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Bible in 90 Days

An intensive Bible reading plan that walks through the entire Bible in 90 days.
Duration: 88 days
Nova Versão Transformadora (NVT)
Version
2 Samuel 12:11-22:18

11 “Assim diz o Senhor: ‘De sua própria família farei surgir seu castigo. Tomarei suas mulheres diante de seus olhos e as darei a outro homem; ele se deitará com elas à vista de todos. 12 O que você fez em segredo, eu farei acontecer abertamente, diante de todo o Israel’”.

Davi confessa sua culpa

13 Então Davi confessou a Natã: “Pequei contra o Senhor”.

Natã respondeu: “Sim, mas o Senhor o perdoou, e você não morrerá por causa do seu pecado. 14 Contudo, uma vez que você demonstrou o mais absoluto desprezo pela palavra do Senhor[a] ao agir desse modo, seu filho morrerá”.

15 Depois que Natã voltou para casa, o Senhor fez adoecer gravemente o filho de Davi com a mulher de Urias. 16 Davi suplicou ao Senhor que poupasse a criança. Jejuou e passou a noite prostrado no chão. 17 Os oficiais do palácio insistiram para que ele se levantasse e comesse com eles, mas Davi se recusou.

18 No sétimo dia, a criança morreu. Os servos de Davi ficaram com medo de contar para ele. “Não ouviu nossos conselhos quando a criança estava doente”, disseram. “Se lhe contarmos que a criança morreu, poderá cometer uma insanidade.”

19 Davi percebeu que estavam cochichando e compreendeu o que havia acontecido. “A criança morreu?”, perguntou.

“Sim”, responderam eles. “Está morta.”

20 Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se[b] e trocou de roupa. Foi ao santuário e adorou o Senhor. Depois, voltou ao palácio, pediu que lhe trouxessem alimento e comeu.

21 Seus servos ficaram perplexos. “Não o entendemos”, disseram. “Enquanto a criança estava viva, o senhor chorou e jejuou. Agora que a criança morreu, o senhor parou de lamentar e voltou a comer.”

22 Davi respondeu: “Enquanto a criança estava viva, jejuei e chorei, pois pensava: ‘Quem sabe o Senhor terá compaixão de mim e deixará a criança viver’. 23 Mas por que jejuar agora que ela morreu? Poderia eu fazê-la voltar? Um dia irei até ela, mas ela não voltará a mim”.

24 Então Davi consolou Bate-Seba, sua mulher, e teve relações com ela. Bate-Seba engravidou e deu à luz um filho, a quem Davi chamou Salomão. O Senhor amou a criança 25 e enviou uma mensagem por meio do profeta Natã, dizendo que o menino devia se chamar Jedidias,[c] conforme o Senhor havia ordenado.[d]

Davi conquista Rabá

26 Enquanto isso, Joabe continuou a lutar contra Rabá, a capital de Amom, e tomou a cidade real. 27 Joabe enviou mensageiros a Davi para lhe dizer: “Lutei contra Rabá e capturei seus reservatórios de água. 28 Traga o restante do exército aqui e conquiste a cidade. De outro modo, eu a tomarei e levarei o crédito pela vitória”.

29 Então Davi reuniu o restante do exército e foi a Rabá. Eles atacaram a cidade e a conquistaram. 30 Davi removeu a coroa da cabeça do rei,[e] e ela foi colocada sobre sua cabeça. A coroa era feita de ouro, enfeitada com pedras preciosas, e pesava cerca de 35 quilos.[f] Davi tomou grande quantidade de despojos da cidade. 31 Também tornou os habitantes de Rabá seus escravos e os obrigou a trabalhar com[g] serras, picaretas e machados de ferro, e também nos fornos de tijolos.[h] Foi assim que Davi tratou o povo de todas as cidades amonitas. Então ele e todo o exército voltaram para Jerusalém.

Tamar é violentada

13 Absalão, filho de Davi, tinha uma irmã muito bonita chamada Tamar. Amnom, outro filho de Davi, apaixonou-se por ela. Amnom ficou tão obcecado por Tamar que adoeceu. Ela era virgem, e Amnom imaginou que seria impossível possuí-la.

Contudo, Amnom tinha um amigo muito astuto, seu primo Jonadabe. Ele era filho de Simeia, irmão de Davi. Certo dia, Jonadabe disse a Amnom: “Qual é o problema? Por que o filho do rei parece tão abatido todos os dias?”.

Amnom lhe respondeu: “Estou apaixonado por Tamar, irmã de meu irmão Absalão”.

“Faça o seguinte”, disse Jonadabe. “Deite-se e finja que está doente. Quando seu pai o visitar, peça-lhe que deixe Tamar vir e preparar algo para você comer. Peça que ela prepare o alimento aqui mesmo, para que você a veja e ela o sirva.”

Então Amnom se deitou e fingiu que estava doente. Quando o rei foi vê-lo, Amnom lhe pediu: “Por favor, permita que minha irmã Tamar venha e prepare dois bolos aqui mesmo, para que eu a veja e ela os sirva para mim”. Davi concordou e mandou Tamar ir à casa de Amnom preparar algo para ele comer.

Quando Tamar chegou à casa de Amnom, foi até o lugar onde ele estava deitado, para que ele pudesse vê-la preparar a massa. Então ela assou os bolos, conforme ele tinha pedido. Contudo, quando ela colocou a bandeja diante de Amnom, ele se recusou a comer. “Saiam todos daqui”, disse ele a seus servos. E todos saíram.

10 Então Amnom disse a Tamar: “Agora traga os bolos ao meu quarto e dê-me de comer”. Tamar fez conforme ele pediu. 11 Quando, porém, ela lhe ofereceu a comida, ele a agarrou e exigiu: “Venha para a cama comigo, minha irmã!”.

12 “Não, meu irmão! Não me violente!”, exclamou Tamar. “Isso não se faz em Israel! Não faça essa loucura! 13 Como eu poderia viver com tamanha vergonha? E você cairia em desgraça em Israel! Por favor, fale com o rei, e ele permitirá que você se case comigo!”

14 Mas Amnom não quis ouvi-la e, como era mais forte que ela, violentou-a. 15 Então a paixão de Amnom se transformou em profundo desprezo, e seu desprezo por ela foi mais intenso que a paixão que havia sentido. “Saia daqui!”, gritou para ela.

16 “Não, não!”, respondeu Tamar. “Mandar-me embora agora seria pior do que o mal que você me fez.”

Amnom, porém, não quis ouvi-la. 17 Chamou seu servo e ordenou: “Ponha esta mulher para fora daqui e tranque a porta!”.

18 O servo a pôs para fora e trancou a porta. Tamar vestia uma túnica longa,[i] como era costume naqueles dias entre as filhas virgens do rei. 19 Então rasgou sua túnica, jogou cinzas sobre a cabeça e, cobrindo o rosto com as mãos, foi embora chorando.

20 Seu irmão Absalão a viu e perguntou: “É verdade que Amnom esteve com você? Bem, minha irmã, é melhor ficar quieta, pois Amnom é seu irmão. Não se aflija com isso”. Então Tamar, como uma mulher desolada, foi morar na casa de seu irmão Absalão.

21 Quando o rei Davi soube o que havia acontecido, ficou furioso.[j] 22 E, embora Absalão não tivesse dito nada a Amnom a esse respeito, odiou Amnom profundamente pelo que ele havia feito à sua irmã.

Absalão se vinga de Amnom

23 Dois anos depois, quando as ovelhas de Absalão estavam sendo tosquiadas em Baal-Hazor, perto de Efraim, Absalão convidou todos os filhos do rei para uma festa. 24 Foi até o rei e disse: “Meus tosquiadores estão trabalhando. Gostaria que o rei e seus servos celebrassem essa ocasião comigo”.

25 Mas o rei respondeu: “Não, meu filho. Se todos nós fôssemos, seria um peso para você”. Embora Absalão insistisse, o rei se recusou a ir, mas abençoou Absalão.

26 “Está bem”, disse Absalão. “Se o senhor não pode vir, permita que meu irmão Amnom vá conosco.”

“Por que Amnom?”, perguntou o rei. 27 Mas Absalão continuou a insistir até que, finalmente, o rei concordou em deixar seus filhos, incluindo Amnom, irem à festa.[k]

28 Absalão disse a seus homens: “Esperem até Amnom estar bêbado; então, quando eu ordenar, matem-no. Não tenham medo. A responsabilidade é minha. Sejam corajosos e valentes!”. 29 Assim, quando Absalão deu o sinal, eles mataram Amnom. Os outros filhos do rei montaram em suas mulas e fugiram.

30 Quando ainda estavam a caminho de Jerusalém, a notícia chegou a Davi: “Absalão matou todos os filhos do rei; não restou um sequer com vida!”. 31 O rei se levantou, rasgou suas roupas e lançou-se no chão. Seus conselheiros também rasgaram suas roupas.

32 Nesse momento, Jonadabe, filho de Simeia, irmão de Davi, chegou e disse: “Não pense, meu senhor, que todos os filhos do rei foram mortos! Foi apenas Amnom! Absalão tramava isso desde que Amnom violentou sua irmã Tamar. 33 O meu senhor, o rei, não deve acreditar que todos os seus filhos estão mortos! Apenas Amnom morreu”. 34 Enquanto isso, Absalão fugiu.

Então a sentinela sobre o muro de Jerusalém viu muita gente descendo o monte pela estrada que vinha do oeste.[l]

35 E Jonadabe disse ao rei: “Veja! Lá estão eles! São os filhos do rei voltando, como eu tinha dito”.

36 Logo eles chegaram, chorando e soluçando, e o rei e todos os seus servos choraram amargamente com eles. 37 Davi chorou muitos dias por seu filho Amnom.

Absalão fugiu para a terra de Talmai, filho de Amiúde, rei de Gesur, 38 onde permaneceu por três anos. 39 E o rei Davi, conformado com a morte de Amnom, abandonou a ideia de perseguir Absalão.[m]

Joabe providencia o retorno de Absalão

14 Joabe, filho de Zeruia, percebeu que o rei agora desejava ver Absalão. Por isso, mandou trazer de Tecoa uma mulher conhecida por sua sabedoria. Disse-lhe: “Finja que está de luto; vista roupas de luto e não se perfume.[n] Aja como uma mulher que está lamentando a morte de alguém há muito tempo. Depois, vá até o rei e apresente a história que vou lhe contar”. Então Joabe disse o que ela deveria falar.

Quando a mulher de Tecoa se aproximou do rei, curvou-se com o rosto no chão e disse: “Ó rei! Ajude-me!”.

“Qual é o problema?”, perguntou o rei.

“Pobre de mim, sou viúva!”, respondeu ela. “Meu marido morreu. Meus dois filhos brigaram no campo. Como não havia ninguém por perto para separá-los, um deles acabou matando o outro. Agora, o resto da família está exigindo de sua serva: ‘Entregue-nos seu filho. Vamos executá-lo por ter matado o irmão. Ele não merece herdar a propriedade da família’. Querem apagar a última brasa que me restou; se o fizerem, o nome e a família de meu marido desaparecerão da face da terra.”

“Eu cuidarei disso”, disse o rei. “Vá para casa.”

A mulher de Tecoa respondeu: “Ó meu senhor, o rei, que a culpa caia sobre mim e sobre a família de meu pai, e que o rei e seu trono sejam inocentes!”.

10 “Se alguém criar problemas, traga-o a mim”, disse o rei. “Eu lhe garanto que ele nunca mais a incomodará.”

11 Então ela disse: “Por favor, prometa pelo Senhor, seu Deus, que não deixará o vingador da vítima matar meu filho. Não quero mais derramamento de sangue”.

Ele respondeu: “Tão certo como vive o Senhor, ninguém tocará num fio de cabelo da cabeça de seu filho!”.

12 “Permita-me pedir mais uma coisa ao meu senhor, o rei”, disse a mulher.

“Fale”, respondeu ele.

13 Então ela disse: “Por que o senhor não faz pelo povo de Deus o mesmo que prometeu fazer por mim? Ao tomar essa decisão, o senhor condenou a si mesmo, pois se recusou a trazer para casa seu filho banido. 14 Um dia, todos nós morreremos. Nossa vida é como água que, depois de derramada na terra, não pode mais ser recolhida. Mas Deus não apaga a vida; ao contrário, ele cria meios de trazer de volta aqueles que foram banidos de sua presença.

15 “Vim suplicar ao meu senhor, o rei, porque outros me ameaçaram. Pensei: ‘Talvez o rei me escute 16 e nos livre daqueles que desejam nos eliminar da herança que Deus nos deu. 17 Sim, o meu senhor, o rei, restaurará nossa paz de espírito’. Sei que o senhor é como um anjo de Deus, capaz de discernir entre o bem e o mal. Que o Senhor, seu Deus, esteja com o rei”.

18 “Preciso saber uma coisa”, disse o rei. “Diga-me a verdade.”

“Sim, ó meu senhor, o rei”, disse a mulher.

19 “Foi Joabe quem a mandou aqui?”, perguntou o rei.

A mulher respondeu: “Ó meu senhor, o rei, como posso negar? Ninguém é capaz de esconder coisa alguma do senhor. Sim, foi Joabe, servo do rei, que me enviou e me disse o que falar. 20 Agiu desse modo para que o senhor pudesse ver a questão com outros olhos. Mas o senhor é sábio como um anjo de Deus e entende tudo que acontece em nosso meio!”.

21 Então o rei mandou chamar Joabe e lhe disse: “Muito bem, vá e traga de volta o jovem Absalão”.

22 Joabe se curvou com o rosto no chão e disse: “Finalmente sei que obtive o favor do meu senhor, o rei, pois atendeu a meu pedido!”.

23 Joabe foi a Gesur e trouxe Absalão de volta a Jerusalém. 24 O rei, porém, deu a seguinte ordem: “Absalão pode ir para casa, mas não deve vir à minha presença”. Portanto, Absalão não viu o rei.

A reconciliação de Absalão e Davi

25 Não havia nenhum homem em todo o Israel tão elogiado por sua beleza como Absalão; era perfeito da cabeça aos pés. 26 Cortava o cabelo uma vez por ano por causa de seu peso: 2,4 quilos,[o] segundo o peso real. 27 Tinha três filhos e uma filha. Sua filha se chamava Tamar e era muito bonita.

28 Absalão morou dois anos em Jerusalém sem ver o rei. 29 Então mandou chamar Joabe para pedir que intercedesse por ele, mas Joabe não quis vir. Mandou chamá-lo de novo e, mais uma vez, ele se recusou a vir. 30 Então Absalão disse a seus servos: “Vão e ponham fogo no campo de cevada de Joabe que fica junto de minha propriedade”. Os servos foram e puseram fogo no campo, como Absalão havia ordenado.

31 Então Joabe foi à casa de Absalão e lhe perguntou: “Por que seus servos puseram fogo em meu campo?”.

32 Absalão respondeu: “Eu quero que você pergunte ao rei por que ele me trouxe de Gesur se não pretendia me receber. Teria sido melhor eu ficar onde estava. Quero ver o rei; se ele me considera culpado de algo, então que mande me matar”.

33 Joabe contou ao rei o que Absalão tinha dito. Por fim, Davi mandou chamar Absalão. Ele veio, curvou-se com o rosto no chão diante do rei, e o rei o beijou.

A rebelião de Absalão

15 Algum tempo depois, Absalão providenciou para si uma carruagem com cavalos e contratou cinquenta guardas para servirem como sua guarda de honra.[p] Todas as manhãs, ele se levantava cedo e ia até o portão da cidade. Quando alguém trazia uma causa para ser julgada pelo rei, Absalão perguntava de que cidade a pessoa era, e ela lhe respondia a qual tribo de Israel pertencia. Então Absalão dizia: “Sua causa é justa e legítima. É pena que o rei não tenha ninguém para ouvi-la”. E dizia ainda: “Quem me dera ser juiz. Então todos me apresentariam suas questões legais, e eu lhes faria justiça!”.

Quando alguém ia se prostrar diante dele, Absalão não o permitia. Ao contrário, tomava-o pela mão e o beijava. Fazia isso com todos que vinham ao rei pedir justiça e, desse modo, ia conquistando o coração de todos em Israel.

Passados quatro anos,[q] Absalão disse ao rei: “Deixe-me ir a Hebrom para cumprir o voto que fiz ao Senhor. Enquanto eu estava em Gesur, na Síria, prometi oferecer sacrifícios ao Senhor em Hebrom[r] caso ele me trouxesse de volta a Jerusalém”.

“Está bem”, disse o rei. “Vá e cumpra seu voto.”

Então Absalão foi a Hebrom. 10 Enquanto estava lá, porém, enviou em segredo mensageiros para todas as tribos de Israel. Eles diziam às pessoas: “Assim que ouvirem as trombetas, digam: ‘Absalão foi coroado rei em Hebrom!’”. 11 Absalão levou consigo duzentos homens de Jerusalém como seus convidados, mas eles não faziam ideia de suas intenções. 12 Enquanto Absalão oferecia os sacrifícios, mandou chamar Aitofel, um dos conselheiros de Davi que vivia na cidade de Gilo. Em pouco tempo, muitos outros se uniram a Absalão, e a conspiração ganhou força.

Davi foge de Jerusalém

13 Logo, um mensageiro chegou a Jerusalém para informar Davi: “Todo o Israel se uniu a Absalão!”.

14 “Então devemos fugir de imediato, ou será tarde demais!”, disse Davi a seus conselheiros. “Rápido! Se sairmos de Jerusalém antes que Absalão chegue, escaparemos e impediremos que ele mate todos os moradores da cidade.”

15 “O senhor tem o nosso apoio”, responderam seus conselheiros. “Faça o que lhe parecer melhor.”

16 Então o rei e toda a sua família partiram de imediato. Ele deixou para trás apenas dez concubinas para cuidarem do palácio. 17 O rei e todos que o acompanhavam foram a pé e pararam na última casa da cidade, 18 a fim de deixar os soldados do rei passarem e tomarem a dianteira. Também iam com Davi sua guarda pessoal[s] e seiscentos homens de Gate.

19 Então o rei se voltou para Itai, comandante dos homens de Gate, e disse: “Por que você está vindo conosco? Volte para o novo rei, pois Israel não é sua pátria; você é um estrangeiro no exílio. 20 Chegou faz pouco tempo, e não seria certo eu obrigá-lo a vir conosco. Nem sei para onde vamos. Volte e leve consigo seus parentes, e que a bondade e a fidelidade o acompanhem!”.

21 Itai, porém, disse ao rei: “Tão certo como vive o Senhor e como vive o rei, eu juro que, não importa o que aconteça, irei aonde for o meu senhor, o rei, seja para viver ou para morrer!”.

22 Davi respondeu: “Muito bem, venha conosco”. E Itai, todos os seus homens e suas famílias acompanharam Davi.

23 Por onde passavam o rei e os que o seguiam, todo o povo chorava em alta voz. Atravessaram o vale de Cedrom e foram em direção ao deserto.

24 Zadoque e todos os levitas também os acompanharam, carregando a arca da aliança de Deus. Puseram a arca no chão, e Abiatar ofereceu sacrifícios até que todos tivessem saído da cidade.

25 Então Davi ordenou a Zadoque: “Leve a arca de Deus de volta para a cidade. Se for da vontade do Senhor, ele me trará de volta para ver novamente a arca e o santuário.[t] 26 Mas, se ele não se agradar mais de mim, que faça comigo o que lhe parecer melhor”.

27 O rei também disse ao sacerdote Zadoque: “Preste atenção. Você deve voltar à cidade, com seu filho Aimaás e com Jônatas, filho de Abiatar. 28 Farei uma parada em um dos pontos de travessia do Jordão[u] e ficarei ali esperando notícias suas”. 29 Então Zadoque e Abiatar levaram a arca de Deus de volta para Jerusalém e ali permaneceram.

30 Davi prosseguiu pelo caminho para o monte das Oliveiras, chorando enquanto andava. Estava com a cabeça coberta e os pés descalços. Os que iam com ele também tinham a cabeça coberta e choravam enquanto subiam ao monte. 31 Quando alguém informou a Davi que Aitofel, seu conselheiro, agora apoiava Absalão, Davi orou: “Ó Senhor, faze que Aitofel dê conselhos errados a Absalão!”.

32 Quando Davi chegou ao alto do monte, onde o povo costumava adorar a Deus, Husai, o arquita, o esperava ali. Husai havia rasgado suas roupas e colocado terra sobre a cabeça. 33 Mas Davi lhe disse: “Se você vier comigo, será apenas um peso. 34 Volte à cidade e diga a Absalão: ‘Agora serei seu conselheiro, ó rei, como no passado fui conselheiro de seu pai’. Assim, você poderá frustrar os conselhos de Aitofel. 35 Os sacerdotes Zadoque e Abiatar estarão lá. Informe-os dos planos feitos no palácio, 36 e eles enviarão seus filhos Aimaás e Jônatas para me contar o que se passa”.

37 Assim, Husai, amigo de Davi, voltou para Jerusalém e ali chegou na mesma hora em que Absalão entrava na cidade.

Davi e Ziba

16 Quando Davi tinha acabado de passar pelo alto do monte, Ziba, servo de Mefibosete, estava à sua espera. Tinha dois jumentos carregados com duzentos pães, cem bolos de passas,[v] cem frutas de verão e uma vasilha de couro cheia de vinho.

“Para que tudo isso?”, perguntou o rei.

Ziba respondeu: “Os jumentos são para a família do rei montar, e o pão e as frutas de verão são para os servos comerem. O vinho é para os que ficarem exaustos no deserto”.

“E onde está Mefibosete, neto de seu senhor Saul?”, perguntou o rei.

Ziba respondeu: “Ficou em Jerusalém, pois disse: ‘Hoje o povo de Israel me devolverá o reino de meu avô Saul’”.

Então o rei disse a Ziba: “Nesse caso, dou a você tudo que pertence a Mefibosete”.

“Humildemente me prostro”, respondeu Ziba. “Que o meu senhor, o rei, sempre se agrade de mim.”

Simei amaldiçoa Davi

Quando o rei Davi chegou a Baurim, um homem do povoado saiu ao seu encontro e começou a amaldiçoá-lo. Era Simei, filho de Gera, do mesmo clã da família de Saul. Atirava pedras contra o rei, seus oficiais e os guerreiros que o cercavam. “Saia daqui, assassino, bandido!”, gritava para Davi. “O Senhor lhe está retribuindo por todo o sangue derramado no clã de Saul. Você roubou o trono, e agora o Senhor o entregou a seu filho Absalão. Finalmente está provando de seu próprio remédio, pois é assassino!”

Então Abisai, filho de Zeruia, disse: “Por que este cão morto amaldiçoa meu senhor, o rei? Dê a ordem, e eu cortarei a cabeça dele!”.

10 O rei, porém, disse: “Quem pediu a opinião de vocês, filhos de Zeruia? Se o Senhor mandou este homem me amaldiçoar, quem são vocês para questioná-lo?”.

11 Então Davi disse a Abisai e a todos os seus servos: “Meu próprio filho procura me matar. Não teria este parente de Saul[w] ainda mais motivos para fazer o mesmo? Deixem-no em paz. Que ele me amaldiçoe, pois foi o Senhor que o mandou. 12 Talvez o Senhor veja que tenho sido injustiçado[x] e me abençoe por causa dessas maldições de hoje”. 13 Assim, Davi e seus homens prosseguiram em seu caminho. Simei os seguia pela encosta de um monte próximo, amaldiçoando Davi e atirando pedras e terra contra ele.

14 O rei e todos que o acompanhavam chegaram exaustos ao rio Jordão[y] e, por isso, descansaram ali.

Aitofel aconselha Absalão

15 Nesse meio-tempo, Absalão e uma multidão de israelitas entraram em Jerusalém, acompanhados por Aitofel. 16 Quando Husai, o arquita, amigo de Davi, chegou à cidade, foi logo ao encontro de Absalão. “Viva o rei!”, exclamou. “Viva o rei!”

17 “É assim que você mostra lealdade a seu amigo Davi?”, perguntou-lhe Absalão. “Por que não está com ele?”

18 Husai respondeu: “Estou aqui porque pertenço àquele que é escolhido pelo Senhor e por todos os homens de Israel. 19 Além do mais, é natural que eu sirva ao filho de Davi. Assim como fui conselheiro de seu pai, agora serei seu conselheiro”.

20 Então Absalão se voltou para Aitofel e perguntou: “O que devo fazer agora?”.

21 Aitofel respondeu: “Tenha relações com as concubinas que seu pai deixou aqui para tomar conta do palácio. Então todo o Israel saberá que você insultou seu pai de tal modo que será impossível haver reconciliação; isso encorajará os que estão do seu lado”. 22 Então armaram uma tenda no terraço do palácio, e ali Absalão teve relações com as concubinas de seu pai à vista de todo o Israel.

23 Absalão seguiu os conselhos de Aitofel, como Davi tinha feito, pois as palavras de Aitofel pareciam sábias, como se fossem um conselho dado pelo próprio Deus.

17 Aitofel disse a Absalão: “Permita-me escolher doze mil homens para sair em perseguição a Davi ainda esta noite. Eu o alcançarei enquanto está exausto e desanimado. Farei que ele entre em pânico, e assim todos os seus soldados fugirão. Então matarei apenas o rei e trarei todo o exército para o senhor. A morte do homem a quem o senhor busca lhe trará de volta os demais. Assim, ficará em paz com todo o povo”. O plano pareceu bom a Absalão e a todas as autoridades de Israel.

Husai contesta o conselho de Aitofel

Depois, porém, Absalão disse: “Tragam Husai, o arquita. Vejamos qual é a opinião dele”. Quando Husai chegou, Absalão lhe contou o que Aitofel tinha dito. Então perguntou: “Qual é sua opinião? Devemos seguir o conselho de Aitofel? Se não, o que você sugere?”.

Husai respondeu a Absalão: “Desta vez o conselho de Aitofel está equivocado. O senhor conhece seu pai e os homens dele; são guerreiros valentes. No momento, estão tão furiosos quanto uma ursa da qual roubaram os filhotes. E lembre-se de que seu pai é um soldado experiente; ele não passará a noite com o povo. É provável que já esteja escondido em alguma cova ou caverna. Quando ele sair e atacar, e alguns de nossos soldados forem mortos, a notícia de que os homens de Absalão foram massacrados se espalhará. 10 Então, até os soldados mais destemidos, embora sejam corajosos como um leão, serão tomados de pavor. Afinal, todo o Israel sabe como seu pai é um guerreiro poderoso e como são valentes os homens que o acompanham.

11 “Recomendo que o senhor reúna todo o exército de Israel e convoque soldados desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul, tão numerosos quanto a areia da praia. Aconselho, também, que o senhor mesmo vá à frente das tropas. 12 Quando encontrarmos Davi, cairemos sobre ele como o orvalho cai sobre a terra. Nem ele nem nenhum de seus homens sobreviverão. 13 E, caso Davi consiga escapar para alguma cidade, o senhor terá todo o Israel sob seu comando. Levaremos cordas e arrastaremos os muros da cidade para o vale mais próximo, até que não reste uma pedrinha sequer”.

14 Então Absalão e todos os homens de Israel disseram: “O conselho de Husai é melhor que o de Aitofel”, pois o Senhor havia decidido frustrar o sensato conselho de Aitofel a fim de trazer desgraça sobre Absalão.

Husai avisa Davi

15 Husai contou aos sacerdotes Zadoque e Abiatar o que Aitofel tinha dito a Absalão e às autoridades de Israel e o que ele próprio havia aconselhado. 16 “Rápido!”, disse ele aos sacerdotes. “Encontrem Davi e insistam para que ele não passe esta noite nos pontos de travessia do Jordão,[z] mas que atravesse o rio e vá para o deserto. Do contrário, ele e todos que o acompanham morrerão.”

17 Jônatas e Aimaás haviam ficado em En-Rogel, para não serem vistos entrando e saindo da cidade. Tinham pedido que uma serva lhes trouxesse a mensagem que deviam transmitir ao rei Davi. 18 Contudo, um rapaz os viu em En-Rogel e avisou Absalão. Por isso, fugiram depressa para Baurim, onde um homem os escondeu dentro de um poço em seu quintal. 19 A esposa desse homem estendeu um grande pedaço de pano sobre o poço e em cima espalhou grãos de cereal para secar ao sol, para que ninguém suspeitasse que estivessem ali.

20 Os homens de Absalão chegaram e perguntaram à mulher: “Você viu Aimaás e Jônatas?”.

A mulher respondeu: “Estiveram aqui, mas atravessaram o riacho”. Os homens de Absalão os procuraram sem sucesso e voltaram para Jerusalém.

21 Jônatas e Aimaás saíram do poço e correram para onde o rei Davi estava. “Depressa!”, disseram ao rei. “Atravessem o Jordão ainda esta noite!” E lhe contaram que Aitofel havia aconselhado que ele fosse capturado e morto. 22 Então Davi e todos que o acompanhavam atravessaram o rio durante a noite e chegaram à outra margem antes do amanhecer.

23 Quando Aitofel viu que Absalão não havia seguido seu conselho, selou seu jumento, foi para sua cidade natal, pôs seus negócios em ordem e se enforcou. Assim morreu, e foi sepultado no túmulo da família.

24 Davi chegou logo a Maanaim. A essa altura, Absalão havia reunido todo o exército de Israel e conduzia as tropas até o outro lado do Jordão. 25 Absalão havia nomeado Amasa para comandar seu exército em lugar de Joabe. (Amasa era primo de Joabe. Seu pai era Jéter,[aa] um ismaelita,[ab] e sua mãe, Abigail, era filha de Naás, irmã de Zeruia, mãe de Joabe.) 26 Absalão e o exército israelita acamparam na terra de Gileade.

27 Quando Davi chegou a Maanaim, foi recebido por Sobi, filho de Naás, de Rabá dos amonitas, e por Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar, e por Barzilai, de Rogelim, em Gileade. 28 Trouxeram camas, vasilhas, tigelas, trigo e cevada, farinha e grãos tostados, feijão e lentilha, 29 mel, coalhada, ovelhas e queijo para Davi e os que o acompanhavam, pois disseram: “Vocês devem estar muito famintos, cansados e sedentos depois da longa caminhada pelo deserto”.

A derrota e a morte de Absalão

18 Davi passou em revista os soldados que estavam com ele e nomeou generais e capitães para liderá-los.[ac] Em seguida, enviou-os em três grupos: um sob o comando de Joabe; outro sob o comando de Abisai, irmão de Joabe, filho de Zeruia; e o outro sob o comando de Itai, de Gate. O rei disse a seus soldados: “Também vou com vocês”.

Os homens, porém, se opuseram. “O senhor não deve ir”, disseram. “Se tivermos de recuar ou fugir, ou mesmo se metade de nós morrer, para eles não fará diferença. O senhor vale por dez mil de nós;[ad] por isso, é melhor que fique na cidade e nos envie ajuda, se for necessário.”

“Farei o que acharem melhor”, disse o rei. Assim, ficou junto ao portão da cidade, enquanto os soldados saíam marchando em grupos de cem e de mil.

O rei deu a seguinte ordem a Joabe, Abisai e Itai: “Por minha causa, tratem o jovem Absalão com bondade”. Todas as tropas ouviram o rei dar essa ordem a seus comandantes.

Então saíram para o campo, e a batalha começou no bosque de Efraim. Os soldados israelitas foram derrotados pelos homens de Davi. Houve grande matança naquele dia, e vinte mil homens perderam a vida. A batalha se espalhou por toda a região, e morreram mais homens no bosque do que os que foram mortos pela espada.

Durante a batalha, Absalão deparou com alguns homens de Davi. Tentou fugir montado numa mula, mas, ao passar debaixo dos galhos espessos de uma grande árvore, ficou enroscado neles pela cabeça. A mula continuou a correr e o deixou ali, pendurado na árvore. 10 Um dos soldados de Davi presenciou a cena e disse a Joabe: “Vi Absalão pendurado numa árvore”.

11 “Você o viu?”, perguntou Joabe. “E por que não o matou ali mesmo? Eu o teria recompensado com dez peças[ae] de prata e um cinturão de guerreiro!”

12 Mas o soldado respondeu a Joabe: “Eu não mataria o filho do rei nem por mil peças[af] de prata! Todos nós ouvimos o rei dizer ao senhor, a Abisai e a Itai: ‘Por minha causa, poupem o jovem Absalão’. 13 E, se eu tivesse traído o rei e matado seu filho, certamente ele ficaria sabendo, e o senhor seria o primeiro a ficar contra mim”.

14 “Não vou perder mais tempo discutindo com você!”, disse Joabe. Então pegou três dardos e atravessou com eles o peito de Absalão quando ele ainda estava vivo, pendurado na árvore. 15 Em seguida, dez jovens escudeiros de Joabe cercaram Absalão e o mataram.

16 Então Joabe tocou a trombeta, e seus homens pararam de perseguir o exército de Israel. 17 Atiraram o corpo de Absalão numa cova profunda no bosque e sobre ela colocaram um monte de pedras. E todos os israelitas fugiram para suas casas.

18 Quando ainda estava vivo, Absalão havia construído para si um monumento no vale do Rei, pois disse: “Não tenho filho para dar continuidade a meu nome”. Chamou-o de Monumento de Absalão, como é conhecido até hoje.

Davi lamenta a morte de Absalão

19 Então Aimaás, filho de Zadoque, disse: “Deixe-me ir correndo dar ao rei a boa notícia de que o Senhor o livrou de seus inimigos!”.

20 “Não”, disse Joabe. “Não será uma boa notícia para o rei saber que o filho dele morreu. Você pode servir de mensageiro em outra ocasião, mas não hoje.”

21 Então Joabe disse a um etíope:[ag] “Vá e conte ao rei o que você viu”. O homem se curvou diante de Joabe e partiu correndo.

22 Contudo, Aimaás, filho de Zadoque, insistiu com Joabe: “Não importa o que aconteça, deixe-me ir também”.

“Por que você quer ir, meu filho?”, disse Joabe. “Não haverá recompensa alguma pela notícia.”

23 “Eu sei, mas deixe-me ir mesmo assim”, implorou.

Por fim, Joabe disse: “Está bem, pode ir”. Então Aimaás pegou o caminho mais fácil, pela planície, e correu até Maanaim à frente do etíope.

24 Enquanto Davi estava entre os portões interno e externo da cidade, o guarda subiu até o terraço sobre a porta, junto ao muro. Ao olhar dali, viu um homem correndo na direção deles. 25 Gritou para avisar Davi, e o rei respondeu: “Se está sozinho, traz boas notícias”.

Quando o mensageiro se aproximou, 26 o guarda viu outro homem correndo na direção deles e avisou: “Outro homem se aproxima!”.

E disse o rei: “Também traz boas notícias”.

27 “O primeiro homem corre como Aimaás, filho de Zadoque”, disse o guarda.

“Ele é um homem bom e traz boas notícias”, respondeu o rei.

28 Então Aimaás gritou para o rei: “Tudo está bem!”. Curvou-se diante do rei com o rosto no chão e disse: “Louvado seja o Senhor, seu Deus, que entregou os rebeldes que ousaram se levantar contra o meu senhor, o rei!”.

29 “E quanto a Absalão?”, perguntou o rei. “Ele está bem?”

Aimaás respondeu: “Quando Joabe me enviou, havia grande confusão, mas não sei o que aconteceu”.

30 “Espere aqui”, disse o rei. E Aimaás ficou esperando ao lado.

31 Então chegou o etíope e disse: “Tenho boas notícias para o meu senhor, o rei. Hoje o Senhor o livrou de todos que se rebelaram contra o rei”.

32 “E quanto ao jovem Absalão?”, perguntou o rei. “Ele está bem?”

O etíope respondeu: “Que todos os inimigos do meu senhor, o rei, e todos os que se levantam para lhe fazer mal tenham o mesmo destino daquele jovem!”.

33 [ah]O rei ficou muito abalado. Foi para o quarto que ficava sobre o portão da cidade e começou a chorar. Andando de um lado para o outro, clamava: “Ah, meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera eu tivesse morrido em seu lugar! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!”.

Joabe repreende o rei

19 [ai]Logo chegou a Joabe a notícia de que o rei chorava e lamentava a morte de Absalão. Quando o povo soube da grande tristeza do rei pela morte de seu filho, a alegria da vitória daquele dia se transformou em profundo pesar. Os soldados entraram na cidade sem chamar a atenção, como se estivessem envergonhados e houvessem fugido da batalha. O rei cobriu o rosto com as mãos e continuou a chorar: “Ah, meu filho Absalão! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!”.

Então Joabe foi até o quarto do rei e disse: “Hoje salvamos sua vida e a vida de seus filhos e filhas e de suas esposas e concubinas. E, no entanto, o senhor age desse modo e nos faz sentir envergonhados. Parece amar os que o odeiam e odiar os que o amam. Hoje deixou claro que todos os seus comandantes e soldados não significam nada para o senhor. Pelo visto, se Absalão tivesse sobrevivido e todos nós tivéssemos morrido, o senhor estaria satisfeito. Agora saia e vá parabenizar seus soldados, pois juro pelo Senhor que, se o rei não for, nem um só deles permanecerá aqui esta noite. Isso seria pior que todo o mal que já lhe aconteceu na vida”.

Assim, o rei saiu e se sentou à entrada da cidade, e quando se espalhou a notícia de que o rei estava ali, todos foram vê-lo.

Enquanto isso, os israelitas haviam fugido para suas casas, e em todas as tribos de Israel houve muita discussão. O povo dizia: “O rei nos livrou de nossos inimigos e nos libertou dos filisteus, mas teve de fugir por causa de Absalão. 10 Agora Absalão, a quem ungimos para reinar sobre nós, está morto. Não devemos demorar para trazer o rei Davi de volta!”.

11 Então Davi enviou uma mensagem aos sacerdotes Zadoque e Abiatar: “Perguntem às autoridades de Judá: ‘Por que vocês demoram tanto para receber o rei de volta? Até eu já sei que todo o Israel deseja a minha volta. 12 Vocês são meus parentes, minha própria tribo, meu povo e minha raça![aj] Então por que são os últimos a receber o rei de volta?’”. 13 E Davi pediu que dissessem a Amasa: “Você é meu parente, meu povo e minha raça. Que Deus me castigue severamente se, de hoje em diante, você não se tornar comandante de meu exército em lugar de Joabe”.

14 A mensagem de Davi convenceu todas as autoridades de Judá, e eles deram uma resposta unânime. Mandaram dizer ao rei: “Volte para nós e traga todos que estão com o senhor!”.

Davi volta para Jerusalém

15 Então o rei começou a viagem de volta para Jerusalém. Quando chegou ao rio Jordão, o povo de Judá foi a Gilgal para encontrar-se com ele e acompanhá-lo até o outro lado do rio. 16 Simei, filho de Gera, de Baurim, na terra de Benjamim, atravessou com os homens de Judá para dar as boas-vindas ao rei Davi. 17 Estavam com ele mil homens da tribo de Benjamim, incluindo Ziba, servo da casa de Saul, e os quinze filhos e vinte servos de Ziba. Desceram apressadamente ao Jordão para receber o rei. 18 Atravessaram o rio, para ajudar a família do rei a chegar à outra margem e para fazer o que ele lhes solicitasse.

Davi tem misericórdia de Simei

Quando o rei estava prestes a atravessar o rio, Simei, filho de Gera, curvou-se diante dele e suplicou: 19 “Ó meu senhor, o rei, por favor, perdoe-me. Esqueça as coisas terríveis que seu servo disse quando o senhor saiu de Jerusalém. 20 Sei quanto pequei. Por isso vim aqui hoje, a primeira pessoa em todo o Israel[ak] a receber o meu senhor, o rei”.

21 Então Abisai, filho de Zeruia, disse: “Simei deve ser morto, pois amaldiçoou o rei ungido do Senhor!”.

22 “Quem pediu a opinião de vocês, filhos de Zeruia?”, disse Davi. “Por que agem como se fossem meus inimigos?[al] Hoje não é um dia de execuções, pois hoje voltei a ser rei em Israel!” 23 Então, virando-se para Simei, Davi prometeu: “Sua vida será poupada”.

O reencontro de Davi e Mefibosete

24 Mefibosete, neto de Saul, veio para encontrar-se com o rei. Desde que Davi havia saído de Jerusalém até o dia em que voltou em segurança, Mefibosete não tinha lavado os pés, nem feito a barba, nem lavado as roupas. 25 Quando ele chegou a Jerusalém, o rei lhe perguntou: “Por que você não veio comigo, Mefibosete?”.

26 Ele respondeu: “Ó meu senhor, o rei, meu servo Ziba me enganou. Pedi que ele selasse meu jumento para que eu pudesse acompanhar o rei, pois, como o senhor sabe, sou aleijado. 27 Ele, no entanto, falou mal de mim e disse que eu havia me recusado a vir. Mas sei que meu senhor, o rei, é como um anjo de Deus. Portanto, faça o que lhe parecer melhor. 28 Meus parentes e eu só poderíamos esperar que o senhor mandasse nos matar. Contudo, o senhor me honrou ao permitir que eu comesse à sua mesa. Que mais eu poderia pedir?”.

29 “Não precisa continuar se explicando”, respondeu Davi. “Resolvi que você e Ziba dividirão sua terra igualmente entre si.”

30 “Dê tudo a ele”, disse Mefibosete. “Para mim, basta saber que meu senhor, o rei, voltou para casa em segurança.”

Davi trata Barzilai com bondade

31 Barzilai, de Gileade, havia descido de Rogelim para acompanhar o rei na travessia do Jordão. 32 Era bastante idoso — tinha 80 anos — e era muito rico. Foi ele quem providenciou alimento para o rei durante sua estada em Maanaim. 33 O rei disse a Barzilai: “Venha comigo para Jerusalém, e eu cuidarei de você”.

34 Barzilai, porém, respondeu: “Sou idoso demais para ir com o rei a Jerusalém. 35 Tenho 80 anos e não consigo mais apreciar coisa alguma. A comida e a bebida já não têm sabor, e já não consigo ouvir a voz dos cantores. Seria apenas um peso para meu senhor, o rei. 36 Atravessar o Jordão com o rei é honra suficiente para mim! 37 Depois, permita que eu volte para morrer em minha cidade, onde meu pai e minha mãe foram sepultados. Mas aqui está seu servo, Quimã; permita que ele vá com meu senhor, o rei, e receba o que o senhor quiser lhe dar”.

38 “Está bem”, concordou o rei. “Quimã virá comigo, e eu o ajudarei da maneira como você achar melhor. E farei por você qualquer coisa que me pedir.” 39 Assim, todo o povo atravessou o Jordão com o rei. Depois que Davi abençoou Barzilai e o beijou, Barzilai voltou para casa.

40 O rei atravessou para Gilgal, levando Quimã consigo. Todo o povo de Judá e metade do povo de Israel o acompanharam.

Discussão sobre o rei

41 Contudo, os homens de Israel vieram queixar-se ao rei: “Os homens de Judá se apropriaram do rei e não nos deram a honra de ajudar a levar o senhor, sua família e todos os seus acompanhantes até o outro lado do Jordão”.

42 Os homens de Judá argumentaram: “O rei é nosso parente próximo. Por que vocês estão irados? Não comemos à custa do rei nem recebemos favor especial algum!”.

43 “Mas há dez tribos em Israel”, responderam os outros. “Portanto, temos dez vezes mais direito ao rei do que vocês. Que direito vocês têm de nos tratar com desprezo? Não fomos nós os primeiros a propor trazer nosso rei de volta?” A discussão continuou, e os homens de Judá falaram com ainda mais rispidez que os de Israel.

A rebelião de Seba

20 Estava ali por acaso um homem perverso chamado Seba, filho de Bicri, da tribo de Benjamim. Seba tocou a trombeta e começou a gritar:

“Abaixo a dinastia de Davi!
O filho de Jessé nada tem a nos oferecer!
Vamos, homens de Israel,
todos de volta para casa!”.

Então todo o povo de Israel que estava ali abandonou Davi e seguiu Seba, filho de Bicri. O povo de Judá, porém, permaneceu com o rei e o acompanhou do rio Jordão até Jerusalém.

Quando Davi chegou a seu palácio em Jerusalém, mandou confinar as dez concubinas que haviam ficado ali. O rei lhes providenciou sustento, mas não teve mais relações com elas. Permaneceram como viúvas até o fim da vida.

O rei disse a Amasa: “Reúna o exército de Judá e apresente-se aqui em três dias”. Amasa saiu para convocar os soldados de Judá, mas levou mais tempo que o prazo definido pelo rei.

Então Davi disse a Abisai: “Seba, filho de Bicri, vai nos prejudicar mais que Absalão. Leve minhas tropas e persiga-o antes que ele entre numa cidade fortificada, onde não possamos alcançá-lo”.

Os soldados de Joabe, junto com a guarda pessoal do rei[am] e os guerreiros valentes, saíram de Jerusalém para perseguir Seba. Quando chegaram à grande rocha em Gibeom, Amasa foi ao encontro deles. Joabe vestia seu traje militar e levava um punhal preso ao cinto. Quando deu um passo à frente para saudar Amasa, tirou o punhal da bainha.[an]

“Como vai, meu primo?”, disse Joabe, e o pegou pela barba com a mão direita, como se fosse beijá-lo. 10 Amasa não percebeu o punhal na mão esquerda dele, e Joabe o feriu no estômago, de modo que suas entranhas se derramaram no chão. Joabe não precisou feri-lo outra vez, pois Amasa morreu rapidamente. Joabe e seu irmão Abisai deixaram o corpo ali e continuaram a perseguir Seba.

11 Um dos soldados de Joabe gritou: “Se estiverem do lado de Joabe e Davi, venham e sigam Joabe!”. 12 Amasa, porém, estava estendido numa poça de sangue no meio do caminho, e os soldados de Joabe viram que todos paravam para olhar. Então um dos soldados o arrastou para fora do caminho, até um campo, e o cobriu com um manto. 13 Com o corpo de Amasa fora do caminho, todos seguiram Joabe em perseguição a Seba, filho de Bicri.

14 Enquanto isso, Seba passou por todas as tribos de Israel e, por fim, chegou à cidade de Abel-Bete-Maaca. Todos os membros de seu clã, os bicritas,[ao] se reuniram para lutar e o seguiram até a cidade. 15 Quando os soldados de Joabe chegaram, cercaram Abel-Bete-Maaca. Construíram uma rampa junto às fortificações da cidade e começaram a derrubar o muro. 16 Então uma mulher sábia da cidade gritou: “Ouçam! Digam a Joabe que se aproxime, pois desejo falar com ele!”. 17 Quando ele se aproximou, a mulher perguntou: “O senhor é Joabe?”.

“Sim, sou eu”, respondeu ele.

Então ela disse: “Ouça sua serva com atenção”.

“Estou ouvindo”, disse ele.

18 A mulher continuou: “Antigamente era costume dizer: ‘Se precisar resolver um desentendimento, peça conselho na cidade de Abel’. 19 Somos pacíficos e fiéis em Israel, mas o senhor está prestes a destruir uma cidade importante de nossa terra.[ap] Por que deseja destruir aquilo que pertence ao Senhor?”.

20 “De maneira nenhuma!”, respondeu Joabe. “Não quero arruinar nem destruir sua cidade. 21 Não é essa a minha intenção. Quero apenas capturar um homem chamado Seba, filho de Bicri, da região montanhosa de Efraim, que se rebelou contra o rei Davi. Se vocês o entregarem para mim, deixarei a cidade em paz.”

“Está bem”, respondeu a mulher. “Jogaremos a cabeça dele para você por cima do muro.” 22 Então a mulher levou o seu bom conselho até o povo. Eles cortaram a cabeça de Seba e a jogaram para Joabe. Ele tocou a trombeta, e seus soldados se retiraram da cidade. Todos voltaram para suas casas, e Joabe voltou para o rei, em Jerusalém.

23 Joabe era o comandante de todo o exército de Israel. Benaia, filho de Joiada, era o comandante da guarda pessoal do rei. 24 Adonirão[aq] era encarregado daqueles que realizavam trabalhos forçados. Josafá, filho de Ailude, era o historiador do reino. 25 Seva era o secretário da corte. Zadoque e Abiatar eram os sacerdotes. 26 E Ira, descendente de Jair, servia Davi como sacerdote.

Davi vinga os gibeonitas

21 Durante o reinado de Davi, houve uma terrível fome que durou três anos, e o rei consultou o Senhor a esse respeito. O Senhor disse: “A fome veio porque Saul e sua família são culpados de terem matado os gibeonitas”.

Então o rei mandou chamar os gibeonitas. Eles não faziam parte do povo de Israel, mas eram tudo que restava dos amorreus. Os israelitas tinham jurado que não os matariam, mas Saul, em seu zelo por Israel e Judá, havia tentado exterminá-los. Davi lhes perguntou: “O que posso fazer por vocês? Como posso reparar o mal que lhes foi feito, para que vocês abençoem o povo do Senhor?”.

Os gibeonitas responderam: “Prata e ouro não resolverão a questão entre nós e a família de Saul. Também não temos o direito de exigir a vida de ninguém em Israel”.

“Que farei por vocês, então?”, perguntou Davi.

Eles responderam: “Saul planejava nos destruir; queria nos impedir de ter um lugar no território de Israel. Portanto, entregue-nos sete dos filhos de Saul, para que os executemos diante do Senhor em Gibeá, no monte do Senhor”.[ar]

“Está bem”, disse o rei. “Farei o que me pedem.” O rei poupou a vida de Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, por causa do juramento que Davi e Jônatas haviam feito diante do Senhor. Contudo, entregou-lhes Armoni e Mefibosete, os dois filhos de Saul com Rispa, filha de Aiá. Também entregou-lhes os cinco filhos de Merabe,[as] filha de Saul, esposa de Adriel, filho de Barzilai, de Meolá. Os homens de Gibeom os executaram no monte, diante do Senhor. Os sete foram mortos ao mesmo tempo, no início da colheita da cevada.

10 Então Rispa, filha de Aiá, estendeu um pano de saco sobre uma rocha e ficou ali todo o período da colheita. Não deixou que as aves de rapina despedaçassem os corpos deles durante o dia e impediu os animais selvagens de os devorarem durante a noite. 11 Quando Davi soube o que Rispa, concubina de Saul, havia feito, 12 foi até o povo de Jabes-Gileade para reaver os ossos de Saul e de seu filho Jônatas. (Quando os filisteus mataram Saul e Jônatas no monte Gilboa, o povo de Jabes-Gileade tinha roubado os corpos deles da praça de Bete-Seã, onde os filisteus os haviam pendurado.) 13 Davi trouxe os ossos de Saul e de Jônatas, e também os ossos dos homens que os gibeonitas haviam executado.

14 O rei ordenou que os ossos de Saul e de Jônatas fossem enterrados na sepultura de Quis, pai de Saul, na cidade de Zela, na terra de Benjamim. Depois disso, Deus atendeu às orações em favor do povo.

Batalhas contra gigantes filisteus

15 Mais uma vez, houve guerra entre os filisteus e Israel. Quando Davi e seus soldados estavam no meio de uma batalha, Davi perdeu as forças e ficou exausto. 16 Isbibenobe era descendente de gigantes,[at] e a ponta de sua lança de bronze pesava cerca de 3,5 quilos.[au] Ele estava armado com uma espada nova e jurou que ia matar Davi. 17 Mas Abisai, filho de Zeruia, veio socorrer Davi e matou o filisteu. Então os homens de Davi exigiram: “O senhor não vai mais sair conosco para lutar! Por que correr o risco de apagar a lâmpada de Israel?”.

18 Depois disso, houve outra batalha contra os filisteus, em Gobe. Enquanto lutavam, Sibecai, de Husate, matou Safe, outro descendente de gigantes.

19 Durante uma batalha em Gobe, Elanã, filho de Jair,[av] de Belém, matou o irmão de Golias, de Gate.[aw] O cabo de sua lança era da grossura de um eixo de tecelão.

20 Em outra batalha com os filisteus em Gate, havia um homem de grande estatura[ax] com seis dedos em cada mão e seis dedos em cada pé, 24 dedos ao todo, que também era descendente de gigantes. 21 Mas, quando ele desafiou os israelitas e zombou deles, foi morto por Jônatas, filho de Simeia,[ay] irmão de Davi.

22 Esses quatro filisteus eram descendentes dos gigantes de Gate, mas Davi e seus guerreiros os mataram.

Cântico de louvor de Davi

22 Davi entoou esta canção ao Senhor no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e de Saul. Assim cantou:

“O Senhor é minha rocha, minha fortaleza
e meu libertador;
meu Deus é minha rocha,
em quem encontro proteção.
Ele é meu escudo, o poder que me salva
e meu lugar seguro.
Ele é meu refúgio, meu salvador,
aquele que me livra da violência.
Clamei ao Senhor, que é digno de louvor,
e ele me livrou de meus inimigos.

“As ondas da morte me cercaram,
torrentes de destruição caíram sobre mim.
A sepultura[az] me envolveu em seus laços,
a morte pôs uma armadilha em meu caminho.
Em minha aflição, clamei ao Senhor;
sim, clamei a Deus por socorro.
Do seu santuário ele me ouviu;
meu clamor chegou a seus ouvidos.

“A terra se abalou e estremeceu;
tremeram os alicerces dos céus,
agitaram-se por causa de sua ira.
De suas narinas saiu fumaça,
de sua boca, fogo consumidor;
brasas vivas saíram dele.
10 Ele abriu os céus e desceu,
com nuvens escuras de tempestade sob os pés.
11 Montado num querubim,
pairava[ba] sobre as asas do vento.
12 Envolveu-se num manto de escuridão,
em densas nuvens de chuva.
13 Um clarão resplandeceu ao seu redor,
e dele saíram brasas vivas.[bb]
14 O Senhor trovejou dos céus;
a voz do Altíssimo ressoou.
15 Atirou flechas e dispersou seus inimigos,
lançou raios e os fez fugir em confusão.
16 Então, por ordem do Senhor,
com o forte sopro de suas narinas,
o fundo do mar apareceu,
e os alicerces da terra ficaram expostos.

17 “Dos céus estendeu a mão e me resgatou;
tirou-me de águas profundas.
18 Livrou-me de inimigos poderosos,
dos que me odiavam
e eram fortes demais para mim.

Nova Versão Transformadora (NVT)

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