acampamento, soltaram gritos de alegria tão altos que fizeram o chão tremer.

“O que está acontecendo?”, perguntaram os filisteus. “Que significam esses gritos no acampamento dos hebreus?” Quando souberam que era porque a arca do Senhor havia chegado, entraram em pânico. “Os deuses vieram[d] ao acampamento deles!”, disseram. “Estamos perdidos! Nunca enfrentamos uma coisa assim antes! Estamos perdidos! Quem nos salvará desses deuses poderosos? São os mesmos deuses que destruíram os egípcios com pragas, quando Israel estava no deserto. Tenham coragem, filisteus! Sejam homens! Do contrário, acabaremos como escravos dos hebreus, assim como eles se tornaram nossos escravos. Sejam homens e lutem!”

10 Então os filisteus saíram para a batalha, e Israel foi derrotado. A matança foi grande: trinta mil soldados israelitas morreram naquele dia. Os sobreviventes deram meia-volta e fugiram para suas tendas. 11 A arca de Deus foi tomada, e Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli, foram mortos.

A morte de Eli

12 Um homem da tribo de Benjamim correu do campo de batalha e chegou a Siló ainda naquele dia. Tinha rasgado suas roupas e colocado pó sobre a cabeça. 13 Eli estava sentado numa cadeira, ao lado da estrada, esperando para ouvir as notícias da batalha, pois seu coração tremia pela segurança da arca de Deus. Quando o mensageiro chegou e contou o que havia acontecido, gritos ressoaram por toda a cidade.

14 Eli ouviu os gritos e perguntou: “O que é esse barulho todo?”.

O mensageiro correu até Eli e contou-lhe a notícia. 15 Eli estava com 98 anos e já não conseguia enxergar. 16 “Acabo de chegar do campo de batalha”, disse o mensageiro. “Fugi de lá hoje mesmo.”

Eli perguntou: “O que aconteceu, meu filho?”.

17 O mensageiro respondeu: “Israel foi derrotado pelos filisteus, e o povo foi massacrado. Seus dois filhos, Hofni e Fineias, também morreram, e a arca de Deus foi tomada”.

18 Quando ele mencionou o que havia acontecido com a arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, ao lado do portão. Quebrou o pescoço e morreu, pois era velho e pesado. Havia sido juiz em Israel durante quarenta anos.

19 A nora de Eli, esposa de Fineias, estava grávida e perto de dar à luz. Quando soube que a arca de Deus havia sido tomada e que o sogro e o marido estavam mortos, teve contrações violentas e deu à luz. 20 Ela morreu no parto, mas antes de falecer as parteiras tentaram animá-la. “Não tenha medo!”, disseram. “Você teve um menino!” Mas ela não respondeu nem se importou.

21 Deu ao menino o nome de Icabode,[e] e disse: “Foi-se embora a glória de Israel”, pois a arca de Deus havia sido tomada, e seu sogro e seu marido estavam mortos. 22 Disse ainda: “Foi-se embora a glória de Israel, pois a arca de Deus foi tomada!”.

A arca em território filisteu

Depois que tomaram a arca de Deus, os filisteus a levaram do campo de batalha em Ebenézer para a cidade de Asdode. Levaram a arca de Deus para o templo de Dagom e a colocaram ao lado de uma estátua de Dagom. Contudo, na manhã seguinte, quando os moradores de Asdode se levantaram, viram que Dagom estava caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor. Então levantaram Dagom e o puseram de volta em seu lugar. Na manhã do outro dia, porém, viram que tinha acontecido a mesma coisa: Dagom estava caído novamente com o rosto em terra diante da arca do Senhor. Dessa vez, a cabeça e as mãos de Dagom tinham se quebrado e estavam junto à porta de entrada. Somente o corpo permaneceu intacto. Por isso, até hoje os sacerdotes de Dagom e aqueles que entram em seu templo, em Asdode, não pisam na soleira da porta.

Então a mão do Senhor pesou sobre os moradores de Asdode e dos povoados vizinhos e os feriu com uma praga de tumores.[f] Quando o povo de Asdode viu o que estava acontecendo, exclamou: “Não podemos mais ficar com a arca do Deus de Israel! A mão dele pesou sobre nós e sobre Dagom, nosso deus!”. Então reuniram os governantes das cidades dos filisteus e lhes perguntaram: “O que devemos fazer com a arca do Deus de Israel?”.

Os governantes responderam: “Levem a arca para a cidade de Gate”. Então levaram a arca do Deus de Israel para Gate. Mas, quando a arca chegou a Gate, a mão do Senhor pesou sobre a cidade, ferindo com uma praga de tumores os homens de lá, tanto os jovens como os velhos, e houve grande pânico.

10 Por isso, enviaram a arca de Deus para a cidade de Ecrom, mas quando os habitantes dali viram que ela entrava na cidade, exclamaram: “Por que estão trazendo a arca do Deus de Israel para cá? Querem matar todo o nosso povo?”. 11 Reuniram mais uma vez os governantes filisteus e suplicaram: “Mandem a arca do Deus de Israel de volta para sua própria terra, para que não mate todo o nosso povo!”. Pois a mão de Deus já pesava sobre a cidade, e um pavor mortal se espalhava por todo o lugar. 12 Os que não morreram foram afligidos com tumores, e o clamor da cidade subiu até o céu.

Os filisteus devolvem a arca

Ao todo, a arca do Senhor permaneceu sete meses em território filisteu. Então os filisteus chamaram seus sacerdotes e adivinhos e lhes perguntaram: “O que faremos com a arca do Senhor? Digam-nos como devemos mandá-la de volta para sua própria terra”.

Eles responderam: “Se vocês vão mandar a arca do Deus de Israel de volta, enviem com ela uma oferta pela culpa, para que cesse a praga. Então, se forem curados, saberão que foi a mão dele que causou a praga”.

“Que tipo de oferta pela culpa devemos enviar?”, perguntaram os filisteus.

Eles responderam: “Uma vez que a mesma praga atingiu vocês e seus cinco governantes, façam cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, como os que devastaram sua terra. Façam essas imagens de tumores e de ratos para demonstrar honra ao Deus de Israel. Quem sabe ele pare de afligir vocês, seus deuses e sua terra! Não endureçam o coração como fizeram o faraó e os egípcios, que só deixaram Israel partir quando Deus os castigou severamente.

“Agora, construam uma carroça nova e escolham duas vacas que tenham acabado de dar cria e sobre as quais nunca tenha sido colocada a canga de um arado. Atrelem as vacas à carroça, mas prendam num curral os bezerros recém-nascidos. Coloquem a arca do Senhor sobre a carroça e, ao lado dela, ponham uma caixa com os objetos de ouro que vocês enviarão como oferta pela culpa. Então deixem as vacas irem para onde quiserem. Se elas atravessarem a fronteira de nossa terra e se dirigirem a Bete-Semes, saberemos que foi o Senhor que trouxe sobre nós essa grande calamidade. Do contrário, saberemos que não foi a mão dele que pesou sobre nós, mas que isso aconteceu por acaso”.

10 Os filisteus seguiram as instruções. Atrelaram duas vacas à carroça e prenderam num curral os bezerros recém-nascidos. 11 Colocaram sobre a carroça a arca do Senhor e a caixa com os ratos de ouro e os tumores de ouro. 12 E, de fato, as vacas não se desviaram nem para um lado nem para o outro, mas seguiram direto pela estrada para Bete-Semes, mugindo por todo o caminho. Os governantes filisteus as acompanharam até a fronteira de Bete-Semes.

13 Os moradores de Bete-Semes estavam colhendo trigo no vale e, quando viram a arca, se encheram de alegria. 14 A carroça entrou no campo de um homem chamado Josué e parou ao lado de uma grande pedra. Então o povo quebrou a madeira da carroça para fazer fogo, matou as vacas e as ofereceu ao Senhor como holocausto. 15 Os homens da tribo de Levi retiraram da carroça a arca do Senhor e a caixa com os objetos de ouro e os colocaram sobre a grande pedra. Naquele dia, o povo de Bete-Semes ofereceu ao Senhor sacrifícios e holocaustos. 16 Os cinco governantes filisteus viram tudo isso e, no mesmo dia, voltaram para Ecrom.

17 Os cinco tumores de ouro enviados pelos filisteus ao Senhor como oferta pela culpa eram presentes dos governantes de Asdode, Gaza, Ascalom, Gate e Ecrom. 18 Os cinco ratos de ouro representavam as cinco cidades filisteias e os povoados ao redor, controlados pelos cinco governantes. A grande pedra[g] sobre a qual a arca do Senhor foi colocada se encontra até hoje no campo de Josué, de Bete-Semes, como testemunha do que aconteceu ali.

A arca é levada para Quiriate-Jearim

19 O Senhor matou setenta homens[h] de Bete-Semes, porque olharam para dentro da arca do Senhor. E o povo chorou muito por causa da grande matança. 20 “Quem pode estar na presença do Senhor, este Deus santo?”, clamaram. “Para onde mandaremos a arca daqui?”

21 Então enviaram mensageiros ao povo de Quiriate-Jearim e disseram: “Os filisteus devolveram a arca do Senhor. Venham buscá-la!”.

Então os homens de Quiriate-Jearim foram buscar a arca do Senhor. Eles a levaram até a casa de Abinadabe, numa colina, e consagraram seu filho Eleazar para tomar conta da arca do Senhor. A arca permaneceu em Quiriate-Jearim por muito tempo: vinte anos no total. Durante esse período, todo o Israel lamentava à espera de alguma ação do Senhor.

Samuel conduz Israel à vitória

Então Samuel disse a todo o povo de Israel: “Se, de fato, vocês desejam de todo o coração voltar ao Senhor, livrem-se de seus deuses estrangeiros e de suas imagens de Astarote. Voltem o coração para o Senhor e obedeçam somente a ele; então ele os livrará das mãos dos filisteus”. Assim, os israelitas se desfizeram de suas imagens de Baal e de Astarote e serviram somente ao Senhor.

Então Samuel lhes disse: “Reúnam todo o Israel em Mispá, e eu orarei ao Senhor por vocês”. Eles se reuniram em Mispá e tiraram água do poço e a derramaram diante do Senhor. Também jejuaram o dia todo e confessaram que haviam pecado contra o Senhor. (Foi em Mispá que Samuel se tornou juiz em Israel.)

Quando os governantes filisteus ouviram que os israelitas haviam se reunido em Mispá, mobilizaram seu exército e avançaram. Ao saber que os filisteus se aproximavam, os israelitas ficaram muito assustados. “Não pare de clamar ao Senhor, nosso Deus, para que ele nos salve dos filisteus!”, imploraram a Samuel. Então Samuel escolheu um cordeiro que ainda mamava e o ofereceu ao Senhor como holocausto. Suplicou ao Senhor em favor de Israel, e o Senhor o atendeu.

10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os filisteus chegaram para atacar Israel. Naquele dia, porém, o Senhor falou do céu com voz poderosa de trovão, provocando pânico entre os filisteus, e eles foram derrotados diante dos israelitas. 11 Os soldados de Israel os perseguiram desde Mispá até um lugar abaixo de Bete-Car, matando-os ao longo do caminho.

12 Então Samuel pegou uma pedra grande e a colocou entre as cidades de Mispá e Jesana.[i] Deu à pedra o nome de Ebenézer,[j] pois disse: “Até aqui o Senhor nos ajudou!”.

13 Assim, os filisteus foram derrotados e não voltaram a invadir Israel por algum tempo. Durante toda a vida de Samuel, a mão do Senhor esteve contra os filisteus. 14 As cidades israelitas que os filisteus tinham conquistado entre Ecrom e Gate foram devolvidas a Israel, junto com o restante do território que os filisteus haviam tomado. E houve paz entre Israel e os amorreus naqueles dias.

15 Samuel continuou como juiz em Israel pelo resto de sua vida. 16 A cada ano, viajava pelo território e julgava o povo de Israel em três locais: primeiro em Betel, depois em Gilgal e, por fim, em Mispá. 17 Então voltava para sua casa em Ramá, de onde liderava Israel como juiz. Ali Samuel construiu um altar ao Senhor.

Israel pede um rei

Quando Samuel ficou idoso, nomeou seus filhos para serem juízes sobre Israel. Joel, seu filho mais velho, e Abias, o segundo mais velho, julgavam em Berseba, mas não eram como seu pai. Eram gananciosos, aceitavam subornos e pervertiam a justiça.

Por fim, as autoridades de Israel se reuniram em Ramá para discutir essa questão com Samuel. Eles disseram: “Olhe, o senhor está idoso e seus filhos não seguem seu exemplo. Escolha um rei para nos julgar, como ocorre com todas as outras nações”.

Samuel não gostou de que lhe tivessem pedido um rei e buscou a orientação do Senhor. O Senhor lhe respondeu: “Faça tudo que eles pedem, pois é a mim que rejeitam, e não a você. Eles me rejeitaram como seu rei. Desde que os tirei do Egito até hoje, eles têm me abandonado e seguido outros deuses. Agora, tratam você da mesma forma. Faça o que eles pedem, mas advirta-os solenemente a respeito de como o rei os governará”.

Samuel adverte o povo sobre o rei

10 Então Samuel transmitiu a advertência do Senhor ao povo que lhe pedia um rei. 11 Disse ele: “Este é o modo como o rei governará sobre vocês. Ele convocará seus filhos para servi-lo em seus carros de guerra e como seus cavaleiros e os fará correr à frente dos carros dele. 12 Colocará alguns como generais e capitães de seu exército,[k] obrigará outros a arar seus campos e a fazer as colheitas e forçará outros mais a fabricar armas e equipamentos para os carros de guerra. 13 Tomará suas filhas e as obrigará a cozinhar, assar pães e fazer perfumes para ele. 14 Tomará de vocês o melhor de seus campos, vinhedos e olivais e os dará aos servos dele. 15 Tomará um décimo de sua colheita de cereais e uvas para distribuir entre seus oficiais e servos. 16 Tomará seus escravos e escravas e o melhor do gado[l] e dos jumentos para uso próprio. 17 Exigirá um décimo de seus rebanhos, e vocês se tornarão escravos dele. 18 Quando esse dia chegar, lamentarão por causa desse rei que agora pedem, mas o Senhor não lhes dará ouvidos”.

19 Mas o povo se recusou a ouvir a advertência de Samuel. “Mesmo assim, queremos um rei”, disseram. 20 “Queremos ser como todas as nações ao nosso redor. Nosso rei nos julgará e nos conduzirá nas batalhas.”

21 Samuel repetiu para o Senhor aquilo que o povo tinha dito, 22 e o Senhor lhe respondeu: “Faça o que eles pedem e dê-lhes um rei”. Então Samuel ordenou aos israelitas que voltassem cada um para sua cidade.

Saul e Samuel se encontram

Havia um homem de alta posição chamado Quis, da tribo de Benjamim. Era filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afia, da tribo de Benjamim. Seu filho Saul era o jovem mais atraente de todo o Israel; era tão alto que os outros chegavam apenas a seus ombros.

Certo dia, as jumentas de Quis se perderam, e ele disse a Saul: “Leve um servo com você e vá procurar as jumentas”. Então Saul e o servo percorreram toda a região montanhosa de Efraim, a terra de Salisa, a região de Saalim e toda a terra de Benjamim, mas não encontraram as jumentas em parte alguma.

Por fim, chegaram à região de Zufe, e Saul disse ao servo: “Vamos voltar para casa. Não quero que meu pai fique mais preocupado comigo do que com as jumentas”.

O servo, porém, disse: “Tenho uma ideia! Nesta cidade mora um homem de Deus. O povo daqui o respeita muito, pois tudo que ele diz acontece. Vamos procurá-lo. Talvez ele possa nos dizer para onde devemos ir”.

Saul respondeu: “Está bem, vamos! Mas não temos nada a oferecer ao homem de Deus. Até nossa comida acabou, e não temos nada para lhe dar em troca”.

O servo disse: “Tenho comigo uma pequena quantidade de prata.[m] Pelo menos poderemos oferecer isso ao homem de Deus e ver o que acontece”. (Naquele tempo, em Israel, quando alguém queria receber uma mensagem de Deus, dizia: “Vamos perguntar ao vidente”, pois os profetas de hoje eram chamados de videntes.)

10 Saul concordou: “Está bem, vamos!”. Então foram para a cidade onde morava o homem de Deus.

11 Quando subiam a colina para chegar à cidade, encontraram algumas jovens descendo para buscar água. Então Saul e o servo lhes perguntaram: “O vidente está aqui hoje?”.

12 Elas responderam: “Sim, basta seguir em frente! Mas é preciso correr, porque ele acabou de chegar à cidade para realizar um sacrifício no lugar de adoração. 13 Quando entrarem na cidade, tentem encontrá-lo antes que ele suba para a refeição no alto da colina. O povo não começará a comer até que ele chegue para abençoar o sacrifício. Subam logo, pois é agora que poderão encontrá-lo!”.

14 Então chegaram à cidade e, quando entravam pelos portões, Samuel vinha na direção deles, subindo para o lugar de adoração.

15 No dia anterior à chegada de Saul, o Senhor tinha dito a Samuel: 16 “Amanhã, por volta desta hora, enviarei a você um homem da terra de Benjamim. Você o ungirá para ser líder do meu povo, Israel. Ele os livrará dos filisteus, pois olhei para meu povo com misericórdia e ouvi seu clamor”.

17 Quando Samuel viu Saul, o Senhor disse: “Este é o homem de quem lhe falei! Ele governará meu povo”.

18 Saul se aproximou de Samuel na entrada da cidade e perguntou: “O senhor pode me dizer onde fica a casa do vidente?”.

19 “Eu sou o vidente”, respondeu Samuel. “Suba adiante de mim até o lugar de adoração. Ali comeremos juntos e, pela manhã, eu lhe direi o que você quer saber, e depois poderá seguir viagem. 20 E não se preocupe com as jumentas que se perderam há três dias, pois foram encontradas. Eu lhe digo que as esperanças de Israel estão centradas em você e sua família!”[n]

21 Saul respondeu: “Mas sou apenas da tribo de Benjamim, a menor das tribos de Israel, e minha família é a mais insignificante de todas as famílias dessa tribo! Por que o senhor fala comigo dessa maneira?”.

22 Então Samuel levou Saul e seu servo para uma sala de jantar e lhes deu o lugar de honra entre os convidados, cerca de trinta pessoas. 23 Em seguida, Samuel pediu ao cozinheiro: “Traga o pedaço de carne separado para o convidado de honra!”. 24 O cozinheiro trouxe a coxa do sacrifício e a colocou diante de Saul. “Coma”, disse Samuel. “Reservei este pedaço para você desde que decidi convidar estes homens para a refeição.” E Saul comeu com Samuel naquele dia.

25 Quando desceram do lugar de adoração e voltaram para a cidade, Samuel levou Saul ao terraço da casa e preparou uma cama para ele.[o] 26 Ao amanhecer do dia seguinte, Samuel chamou Saul novamente: “Levante-se!”, disse ele. “É hora de seguir viagem.” Saul se aprontou, e ele e Samuel saíram juntos. 27 Quando chegaram à saída da cidade, Samuel disse a Saul que enviasse seu servo adiante. Depois que o servo partiu, Samuel disse: “Fique aqui, pois recebi de Deus uma mensagem para você”.

Samuel unge Saul rei

10 Samuel pegou uma vasilha de óleo e o derramou sobre a cabeça de Saul. Depois, beijou Saul e disse: “Faço isto porque o Senhor o nomeou como líder de Israel, sua propriedade especial. Hoje, quando você partir, verá dois homens ao lado do túmulo de Raquel, em Zelza, na divisa de Benjamim. Eles lhe dirão que as jumentas foram encontradas e que seu pai deixou de se preocupar com elas e agora está preocupado com vocês, perguntando: ‘Que farei para encontrar meu filho?’.

“Quando você chegar ao carvalho de Tabor, encontrará três homens vindo em sua direção; estão a caminho de Betel, onde vão adorar a Deus. Um deles estará levando três cabritos, outro, três pães, e o terceiro, uma vasilha de couro cheia de vinho. Eles o cumprimentarão e lhe oferecerão dois pães, que você deve aceitar.

“Quando chegar a Gibeá-Eloim,[p] onde fica o destacamento dos filisteus, encontrará um grupo de profetas descendo do lugar de adoração. Virão tocando harpa, tamborim, flauta e lira, e estarão profetizando. Nesse momento, o Espírito do Senhor virá poderosamente sobre você, e você profetizará com eles. Será transformado numa pessoa diferente. Depois que esses sinais se cumprirem, faça o que tiver de fazer, pois Deus está com você. Em seguida, vá a Gilgal adiante de mim. Eu o encontrarei ali para sacrificar holocaustos e ofertas de paz. Espere lá durante sete dias, até eu chegar e lhe dar mais instruções”.

Os sinais mencionados se cumprem

Assim que Saul se virou para partir, Deus lhe deu um novo coração, e todos os sinais anunciados por Samuel se cumpriram naquele dia. 10 Ao chegarem a Gibeá, Saul e o servo viram um grupo de profetas vindo em sua direção. Então o Espírito de Deus veio poderosamente sobre Saul, e ele começou a profetizar com eles. 11 Quando aqueles que o conheciam souberam disso, perguntaram uns aos outros: “O que aconteceu com o filho de Quis? Acaso Saul também é profeta?”.

12 Um dos que estavam ali perguntou: “Qualquer um pode se tornar profeta, seja quem for seu pai?”.[q] Essa é a origem do ditado: “Acaso Saul também é profeta?”.

13 Depois que Saul terminou de profetizar, subiu ao lugar de adoração. 14 O tio de Saul perguntou a ele e ao servo: “Onde vocês estavam?”.

Saul respondeu: “Saímos para procurar as jumentas, mas não conseguimos encontrá-las. Então fomos a Samuel para lhe perguntar onde elas estavam”.

15 “E o que foi que Samuel lhe disse?”, perguntou o tio.

16 “Disse que as jumentas já haviam sido encontradas”, respondeu Saul. Contudo, não contou ao tio o que Samuel tinha dito sobre o reino.

Saul é proclamado rei

17 Algum tempo depois, Samuel convocou todo o povo para se reunir diante do Senhor em Mispá. 18 Disse ele aos israelitas: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Eu os tirei do Egito e os livrei dos egípcios e de todas as nações que os oprimiam. 19 Mas, apesar de eu ter resgatado vocês de suas angústias e aflições, hoje vocês rejeitaram seu Deus e disseram: ‘Queremos um rei!’. Agora, portanto, apresentem-se diante do Senhor, de acordo com suas tribos e seus clãs”.

20 Então Samuel reuniu todas as tribos de Israel, e a tribo de Benjamim foi escolhida por sorteio. 21 Em seguida, Samuel reuniu cada família da tribo de Benjamim, e a família de Matri foi sorteada. Por fim, Saul, filho de Quis foi escolhido dentre eles. Quando o procuraram, porém, não o encontraram. 22 Por isso, perguntaram ao Senhor: “Ele já chegou?”.

O Senhor respondeu: “Está escondido no meio da bagagem”. 23 Eles correram até lá e o trouxeram. Era tão alto que os outros chegavam apenas a seus ombros.

24 Samuel disse ao povo: “Este é o homem que o Senhor escolheu para ser seu rei. Não há ninguém semelhante a ele em todo o Israel”.

E todo o povo gritou: “Viva o rei!”.

25 Então Samuel explicou ao povo os direitos e deveres do rei. Escreveu-os num rolo e o colocou diante do Senhor. Depois, mandou todo o povo para casa.

26 Saul também voltou para sua casa, em Gibeá, acompanhado por um grupo de homens cujo coração Deus tinha tocado. 27 Havia, no entanto, alguns desocupados que debochavam: “Esse sujeito nunca nos salvará!”. Desprezaram Saul e se recusaram a lhe trazer presentes. Mas Saul não lhes deu atenção.

Saul derrota os amonitas

11 Cerca de um mês depois,[r] Naás, rei de Amom, avançou com seu exército contra a cidade de Jabes-Gileade. Mas os habitantes de Jabes clamaram: “Faça um tratado conosco, e o serviremos!”.

Então Naás disse: “Está bem, mas só com uma condição. Arrancarei o olho direito de cada um de vocês como humilhação para todo o Israel!”.

As autoridades de Jabes pediram: “Dê-nos sete dias para que enviemos mensageiros a todo o Israel. Se ninguém vier nos salvar, nós nos entregaremos ao rei”.

Os mensageiros chegaram a Gibeá, cidade onde Saul morava, e relataram ao povo a difícil situação em Jabes-Gileade. Todos choraram em alta voz. Quando Saul voltou à cidade, trazendo seus bois do campo, perguntou: “O que está acontecendo? Por que todos estão chorando?”. Então contaram-lhe sobre a mensagem de Jabes.

O Espírito de Deus veio poderosamente sobre Saul, e ele se enfureceu. Pegou dois bois, cortou-os em pedaços e enviou mensageiros para levá-los a todo o Israel com o seguinte aviso: “Isto é o que acontecerá aos bois de quem se recusar a seguir Saul e Samuel na batalha!”. E o terror do Senhor caiu sobre o povo, de modo que todos saíram para guerrear como um só homem. Quando Saul os reuniu em Bezeque, viu que havia trezentos mil homens de Israel e trinta mil[s] homens de Judá.

Então Saul enviou os mensageiros de volta a Jabes-Gileade com o seguinte aviso: “Salvaremos vocês amanhã, antes do meio-dia”. Quando os habitantes de Jabes receberam a mensagem, houve grande alegria em toda a cidade.

10 Então os homens de Jabes disseram a seus inimigos: “Amanhã nos entregaremos a vocês, e poderão fazer conosco o que desejarem”. 11 No dia seguinte, porém, antes do amanhecer, Saul chegou com seu exército dividido em três destacamentos. Atacou os amonitas de surpresa e, na hora mais quente do dia, já os tinha derrotado completamente. O restante do exército amonita se dispersou de tal modo que não ficaram dois soldados juntos.

12 Então o povo disse a Samuel: “Onde estão aqueles que perguntaram: ‘Por que Saul deveria nos governar?’ Tragam esses homens aqui, e os mataremos”.

13 Saul, porém, respondeu: “Ninguém será morto hoje, pois neste dia o Senhor livrou Israel”.

14 Então Samuel disse ao povo: “Venham, vamos todos a Gilgal renovar o compromisso do reino”. 15 Então todos foram a Gilgal e, numa cerimônia solene diante do Senhor, proclamaram Saul como rei. Depois, trouxeram ao Senhor ofertas de paz, e Saul e todos os israelitas muito se alegraram.

O discurso de despedida de Samuel

12 Então Samuel falou a todo o Israel: “Fiz o que pediram e lhes dei um rei. Agora ele é seu líder. Quanto a mim, estou aqui diante de vocês, um homem velho e de cabelos brancos, e meus filhos estão com vocês. Estive a seu serviço como seu líder desde minha juventude até hoje. Aqui estou: testemunhem contra mim diante do Senhor e diante do rei que ele ungiu. De quem roubei um boi ou um jumento? Acaso enganei ou oprimi alguém? De quem aceitei suborno para perverter a justiça? Digam-me, e farei restituição se cometi alguma injustiça”.

Eles responderam: “O senhor nunca nos enganou nem nos oprimiu, e nunca aceitou suborno”.

Então Samuel declarou: “Hoje o Senhor e o rei que ele ungiu são testemunhas de que minhas mãos estão limpas”.

Eles responderam: “Sim, eles são testemunhas”.

E Samuel continuou: “Foi o Senhor que escolheu Moisés e Arão e tirou seus antepassados da terra do Egito. Agora, fiquem aqui diante do Senhor enquanto eu os confronto com todos os atos de justiça que o Senhor fez por vocês e por seus antepassados.

“Quando Israel[t] estava no Egito e seus antepassados clamaram ao Senhor, ele enviou Moisés e Arão para tirá-los de lá e trazê-los a esta terra. Mas o povo logo se esqueceu do Senhor, seu Deus, por isso ele os entregou a Sísera, comandante do exército de Hazor, e também aos filisteus e ao rei de Moabe, que lutaram contra eles.

10 “Então clamaram novamente ao Senhor e disseram: ‘Pecamos quando abandonamos o Senhor e servimos às imagens de Baal e de Astarote. Agora, se nos livrares de nossos inimigos, serviremos somente a ti’. 11 O Senhor enviou Gideão,[u] Bedã,[v] Jefté e Samuel[w] para livrá-los, e vocês viveram em segurança.

12 “No entanto, quando ficaram com medo de Naás, rei de Amom, vieram a mim e disseram que queriam um rei para governá-los, embora o Senhor, seu Deus, já fosse seu rei. 13 Pois bem, aqui está o rei que vocês escolheram. Vocês o pediram e o Senhor os atendeu.

14 “Agora, se temerem e servirem ao Senhor, derem ouvidos à sua voz e não se rebelarem contra os seus mandamentos, tanto vocês como seu rei mostrarão que reconhecem que o Senhor é seu Deus. 15 Mas, se vocês se rebelarem contra os mandamentos do Senhor e se recusarem a ouvir a sua voz, a mão do Senhor pesará sobre vocês, como fez a seus antepassados.

16 “Agora, fiquem aqui e vejam o maravilhoso feito que o Senhor está prestes a realizar. 17 Vocês sabem que não chove nesta época do ano, durante a colheita do trigo. Pedirei ao Senhor que envie trovões e chuva forte hoje. Assim, vocês reconhecerão quão grande foi sua maldade ao pedir que o Senhor lhes desse um rei!”.

18 Então Samuel clamou ao Senhor, e o Senhor enviou trovões e chuva forte naquele mesmo dia. E todo o povo ficou com muito medo do Senhor e de Samuel. 19 Disseram a Samuel: “Ore ao Senhor, seu Deus, em favor de seus servos, ou morreremos! Pois, a todas as nossas faltas, acrescentamos o pecado de pedir um rei”.

20 “Não tenham medo”, disse Samuel. “Certamente agiram mal, mas, agora, sirvam ao Senhor de todo o coração e não se afastem dele. 21 Não se desviem dele para adorar deuses sem valor que não podem ajudar ou livrar vocês; eles são completamente inúteis! 22 O Senhor não abandonará seu povo, pois isso traria desonra para seu grande nome. Pois agradou ao Senhor fazer de vocês seu próprio povo.

23 “Quanto a mim, certamente não pecarei contra o Senhor, deixando de orar por vocês. Continuarei a lhes ensinar o que é bom e correto. 24 Temam o Senhor e sirvam a ele fielmente, de todo o coração. Pensem em todas as coisas maravilhosas que ele fez por vocês. 25 Mas, se continuarem a pecar, vocês e seu rei serão destruídos.”

Guerra constante contra os filisteus

13 Saul tinha 30[x] anos quando se tornou rei, e reinou por 42 anos.[y]

Saul escolheu três mil soldados do exército de Israel e mandou o restante dos homens para casa. Levou consigo dois mil desses homens a Micmás e à região montanhosa de Betel. Os outros mil foram com Jônatas, filho de Saul, para Gibeá, na terra de Benjamim.

Logo depois disso, Jônatas atacou e derrotou o destacamento dos filisteus em Geba. A notícia se espalhou entre os filisteus. Então Saul tocou a trombeta por toda a terra, anunciando: “Ouçam bem, hebreus!”. E todo o Israel ouviu que Saul tinha destruído o destacamento dos filisteus e que agora eles odiavam os israelitas mais que nunca. Então os soldados israelitas foram convocados para se unir a Saul em Gilgal.

Os filisteus reuniram um exército de três mil[z] carros de guerra, seis mil cavaleiros e tantos guerreiros como os grãos de areia na praia. Acamparam em Micmás, a leste de Bete-Áven. Os homens de Israel se viram em apuros e, como estavam sendo fortemente pressionados pelo inimigo, tentaram se esconder em cavernas, em matagais, entre rochas, em buracos e em cisternas. Alguns dos hebreus atravessaram o rio Jordão e fugiram para a terra de Gade e de Gileade.

Samuel repreende Saul

Enquanto isso, Saul permaneceu em Gilgal, e os homens que estavam com ele tremiam de medo. Saul esperou ali por Samuel durante sete dias, conforme Samuel o havia instruído, mas ele não chegou. Vendo que os soldados debandavam rapidamente, Saul ordenou: “Tragam-me o holocausto e as ofertas de paz!”. E ele próprio ofereceu o holocausto.

10 No exato instante em que Saul terminava de oferecer o holocausto, Samuel chegou. Saul foi ao seu encontro para cumprimentá-lo, 11 mas Samuel disse: “O que você fez?”.

Saul respondeu: “Vi que meus homens estavam debandando, e que o senhor não chegou no prazo que havia prometido. Além disso, os filisteus estavam em Micmás, prontos para a batalha. 12 Assim, pensei: ‘Os filisteus estão prontos para lutar contra nós em Gilgal, e eu não pedi ajuda ao Senhor’. Por isso me senti na obrigação de oferecer o holocausto”.

13 “Você agiu como um tolo!”, exclamou Samuel. “Não guardou o mandamento que o Senhor, seu Deus, lhe deu. Se tivesse obedecido, o Senhor teria estabelecido para sempre seu reinado sobre Israel. 14 Agora, porém, seu reinado não permanecerá, pois o Senhor escolheu um homem segundo o coração dele. O Senhor já designou esse homem para ser líder de seu povo, pois você não obedeceu ao mandamento do Senhor.”

A desvantagem militar de Israel

15 Então Samuel partiu de Gilgal e subiu para Gibeá, na terra de Benjamim. Quando Saul contou os soldados que ainda estavam com ele, viu que havia cerca de seiscentos homens. 16 Saul, Jônatas e os soldados que estavam com eles ficaram em Geba, na terra de Benjamim. Os filisteus acamparam em Micmás. 17 Três grupos de ataque deixaram o acampamento filisteu: um foi para o norte, em direção a Ofra, na região de Sual, 18 outro foi para oeste, a Bete-Horom, e o terceiro rumou para a fronteira acima do vale de Zeboim, na direção do deserto.

19 Naqueles dias, não havia ferreiros na terra de Israel, pois os filisteus não permitiam que os hebreus fizessem espadas ou lanças. 20 Assim, sempre que o povo de Israel precisava afiar seus arados, enxadas, machados e foices,[aa] tinha de levá-los a um ferreiro filisteu. 21 O custo para afiar um arado ou uma enxada era de oito gramas[ab] de prata, e, para afiar um machado, uma foice ou a ponta de ferro de uma vara de tocar bois, quatro gramas.[ac] 22 Por isso, no dia da batalha, ninguém em Israel tinha espada ou lança, exceto Saul e Jônatas.

23 Nesse meio-tempo, os filisteus mandaram um destacamento para o desfiladeiro de Micmás.

O plano audacioso de Jônatas

14 Certo dia, Jônatas, filho de Saul, disse a seu escudeiro: “Venha, vamos ao lugar onde fica o destacamento dos filisteus”. Mas Jônatas não contou a seu pai o que pretendia fazer.

Enquanto isso, Saul estava acampado nos arredores de Gibeá, em volta da árvore de romãs[ad] em Migrom, junto com cerca de seiscentos homens. Entre eles estava Aías, o sacerdote, que levava o colete sacerdotal. Aías era filho de Aitube, irmão de Icabode, filho de Fineias, filho de Eli, que tinha servido como sacerdote do Senhor em Siló.

Ninguém percebeu que Jônatas havia saído do acampamento. Para chegar ao destacamento dos filisteus, teve de passar por entre dois penhascos; um se chamava Bozez, e o outro, Sené. Um ficava ao norte, de frente para Micmás, e o outro, ao sul, de frente para Geba. Jônatas disse a seu escudeiro: “Vamos atravessar até o destacamento daqueles incircuncisos! Quem sabe o Senhor nos ajudará, pois nada pode deter o Senhor. Ele pode vencer com muitos guerreiros e, também, com apenas uns poucos!”.

“Faça o que lhe parecer melhor”, respondeu o escudeiro. “Eu o seguirei para onde o senhor for!”

“Pois bem”, disse Jônatas. “Vamos atravessar e deixar que nos vejam. Se disserem: ‘Fiquem onde estão, ou mataremos vocês’, ficaremos parados e não iremos até eles. 10 Mas, se disserem: ‘Subam até aqui e lutem’, então subiremos. Será sinal de que o Senhor os entregará em nossas mãos.”

11 Quando os filisteus os viram chegando, gritaram: “Vejam! Os hebreus estão saindo dos buracos onde estavam escondidos!”. 12 Então os homens do destacamento gritaram para Jônatas e seu escudeiro: “Subam até aqui, e nós lhes daremos uma lição!”.

“Venha, suba logo atrás de mim”, disse Jônatas a seu escudeiro. “O Senhor entregou os filisteus nas mãos de Israel!”

13 Então subiram usando os pés e as mãos. Jônatas derrubava os filisteus e, atrás dele, seu escudeiro os matava. 14 Mataram, no total, cerca de vinte homens, numa pequena porção de terra.[ae]

15 De repente, o pânico tomou conta do exército filisteu, tanto no acampamento como no campo, e também nos destacamentos e nos grupos de ataque. Naquele instante, houve um terremoto, e todos se encheram de terror.

Israel derrota os filisteus

16 As sentinelas de Saul em Gibeá de Benjamim viram que o imenso exército dos filisteus começou a debandar em todas as direções. 17 Saul ordenou ao povo: “Façam a chamada e verifiquem quem está faltando!”. Quando fizeram a chamada, descobriram que Jônatas e seu escudeiro não estavam ali.

18 Então Saul gritou para Aías: “Traga o colete sacerdotal!”, pois, naquele tempo, Aías usava o colete sacerdotal diante dos israelitas.[af] 19 Enquanto Saul falava com o sacerdote, o tumulto e a gritaria no acampamento dos filisteus aumentaram. Então Saul disse ao sacerdote: “Não precisa mais usar o colete!”.[ag]

20 Então Saul e todos os soldados correram para a batalha e encontraram os filisteus matando uns aos outros. Havia grande confusão por toda parte. 21 Até os hebreus que antes haviam desertado para o lado dos filisteus se rebelaram e se uniram a Saul, a Jônatas e ao restante dos israelitas. 22 Quando os homens de Israel que haviam se escondido na região montanhosa de Efraim ouviram que os filisteus fugiam, também os perseguiram. 23 Assim, o Senhor livrou Israel naquele dia, e a batalha continuou até além de Bete-Áven.

O juramento insensato de Saul

24 Os homens de Israel estavam exaustos naquele dia, pois Saul lhes havia imposto este juramento: “Maldito seja aquele que comer antes do anoitecer, antes de eu ter me vingado inteiramente de meus inimigos”. Por isso, ninguém comeu nada o dia todo, 25 embora tivessem encontrado favos de mel no chão do bosque. 26 Não se atreveram a provar o mel, pois temiam o juramento exigido por Saul.

27 Jônatas, porém, não sabendo do juramento de seu pai, enfiou a ponta de uma vara num favo e comeu o mel. Depois de comer, recuperou as forças.[ah] 28 Vendo isso, um dos soldados lhe disse: “Seu pai obrigou o exército a fazer um juramento severo, pelo qual quem comer alguma coisa hoje será maldito. Por isso todos estão exaustos”.

29 “Meu pai trouxe desgraça sobre o povo!”, exclamou Jônatas. “Vejam como recuperei as forças depois de provar um pouco de mel. 30 Se os homens tivessem recebido permissão para comer à vontade do alimento que encontraram entre os inimigos, imaginem quantos filisteus mais teríamos matado!”

31 Os israelitas perseguiram e mataram filisteus o dia todo, desde Micmás até Aijalom, e ficaram cada vez mais enfraquecidos. 32 Naquela noite, tomaram apressadamente os despojos da batalha; mataram ovelhas, bois e bezerros e comeram a carne com sangue. 33 Alguém foi dizer a Saul: “Veja, os soldados estão pecando contra o Senhor, comendo carne com sangue”.

“Vocês cometeram um grande pecado!”, disse Saul. “Procurem uma pedra grande e tragam-na para cá. 34 Depois, saiam entre os soldados e digam-lhes: ‘Tragam os bois e as ovelhas até aqui! Abatam os animais e deixem o sangue escorrer antes de comer. Não pequem contra o Senhor, comendo carne ainda com sangue’.”

Naquela noite, portanto, todos os soldados levaram os animais e os abateram ali. 35 Então Saul construiu um altar para o Senhor; foi o primeiro altar que ele construiu para o Senhor.

36 Depois Saul disse: “Vamos perseguir os filisteus a noite toda, saqueá-los até o amanhecer e destruir até o último deles”.

Seus homens responderam: “Faremos o que o rei achar melhor”.

O sacerdote, porém, disse: “Primeiro vamos consultar Deus”.

37 Então Saul perguntou a Deus: “Devemos ir atrás dos filisteus? Tu os entregarás nas mãos de Israel?”. Mas Deus não lhe respondeu naquele dia.

38 Então Saul ordenou: “Todos os comandantes do exército, apresentem-se a mim! Descubram como e por que aconteceu esse pecado! 39 Tão certo como vive o Senhor, aquele que resgatou Israel, o culpado morrerá, mesmo que seja meu filho Jônatas!”. Contudo, ninguém lhe disse nada.

40 Saul disse a todo o Israel: “Jônatas e eu ficaremos aqui, e todos vocês ficarão ali”.

E os homens responderam: “Faça o que o rei achar melhor”.

41 Em seguida, Saul orou: “Ó Senhor, o Deus de Israel, mostra-nos quem é culpado e quem é inocente”.[ai] Por sorteio, Jônatas e Saul foram escolhidos como sendo os culpados, e o povo foi declarado inocente.

42 Saul disse: “Façam outro sorteio entre mim e Jônatas”. E Jônatas foi escolhido como o culpado.

43 “Diga-me o que você fez”, ordenou Saul.

“Provei um pouco de mel”, confessou Jônatas. “Foi apenas uma pequena porção, na ponta de minha vara. Estou pronto para morrer!”[aj]

44 Então Saul disse: “Sim, Jônatas, você deve morrer. Que Deus me castigue severamente se você não for morto por isso”.

45 Os soldados, porém, disseram a Saul: “Jônatas conquistou esta grande vitória para Israel. Acaso ele deve morrer? De maneira nenhuma! Tão certo como o Senhor vive, ninguém tocará num fio de cabelo da cabeça dele, pois hoje Deus o ajudou a realizar um grande feito”. E assim o povo salvou Jônatas da morte.

46 Então Saul deixou de perseguir os filisteus, e eles voltaram para sua terra.

As vitórias militares de Saul

47 Depois que Saul havia se firmado como rei de Israel, lutou contra seus inimigos ao redor: contra Moabe, Amom e Edom, contra os reis de Zobá e contra os filisteus. E, para qualquer lado que se voltava, era vitorioso.[ak] 48 Realizou grandes feitos e derrotou os amalequitas, livrando Israel de todos que o haviam saqueado.

49 Os filhos de Saul eram Jônatas, Isbosete[al] e Malquisua. Também tinha duas filhas: Merabe, a mais velha, e Mical, a mais nova. 50 A esposa de Saul se chamava Ainoã, filha de Aimaás. O comandante do exército de Saul era Abner, filho de Ner, tio de Saul. 51 Quis, pai de Saul, e Ner, pai de Abner, eram filhos de Abiel.

52 Os israelitas lutaram ferrenhamente contra os filisteus durante toda a vida de Saul. Por isso, sempre que Saul via um jovem forte e valente, logo o convocava para seu exército.

Saul derrota os amalequitas

15 Certo dia, Samuel disse a Saul: “Foi o Senhor que me enviou para ungi-lo rei de seu povo, Israel. Agora ouça esta mensagem do Senhor! Assim diz o Senhor dos Exércitos: Resolvi acertar as contas com a nação de Amaleque por ter se colocado contra Israel quando o povo saía do Egito. Agora vá e destrua completamente a nação amalequita: homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, gado, ovelhas, camelos e jumentos”.

Então Saul reuniu seu exército em Telaim. Havia duzentos mil soldados de Israel e dez mil homens de Judá. Em seguida, Saul e o exército foram à cidade dos amalequitas e armaram uma emboscada no vale. Saul mandou este aviso aos queneus: “Afastem-se de onde vivem os amalequitas, para que não morram com eles, pois vocês demonstraram bondade a todos os israelitas quando eles saíram do Egito”. Então os queneus saíram do meio dos amalequitas.

Saul atacou e derrotou os amalequitas desde Havilá até Sur, a leste do Egito. Capturou Agague, o rei amalequita, e destruiu completamente todo o povo. Saul e seus homens pouparam a vida de Agague, bem como o melhor das ovelhas, do gado, dos bezerros gordos e dos cordeiros. Destruíram apenas o que não tinha valor ou que era de qualidade inferior.

O Senhor rejeita Saul

10 Então o Senhor disse a Samuel: 11 “Arrependo-me de ter colocado Saul como rei, pois ele se afastou de mim e se recusou a obedecer às minhas ordens”. Samuel ficou tão frustrado ao ouvir essas palavras que clamou ao Senhor a noite toda.

12 Na manhã seguinte, bem cedo, Samuel foi procurar Saul. Alguém lhe disse: “Saul foi para a região do Carmelo, onde levantou um monumento para si próprio; depois, seguiu para Gilgal”.

13 Quando Samuel finalmente o encontrou, Saul o cumprimentou com alegria: “Que o Senhor o abençoe!”, disse Saul. “Cumpri a ordem do Senhor!”

14 Samuel perguntou: “Então o que é esse balido de ovelhas e esse mugido de bois que estou ouvindo?”

15 Saul respondeu: “É verdade que os soldados pouparam o melhor das ovelhas e dos bois que pertenciam aos amalequitas. Mas eles vão sacrificá-los ao Senhor, seu Deus. Quanto ao resto, destruímos tudo”.

16 Então Samuel disse a Saul: “Basta! Ouça o que o Senhor me disse na noite passada”.

“O que foi?”, perguntou Saul.

17 Samuel respondeu: “Embora a seus próprios olhos você se considerasse insignificante, não se tornou o líder das tribos de Israel? Sim, o Senhor o ungiu rei sobre o povo! 18 Então o Senhor o enviou numa missão e disse: ‘Vá e destrua completamente aqueles pecadores, os amalequitas. Lute contra eles até exterminá-los’. 19 Por que você não obedeceu ao Senhor? Por que tomou apressadamente os despojos e fez o que era mau aos olhos do Senhor?”.

20 “Mas eu obedeci ao Senhor!”, insistiu Saul. “Cumpri a missão de que ele me encarregou. Trouxe o rei Agague, mas destruí todos os outros amalequitas. 21 Então meus soldados trouxeram o melhor das ovelhas e dos bois, bem como o melhor dos despojos, a fim de sacrificá-los ao Senhor, seu Deus, em Gilgal.”

22 Samuel respondeu:

“O que agrada mais ao Senhor:
holocaustos e sacrifícios
ou obediência à voz dele?
Ouça! A obediência é melhor que o sacrifício,
e a submissão é melhor que
ofertas de gordura de carneiros.
23 A rebeldia é um pecado tão grave quanto a feitiçaria,
e persistir no erro é um mal tão grave
quanto adorar ídolos.
Assim como você rejeitou a ordem do Senhor,
ele o rejeitou como rei”.

Saul suplica por perdão

24 Então Saul confessou: “Sim, pequei! Desobedeci às suas instruções e à ordem do Senhor, pois tive medo do povo e fiz o que eles exigiram. 25 Agora, imploro que perdoe meu pecado e volte comigo, para que eu possa adorar o Senhor!”.

26 Samuel, porém, respondeu: “Não voltarei com você! Uma vez que você rejeitou a ordem do Senhor, ele o rejeitou como rei de Israel”.

27 Quando Samuel se virou para ir embora, Saul tentou detê-lo segurando a barra de seu manto, que se rasgou. 28 Então Samuel lhe disse: “Hoje o Senhor rasgou de você o reino de Israel e o entregou a outro, alguém melhor que você. 29 E aquele que é a Glória de Israel não mente nem se arrepende, pois não é ser humano para se arrepender!”.

30 Saul implorou novamente: “Sei que pequei! Mas, por favor, pelo menos honre-me diante das autoridades de meu povo e diante de Israel ao voltar comigo, para que eu possa adorar o Senhor, seu Deus!”. 31 Por fim, Samuel concordou e voltou com ele, e Saul adorou o Senhor.

Samuel executa o rei Agague

32 Então Samuel disse: “Traga-me Agague, rei dos amalequitas”. Agague veio cheio de esperança, pois pensou: “Com certeza a ira deles já passou, e eu fui poupado!”.[am] 33 Mas Samuel disse: “Assim como sua espada matou os filhos de muitas mães, agora sua mãe ficará sem o filho”. E Samuel cortou Agague em pedaços diante do Senhor em Gilgal.

34 Depois, Samuel foi para Ramá, e Saul voltou para casa em Gibeá, sua cidade. 35 Até o dia em que morreu, Samuel não voltou a ver Saul, embora sempre lamentasse o que aconteceu com ele. E o Senhor se arrependeu de ter estabelecido Saul como rei de Israel.

Nova Versão Transformadora (NVT)

BÍBLIA SAGRADA, NOVA VERSÃO TRANSFORMADORA copyright © 2016 by Mundo Cristão. Used by permission of Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, Todos os direitos reservados.