Bible in 90 Days
20 No mesmo instante, Saul caiu estendido no chão, paralisado de terror com as palavras de Samuel. Estava fraco de fome, pois não havia comido nada durante todo aquele dia e toda aquela noite.
21 Quando a mulher viu quanto ele estava perturbado, disse: “Meu senhor, obedeci à sua ordem e arrisquei minha vida. 22 Agora, faça o que digo e deixe que eu lhe dê alguma coisa para comer, a fim de que recupere as forças para a viagem de volta”.
23 Mas Saul se recusou a comer. Seus servos também insistiram para que ele se alimentasse, até que, por fim, ele concordou. Então ele se levantou do chão e foi sentar-se na cama.
24 A mulher estava engordando um bezerro, de modo que saiu depressa e o matou. Pegou um punhado de farinha, preparou a massa e assou um pão sem fermento. 25 Trouxe a refeição para Saul e seus conselheiros, e eles comeram. Depois, saíram naquela mesma noite.
Os filisteus rejeitam Davi
29 As tropas dos filisteus estavam reunidas em Afeca, e os israelitas acamparam junto à fonte de Jezreel. 2 Enquanto os governantes filisteus iam à frente de suas tropas de centenas e de milhares, Davi e seus homens marchavam na retaguarda com o rei Aquis. 3 Então os comandantes filisteus perguntaram: “O que estes hebreus fazem aqui?”.
Aquis respondeu: “Este é Davi, servo do rei Saul, de Israel. Já faz tempo que está comigo e, desde o dia em que chegou até hoje, não encontrei nele nenhuma falta”.
4 Mas os comandantes filisteus se iraram. “Mande-o de volta para a cidade que o senhor deu para ele!”, exigiram. “Não pode ir à guerra conosco. E se ele se voltar contra nós na batalha e se tornar nosso adversário? Existe maneira melhor de ele se reconciliar com seu senhor do que entregando-lhe nossa cabeça? 5 Não é este o mesmo Davi a respeito de quem as mulheres de Israel cantavam em suas danças:
‘Saul matou milhares,
e Davi, dezenas de milhares’?”
6 Então Aquis chamou Davi e lhe disse: “Tão certo como vive o Senhor, você foi um aliado fiel. A meu ver, deveria acompanhar-me na batalha, pois, desde o dia em que chegou até hoje, nunca encontrei nenhuma falha em você. Mas os outros governantes filisteus não o aprovam. 7 Por favor, não os desagrade; volte para casa em paz”.
8 “O que fiz para merecer esse tratamento?”, perguntou Davi. “O que o senhor viu de errado em mim desde que comecei a servi-lo? Por que não posso lutar contra os inimigos do meu senhor, o rei?”
9 Aquis, porém, insistiu: “Para mim, você é tão leal quanto um anjo de Deus, mas os comandantes filisteus não querem que você os acompanhe na batalha. 10 Agora, levante-se bem cedo e vá embora com seus homens assim que o dia clarear”.
11 Então Davi e seus soldados voltaram bem cedo para a terra dos filisteus, enquanto o exército filisteu prosseguiu para Jezreel.
Davi extermina os amalequitas
30 Três dias depois, quando Davi e seus homens chegaram à cidade de Ziclague, viram que os amalequitas haviam invadido o Neguebe e atacado Ziclague; tinham destruído e queimado a cidade. 2 Não mataram ninguém, mas tomaram como prisioneiros as mulheres, as crianças e os demais e foram embora.
3 Quando Davi e seus homens viram a cidade queimada e se deram conta do que havia acontecido com suas mulheres, seus filhos e suas filhas, 4 lamentaram e choraram em alta voz até não aguentar mais. 5 As duas esposas de Davi, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, viúva de Nabal, do Carmelo, estavam entre os que foram capturados. 6 Davi ficou muito aflito, pois os homens estavam amargurados por terem perdido seus filhos e suas filhas e começaram a falar em apedrejá-lo. Mas Davi encontrou forças no Senhor, seu Deus.
7 Então disse ao sacerdote Abiatar: “Traga o colete sacerdotal!”, e Abiatar, filho de Aimeleque, o trouxe. 8 Davi perguntou ao Senhor: “Devo perseguir esse bando de saqueadores? Conseguirei apanhá-los?”.
E o Senhor lhe respondeu: “Sim, vá atrás deles. Certamente conseguirá recuperar tudo que foi tomado de vocês”.
9 Davi e os seiscentos homens partiram e chegaram ao ribeiro de Besor, onde ficaram alguns deles. 10 Duzentos dos homens estavam exaustos demais para atravessar o ribeiro, e Davi continuou a perseguição com quatrocentos homens.
11 No caminho, encontraram um rapaz egípcio num campo e o levaram até Davi. Deram-lhe um pouco de pão para comer e água para beber. 12 Também lhe deram um pedaço de bolo de figo e dois bolos de passas,[a] pois fazia três dias e três noites que não comia nem bebia nada. Em pouco tempo, recuperou as forças.
13 Davi lhe perguntou: “A quem você pertence e de onde veio?”.
“Sou egípcio, escravo de um amalequita”, respondeu ele. “Meu senhor me abandonou três dias atrás porque fiquei doente. 14 Estávamos voltando de um ataque aos queretitas, no Neguebe, ao território de Judá e à terra de Calebe, e tínhamos queimado Ziclague.”
15 “Você pode me levar até esse bando de saqueadores?”, perguntou Davi.
O rapaz respondeu: “Se o senhor jurar por Deus que não me matará nem me entregará ao meu senhor, eu o levarei até eles”.
16 O rapaz o levou até os amalequitas. Estavam espalhados pelos campos, comendo, bebendo e festejando por causa da grande quantidade de bens que haviam tomado da terra dos filisteus e da terra de Judá. 17 Davi e seus homens massacraram os amalequitas, atacando-os durante toda a noite e todo o dia seguinte, até o entardecer. Nenhum deles escapou, exceto quatrocentos rapazes que fugiram montados em camelos. 18 Davi recuperou tudo que os amalequitas haviam tomado e resgatou suas duas esposas. 19 Não faltava coisa alguma: nem pequena nem grande, nem filho nem filha, nem qualquer outra coisa que havia sido tomada. Davi trouxe tudo de volta. 20 Também recuperou todos os rebanhos, e seus companheiros os levaram à frente dos outros animais. “Este despojo pertence a Davi!”, disseram.
21 Então Davi voltou ao ribeiro de Besor, onde estavam os duzentos homens que tinham sido deixados para trás porque estavam exaustos demais para acompanhá-los. Saíram ao encontro de Davi e seus companheiros, e ele os cumprimentou com alegria. 22 Contudo, entre os que tinham acompanhado Davi havia alguns homens perversos que disseram: “Como eles não foram conosco, não devem receber nada dos despojos que recuperamos. Devolvam as esposas e os filhos deles e mandem todos embora”.
23 Davi, porém, disse: “Não, meus irmãos! Não sejam egoístas com aquilo que o Senhor nos deu. Ele nos guardou e nos ajudou a derrotar o bando de saqueadores que nos atacou. 24 Quem lhes dará ouvidos quando falam desse modo? Dividiremos igualmente entre os que foram à batalha e os que guardaram a bagagem”. 25 A partir daquele dia, Davi fez disso decreto e estatuto em Israel, e assim é até hoje.
26 Quando Davi chegou a Ziclague, enviou parte dos despojos aos líderes de Judá, que eram seus amigos. Disse: “Eis um presente para vocês, tirado dos inimigos do Senhor!”.
27 Os presentes foram enviados ao povo das seguintes cidades: Betel, Ramote do Neguebe, Jatir, 28 Aroer, Sifmote, Estemoa, 29 Racal,[b] as cidades dos jerameelitas e as cidades dos queneus, 30 Hormá, Borasã, Atace, 31 Hebrom e todos os outros lugares por onde Davi e seus homens haviam passado.
A morte de Saul
31 Enquanto isso, os filisteus atacaram Israel, e os israelitas fugiram deles. Muitos foram mortos nas encostas do monte Gilboa. 2 Os filisteus cercaram Saul e seus filhos e mataram três deles: Jônatas, Abinadabe e Malquisua. 3 O combate se tornou cada vez mais intenso em volta de Saul, e os arqueiros filisteus o alcançaram e o feriram gravemente.
4 Saul disse a seu escudeiro: “Pegue sua espada e mate-me antes que esses filisteus incircuncisos venham, me torturem e zombem de mim”.
Mas o escudeiro teve medo e não quis matá-lo. Então Saul pegou sua própria espada e se lançou sobre ela. 5 Quando viu que Saul estava morto, o escudeiro se lançou sobre sua espada e morreu ao lado do rei. 6 Foi assim que Saul e seus três filhos, seu escudeiro e seus soldados morreram juntos naquele mesmo dia.
7 Quando os israelitas do outro lado do vale de Jezreel e além do Jordão souberam que o exército israelita havia fugido e que Saul e seus filhos estavam mortos, abandonaram suas cidades e fugiram. Então os filisteus vieram e ocuparam essas cidades.
8 No dia seguinte, quando os filisteus foram saquear os mortos, encontraram os corpos de Saul e seus três filhos no monte Gilboa. 9 Cortaram a cabeça de Saul e removeram sua armadura. Então anunciaram o ocorrido no templo de seus ídolos e ao povo de toda a terra da Filístia. 10 Colocaram a armadura de Saul no templo de Astarote e penduraram o corpo no muro da cidade de Bete-Seã.
11 Quando os habitantes de Jabes-Gileade souberam o que os filisteus haviam feito a Saul, 12 todos os seus guerreiros mais valentes viajaram a noite toda para Bete-Seã e baixaram do muro os corpos de Saul e seus filhos. Levaram os corpos para Jabes, onde os queimaram. 13 Depois, enterraram os ossos debaixo de uma tamargueira em Jabes e jejuaram durante sete dias.
Davi é informado da morte de Saul
1 Depois da morte de Saul, Davi retornou de sua vitória sobre os amalequitas e passou dois dias em Ziclague. 2 No terceiro dia, apareceu um homem do exército de Saul. Ele havia rasgado as roupas e colocado terra sobre a cabeça. Ao chegar, curvou-se diante de Davi com o rosto no chão.
3 “De onde você vem?”, perguntou Davi.
O homem respondeu: “Escapei do acampamento israelita”.
4 “O que aconteceu?”, disse Davi. “Conte-me como foi a batalha.”
“Todo o nosso exército fugiu do conflito”, disse o homem. “Muitos morreram, e Saul e seu filho Jônatas também estão mortos.”
5 “Como você sabe que Saul e Jônatas estão mortos?”, perguntou Davi.
6 O homem respondeu: “Aconteceu de eu chegar ao monte Gilboa e ver Saul apoiado em sua lança, enquanto carros de guerra e cavaleiros inimigos se aproximavam dele. 7 Quando ele se virou e me viu, gritou para que eu me aproximasse dele. ‘Aqui estou, senhor’, eu lhe disse. 8 Ele perguntou: ‘Quem é você?’. E eu respondi: ‘Sou amalequita’. 9 Então ele me suplicou: ‘Venha cá e mate-me, pois a dor é terrível e quero morrer’. 10 Então o matei, pois sabia que ele não sobreviveria. Em seguida, tomei sua coroa e seu bracelete e os trouxe para cá, para o meu senhor”.
11 Quando ouviram a notícia, Davi e seus homens rasgaram as vestes. 12 Lamentaram, choraram e jejuaram o dia todo por Saul e seu filho Jônatas, pelo exército do Senhor e pela nação de Israel, pois naquele dia muitos haviam morrido pela espada.
13 Depois, Davi disse ao jovem que havia trazido a notícia: “De onde você é?”.
Ele respondeu: “Sou filho de um estrangeiro, um amalequita que vive em sua terra”.
14 Davi perguntou: “Como você não teve medo de matar o ungido do Senhor?”.
15 Então Davi chamou um de seus soldados e lhe ordenou: “Mate-o!”. O soldado feriu o amalequita com sua espada e o matou. 16 Davi disse: “Você condenou a si mesmo ao confessar que matou o ungido do Senhor”.
O cântico de Davi para Saul e Jônatas
17 Davi entoou uma canção fúnebre para Saul e Jônatas 18 e ordenou que fosse ensinada ao povo de Judá. Ela é conhecida como Cântico do Arco e está registrada no Livro de Jasar.[c]
19 Seu esplendor, ó Israel, está morto sobre os montes!
Como caíram os valentes!
20 Não contem essa notícia em Gate,
não a proclamem nas ruas de Asquelom,
para que não se alegrem as filhas dos filisteus,
para que as filhas dos incircuncisos não festejem em triunfo.
21 Ó montes de Gilboa,
que não haja orvalho nem chuva sobre vocês,
nem campos férteis que produzam ofertas de cereais.[d]
Pois ali foram profanados os escudos de valentes;
o escudo de Saul não será mais ungido com óleo.
22 O arco de Jônatas não recuava,
e a espada de Saul era invencível.
Derramaram o sangue de seus inimigos
e atravessaram o corpo de guerreiros.
23 Quão amados e estimados eram Saul e Jônatas!
Estiveram juntos na vida e na morte.
Eram mais velozes que as águias,
mais fortes que os leões.
24 Ó filhas de Israel, chorem por Saul,
pois ele as vestia com finos trajes vermelhos,
com roupas adornadas de ouro.
25 Como caíram os valentes na batalha!
Jônatas está morto sobre os montes.
26 Como choro por você, meu irmão Jônatas,
quanto eu o estimava!
Seu amor por mim era precioso,
mais que o amor das mulheres.
27 Como caíram os valentes!
Estão mortos, despojados de suas armas.
Davi é ungido rei de Judá
2 Depois disso, Davi perguntou ao Senhor: “Devo voltar para alguma das cidades de Judá?”.
“Sim”, respondeu o Senhor.
Então Davi perguntou: “Para que cidade devo ir?”.
“Para Hebrom”, disse o Senhor.
2 Entao Davi partiu com suas duas esposas, Ainoã, de Jezreel, e Abigail, a viúva de Nabal, do Carmelo, 3 e também com os homens que o acompanhavam e suas famílias. Eles se estabeleceram nos povoados vizinhos a Hebrom. 4 Então vieram os homens de Judá e ungiram Davi rei do povo de Judá.
Quando Davi soube que os moradores de Jabes-Gileade haviam sepultado Saul, 5 enviou-lhes a seguinte mensagem: “Que o Senhor os abençoe por terem sido tão fiéis a Saul, seu senhor, e lhe terem dado um sepultamento digno. 6 Que, em troca, o Senhor seja fiel a vocês e os recompense com sua bondade. E eu também os recompensarei pelo que fizeram. 7 Agora que Saul está morto, peço que continuem a ser fortes e corajosos. E saibam que o povo de Judá me ungiu para ser seu novo rei”.
Isbosete é proclamado rei de Israel
8 Contudo, Abner, filho de Ner, comandante do exército de Saul, já havia levado Isbosete, filho de Saul, para Maanaim. 9 Ali, proclamou Isbosete rei sobre Gileade, Jezreel, Efraim, Benjamim e sobre a terra dos assuritas e todo o restante de Israel.
10 Isbosete, filho de Saul, tinha 40 anos quando começou a reinar sobre Israel, e reinou por dois anos. Enquanto isso, o povo de Judá permaneceu leal a Davi, 11 que fez de Hebrom sua capital e reinou sobre Judá por sete anos e meio.
Guerra entre Israel e Judá
12 Certo dia, Abner, filho de Ner, conduziu as tropas de Isbosete, filho de Saul, de Maanaim para Gibeom. 13 Ao mesmo tempo, Joabe, filho de Zeruia, saiu com as tropas de Davi e foi ao encontro deles na represa de Gibeom, onde os dois exércitos ficaram frente a frente, posicionando-se em lados opostos da represa.
14 Então Abner disse a Joabe: “Proponho que alguns de nossos guerreiros lutem em confronto direto diante de nós”.
“Está bem”, respondeu Joabe. 15 Então foram escolhidos doze soldados de Benjamim para representar Isbosete, filho de Saul, e doze soldados para representar Davi. 16 Cada um agarrou seu adversário pela cabeça e cravou a espada um no lado do outro, e todos morreram juntos. Por isso, desde então, esse lugar em Gibeom é conhecido como Helcate-Hazurim.[e]
17 Seguiu-se nesse dia uma violenta batalha, na qual Abner e os homens de Israel foram derrotados pelos soldados de Davi.
A morte de Asael
18 Joabe, Abisai e Asael, os três filhos de Zeruia, participaram da batalha nesse dia. Asael, que era rápido como uma gazela, 19 começou a perseguir Abner. Continuou decididamente em seu encalço, sem perdê-lo de vista. 20 Quando Abner olhou para trás e viu que ele se aproximava, perguntou: “É você, Asael?”.
21 “Saia do meu encalço!”, disse Abner. “Enfrente um dos soldados mais jovens e tome suas armas.” Mas Asael continuou a persegui-lo.
22 Mais uma vez, Abner o advertiu: “Pare de me perseguir! Não quero matá-lo. Como poderia encarar seu irmão Joabe?”.
23 Asael, porém, se recusou a dar meia-volta, e Abner lhe cravou no estômago a parte de trás da lança, que saiu pelas costas. Asael caiu morto no chão. E todos que passavam por ali paravam ao ver Asael caído e morto.
24 Então Joabe e Abisai saíram em perseguição a Abner. O sol estava se pondo quando chegaram ao monte Amá, perto de Gia, no caminho para o deserto de Gibeom. 25 Os soldados de Abner, da tribo de Benjamim, se reuniram no alto do monte para resistir ao ataque.
26 Então Abner gritou para Joabe: “Será que não há como evitar matarmos uns aos outros? Não vê que isso só resultará em amargura? Quando você vai ordenar que seus homens parem de perseguir seus irmãos israelitas?”.
27 Joabe respondeu: “Só Deus sabe o que teria acontecido se você não tivesse falado, pois, se fosse preciso, nós os teríamos perseguido a noite toda”. 28 Então Joabe tocou a trombeta e seus homens pararam de perseguir os soldados de Israel, e a batalha cessou.
29 Durante toda aquela noite, Abner e seus homens recuaram pelo vale do Jordão.[f] Atravessaram o rio, marcharam a manhã inteira[g] e só pararam quando chegaram a Maanaim.
30 Enquanto isso, Joabe e seus homens também voltaram da perseguição a Abner. Quando Joabe fez a contagem, viu que faltavam apenas dezenove homens, além de Asael. 31 Os soldados de Davi, por sua vez, haviam matado 360 homens da tribo de Benjamim e dos demais soldados de Abner. 32 Joabe e seus homens levaram o corpo de Asael para Belém e o sepultaram no túmulo de seu pai. Então caminharam a noite toda e chegaram a Hebrom ao amanhecer.
3 Assim começou uma longa guerra entre a família de Saul e a família de Davi. Com o tempo, Davi se fortaleceu cada vez mais, e a família de Saul foi se enfraquecendo.
Os filhos de Davi nascidos em Hebrom
2 Estes são os filhos de Davi que nasceram em Hebrom:
O mais velho era Amnom, filho de Ainoã, de Jezreel.
3 O segundo era Daniel,[h] filho de Abigail, a viúva de Nabal, do Carmelo.
O terceiro era Absalão, filho de Maaca, filha de Talmai, rei de Gesur.
4 O quarto era Adonias, filho de Hagite.
O quinto era Sefatias, filho de Abital.
5 O sexto era Itreão, filho de Eglá, esposa de Davi.
Todos esses filhos de Davi nasceram em Hebrom.
Abner une forças com Davi
6 Enquanto continuava a guerra entre as famílias de Saul e de Davi, Abner se tornou um líder cada vez mais influente entre a família de Saul. 7 Um dia, Isbosete, filho de Saul, acusou Abner de ter relações com uma das concubinas de Saul, uma mulher chamada Rispa, filha de Aiá.
8 Abner ficou furioso com as palavras de Isbosete. “Por acaso sou um cão de Judá para ser tratado dessa maneira?”, gritou ele. “Depois de tudo que fiz por seu pai, Saul, e pela família e os amigos dele ao não entregar você a Davi, minha recompensa é ser acusado por causa dessa mulher? 9 Que Deus me castigue severamente se eu não fizer por Davi tudo que o Senhor prometeu a ele! 10 Tomarei o reino da família de Saul e o entregarei a Davi. Estabelecerei o trono de Davi tanto sobre Israel como sobre Judá, desde Dã, ao norte, até Berseba, ao sul!” 11 Isbosete não se atreveu a dizer nem mais uma palavra, pois teve medo do que Abner poderia fazer.
12 Então Abner enviou mensageiros para dizer a Davi: “Afinal, a quem pertence esta terra? Faça um acordo comigo, e eu o ajudarei a conseguir o apoio de todo o Israel”.
13 “Está bem”, respondeu Davi. “Mas só farei acordo com você se, quando vier para cá, trouxer de volta minha esposa Mical, filha de Saul.”
14 Davi enviou a seguinte mensagem a Isbosete, filho de Saul: “Devolva minha esposa Mical, pois eu conquistei o direito de me casar com ela com os prepúcios de cem filisteus”.
15 Então Isbosete mandou tirar Mical de seu marido, Palti,[i] filho de Laís. 16 Palti a seguiu até Baurim, chorando ao longo de todo o caminho, até que Abner lhe disse: “Volte para casa!”, e ele voltou.
17 Abner reuniu as autoridades de Israel e lhes disse: “Faz algum tempo que vocês querem declarar Davi seu rei. 18 Chegou a hora de agir! Pois o Senhor disse: ‘Escolhi meu servo Davi para livrar meu povo, Israel, das mãos dos filisteus e de todos os seus inimigos’”. 19 Abner também falou com os homens de Benjamim. Depois, foi a Hebrom para dizer a Davi que todo o povo de Israel e de Benjamim tinha concordado em apoiá-lo.
20 Quando Abner, acompanhado de vinte homens, chegou a Hebrom, Davi os recebeu com um grande banquete. 21 Então Abner disse a Davi: “Deixe que eu vá e convoque uma reunião de todo o Israel para apoiar meu senhor, o rei. Farão uma aliança com o senhor para que reine sobre eles, e o senhor governará sobre tudo que seu coração desejar”. Davi se despediu dele, e Abner partiu em paz.
Abner é assassinado por Joabe
22 Contudo, logo depois que Davi despediu Abner em paz, Joabe e alguns dos soldados de Davi retornaram de um ataque, trazendo muitos despojos. 23 Quando Joabe chegou, foi informado de que Abner, filho de Ner, tinha acabado de visitar o rei, que o havia despedido em paz.
24 Joabe foi até o rei e perguntou: “O que foi que o senhor fez? Por que deixou Abner escapar? 25 O senhor conhece muito bem Abner, filho de Ner! Sabe que ele veio espioná-lo e descobrir tudo que o senhor anda fazendo!”.
26 Então Joabe saiu da presença de Davi e enviou mensageiros para alcançar Abner. Eles o encontraram perto do poço de Sirá e o trouxeram de volta, sem que Davi soubesse. 27 Quando Abner chegou a Hebrom, Joabe o chamou para um lado, junto ao portão da cidade, como se fosse falar com ele em particular. Então, apunhalou-o no estômago e o matou para vingar a morte de Asael, seu irmão.
28 Quando Davi soube o que havia acontecido, declarou: “Juro pelo Senhor que eu e meu reino somos para sempre inocentes desse crime contra Abner, filho de Ner. 29 Que essa culpa permaneça sobre Joabe e sua família! Que em todas as gerações da família de Joabe nunca falte um homem que tenha fluxo ou lepra,[j] que use muletas,[k] que morra pela espada, ou que tenha de mendigar o alimento!”.
30 Assim, Joabe e seu irmão Abisai assassinaram Abner, pois ele havia matado Asael, irmão deles, na batalha em Gibeom.
Davi lamenta a morte de Abner
31 Então Davi disse a Joabe e a todos que estavam com ele: “Rasguem suas roupas e vistam pano de saco. Lamentem a morte de Abner”, e o próprio rei seguiu o cortejo fúnebre. 32 Sepultaram Abner em Hebrom, e o rei chorou em alta voz junto ao túmulo, e todo o povo lamentou com ele. 33 Então o rei entoou esta canção fúnebre:
“Acaso Abner devia morrer como um vilão?
34 Suas mãos não estavam atadas,
nem seus pés acorrentados.
Não, você foi assassinado,
vítima de uma trama perversa”.
Todo o povo lamentou uma vez mais por Abner. 35 Davi tinha se recusado a comer no dia do funeral, e todos insistiram para que ele se alimentasse. Mas ele havia feito um voto: “Que Deus me castigue severamente se eu comer alguma coisa antes do pôr do sol”.
36 Seu voto agradou muito o povo. De fato, aprovavam tudo que o rei fazia. 37 Assim, todos em Judá e em Israel entenderam que Davi não era responsável pelo assassinato de Abner, filho de Ner.
38 Então o rei disse a seus oficiais: “Não percebem que um grande comandante caiu hoje em Israel? 39 E, embora eu seja o rei ungido, esses dois filhos de Zeruia, Joabe e Abisai, são fortes demais para que eu os controle. Que o Senhor retribua a esses homens maus por sua maldade”.
O assassinato de Isbosete
4 Quando Isbosete, filho de Saul, soube da morte de Abner em Hebrom, perdeu completamente o ânimo, e todo o Israel ficou sem reação. 2 Dois de seus irmãos, Baaná e Recabe, eram capitães dos grupos de ataque de Isbosete. Eram filhos de Rimom, membro da tribo de Benjamim, que vivia em Beerote. A cidade de Beerote fazia parte do território de Benjamim, 3 pois seus habitantes originais fugiram para Gitaim, onde ainda vivem como estrangeiros.
4 (Jônatas, filho de Saul, tinha um filho chamado Mefibosete, que ficou aleijado quando era criança. Mefibosete tinha 5 anos quando chegou de Jezreel a notícia de que Saul e Jônatas haviam sido mortos na batalha. Ao ouvir isso, a ama do menino o tomou nos braços e fugiu. Na pressa, porém, deixou-o cair, e ele ficou aleijado.)
5 Certo dia, Recabe e Baaná, filhos de Rimom, de Beerote, foram à casa de Isbosete por volta do meio-dia, quando ele estava descansando. 6 A mulher que ficava à porta estava peneirando trigo, mas ficou sonolenta e cochilou. Então Recabe e Baaná passaram por ela sem serem notados[l] 7 e entraram na casa, onde encontraram Isbosete dormindo em sua cama. Eles o feriram e o mataram, e depois cortaram sua cabeça. Então, levando a cabeça, fugiram durante a noite pelo vale do Jordão.[m] 8 Chegando a Hebrom, entregaram a cabeça de Isbosete a Davi. “Veja!”, disseram ao rei. “Aqui está a cabeça de Isbosete, filho de seu inimigo, Saul, que tentou matá-lo. Hoje o Senhor concedeu ao rei vingança sobre Saul e toda a sua família!”
9 Davi, porém, disse a Recabe e Baaná, filhos de Rimom, de Beerote: “O Senhor, que me tem livrado de todos os meus sofrimentos, é minha testemunha. 10 Quando alguém me informou que Saul estava morto, pensando que trazia uma boa notícia, eu o agarrei e o matei em Ziclague. Foi essa a recompensa que recebeu pela notícia! 11 Quanto mais devo recompensar os perversos que mataram um homem inocente em sua própria casa e em sua própria cama? Não devo responsabilizá-los pela morte dele e eliminá-los da face da terra?”.
12 Então Davi ordenou a seus soldados que os matassem, e assim eles fizeram. Cortaram as mãos e os pés deles e penduraram os corpos junto à represa em Hebrom. Depois, pegaram a cabeça de Isbosete e a sepultaram no túmulo de Abner, em Hebrom.
Davi se torna rei de todo o Israel
5 Então todas as tribos de Israel vieram a Hebrom para encontrar-se com Davi. “Somos do mesmo povo e raça”,[n] disseram. 2 “No passado, quando Saul era nosso rei, era você que liderava o exército de Israel. E o Senhor lhe disse: ‘Você será o pastor do meu povo, Israel. Será o líder de Israel’.”
3 Então, ali em Hebrom, o rei Davi fez um acordo diante do Senhor com todas as autoridades de Israel, e elas o ungiram rei de Israel.
4 Davi tinha 30 anos quando começou a reinar e, ao todo, reinou por quarenta anos. 5 Havia reinado sobre Judá sete anos e seis meses e, em Jerusalém, reinou sobre todo o Israel e Judá por 33 anos.
Davi conquista Jerusalém
6 Então o rei partiu com seus soldados para Jerusalém, a fim de lutar contra os jebuseus, que viviam naquele lugar. Os jebuseus zombavam de Davi: “Você jamais entrará aqui! Até os cegos e aleijados são capazes de impedi-lo!”. Diziam isso porque imaginavam estar seguros, 7 mas Davi tomou a fortaleza de Sião, que hoje é chamada de Cidade de Davi.
8 No dia do ataque, Davi disse a seus soldados: “Odeio esses jebuseus ‘cegos’ e ‘aleijados’.[o] Quem os atacar deve entrar na cidade pelo túnel de água”.[p] Essa é a origem do ditado: “Os cegos e os aleijados não entrarão na casa”.[q]
9 Então Davi foi morar na fortaleza de Sião e a chamou de Cidade de Davi. Ampliou a cidade, desde o aterro[r] até a parte interna. 10 Davi foi se tornando cada vez mais poderoso, pois o Senhor, o Deus dos Exércitos, estava com ele.
11 Hirão, rei de Tiro, enviou a Davi mensageiros com madeira de cedro, carpinteiros e pedreiros, que construíram um palácio para Davi. 12 E Davi compreendeu que o Senhor o havia confirmado como rei sobre Israel e exaltado seu reino por causa de seu povo, Israel.
13 Depois de mudar-se de Hebrom para Jerusalém, Davi tomou mais concubinas e esposas e teve mais filhos e filhas. 14 Estes são os nomes dos filhos de Davi que nasceram em Jerusalém: Samua, Sobabe, Natã, Salomão, 15 Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, 16 Elisama, Eliada e Elifelete.
Davi derrota os filisteus
17 Quando os filisteus souberam que Davi tinha sido ungido rei de Israel, mobilizaram suas tropas para capturá-lo. Davi, porém, foi informado disso e desceu para a fortaleza. 18 Os filisteus chegaram e se espalharam pelo vale de Refaim. 19 Então Davi perguntou ao Senhor: “Devo sair e lutar contra os filisteus? Tu os entregarás em minhas mãos?”.
O Senhor respondeu a Davi: “Sim, vá, pois eu certamente os entregarei em suas mãos”.
20 Então Davi foi a Baal-Perazim e ali derrotou os filisteus, e exclamou: “O Senhor irrompeu no meio de meus inimigos como uma violenta inundação!”. Por isso, chamou aquele lugar de Baal-Perazim.[s] 21 Davi e seus homens levaram os ídolos que os filisteus haviam abandonado ali.
22 Pouco tempo depois, os filisteus voltaram a se espalhar pelo vale de Refaim. 23 Mais uma vez, Davi consultou o Senhor. “Não os ataque pela frente”, respondeu o Senhor. “Em vez disso, dê a volta por trás deles e ataque-os perto dos álamos.[t] 24 Quando ouvir um som como de pés marchando por cima dos álamos, ataque! É o sinal de que o Senhor vai à sua frente para derrotar o exército filisteu.” 25 Davi fez como o Senhor ordenou e derrotou os filisteus por todo o caminho, desde Gibeom[u] até Gezer.
A arca é levada para Jerusalém
6 Davi reuniu novamente todos os melhores guerreiros de Israel, trinta mil ao todo. 2 Partiu com eles para Baalá de Judá[v] a fim de buscar a arca de Deus, junto à qual era invocado o nome do Senhor dos Exércitos,[w] que está entronizado entre os querubins. 3 Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe, que ficava num monte. Saindo da casa, Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, a carroça nova 4 que transportava a arca de Deus.[x] Aiô estava à frente da arca. 5 Davi e todo o povo de Israel celebravam diante do Senhor, entoando cânticos[y] e tocando todo tipo de instrumentos musicais: liras, harpas, tamborins, chocalhos e címbalos.
6 Quando chegaram à eira de Nacom, os bois tropeçaram, e Uzá estendeu a mão e segurou a arca. 7 A ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu por causa disso.[z] E ele morreu ali mesmo, ao lado da arca de Deus.
8 Davi ficou indignado porque a ira do Senhor irrompeu contra Uzá e chamou aquele lugar de Perez-Uzá,[aa] como é conhecido até hoje.
9 Davi teve medo do Senhor e perguntou: “Como poderei levar a arca do Senhor?”. 10 Então resolveu não transferir mais a arca do Senhor para a Cidade de Davi. Em vez disso, levou-a para a casa de Obede-Edom, na cidade de Gate. 11 A arca do Senhor ficou na casa de Obede-Edom, em Gate, por três meses, e o Senhor abençoou Obede-Edom e toda a sua família.
12 Disseram ao rei Davi: “O Senhor tem abençoado a família de Obede-Edom e tudo que ele possui por causa da arca de Deus”. Então Davi foi até lá e, com grande festa, levou a arca de Deus da casa de Obede-Edom para a Cidade de Davi. 13 Quando os homens que carregavam a arca do Senhor davam seis passos, Davi sacrificava um boi e um novilho gordo. 14 Davi usava um colete sacerdotal de linho e dançava diante do Senhor com todas as suas forças. 15 Assim, Davi e todo o povo de Israel levaram a arca do Senhor com gritos de alegria e ao som de trombetas.
Mical trata Davi com desprezo
16 Enquanto a arca do Senhor entrava na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, olhava pela janela. Quando viu o rei Davi saltando e dançando diante do Senhor, encheu-se de desprezo por ele.
17 Trouxeram a arca do Senhor e a colocaram em seu lugar, dentro de uma tenda especial que Davi tinha preparado para ela. E Davi ofereceu ao Senhor holocaustos e ofertas de paz. 18 Depois que terminou de oferecer os sacrifícios, abençoou o povo em nome do Senhor dos Exércitos. 19 Para cada homem e mulher israelita na multidão, ele deu um pão, um bolo de tâmaras[ab] e um bolo de passas. Então todos voltaram para casa.
20 Quando Davi voltou para casa a fim de abençoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao encontro dele e disse: “Como o rei de Israel se mostrou digno de honra hoje, exibindo-se sem qualquer vergonha diante das servas, como um homem vulgar!”.
21 Davi respondeu a Mical: “Eu dançava diante do Senhor, que me escolheu em lugar de seu pai e de toda a sua família! Ele me nomeou líder de Israel, o povo do Senhor, por isso continuarei a celebrar diante do Senhor. 22 Estou disposto a me tornar ainda mais desprezível e até mesmo a ser humilhado aos meus próprios olhos! Mas as servas que você mencionou certamente me considerarão digno de honra”. 23 E Mical, filha de Saul, não teve filhos até o final de sua vida.
A aliança do Senhor com Davi
7 Quando o rei Davi já havia se estabelecido em seu palácio e o Senhor lhe tinha dado descanso de todos os inimigos ao redor, 2 mandou chamar o profeta Natã. O rei disse: “Veja, moro num palácio, uma casa de cedro, enquanto a arca de Deus está lá fora, numa simples tenda”.
3 Natã respondeu ao rei: “Faça o que tem em mente, pois o Senhor está com o rei”.
4 Naquela mesma noite, porém, o Senhor disse a Natã:
5 “Vá e diga a meu servo Davi que assim diz o Senhor: ‘Acaso cabe a você construir uma casa para eu habitar? 6 Desde o dia em que tirei os israelitas do Egito até hoje, nunca morei numa casa. Sempre acompanhei o povo de um lugar para o outro numa tenda, num tabernáculo. 7 E, no entanto, onde quer que eu tenha ido com os israelitas, nunca me queixei às tribos de Israel e aos pastores de meu povo. Nunca lhes perguntei: Por que não construíram para mim um palácio, uma casa de cedro?’.
8 “Agora vá e diga a meu servo Davi que assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Eu o tirei das pastagens onde você cuidava das ovelhas e o escolhi para ser o líder de meu povo, Israel. 9 Estive com você por onde andou e destruí todos os seus inimigos diante de seus olhos. Agora, tornarei seu nome tão conhecido quanto o dos homens mais importantes da terra! 10 Providenciarei uma terra para meu povo, Israel, e os plantarei num lugar seguro, onde jamais serão perturbados. Nações perversas não os oprimirão como fizeram no passado, 11 desde o tempo em que nomeei juízes para governar meu povo, Israel. Eu lhes darei descanso de todos os seus inimigos’.
“‘Além disso, o Senhor declara que fará uma casa para você, uma dinastia real! 12 Pois, quando você morrer e for sepultado com seus antepassados, escolherei um de seus filhos, de sua própria descendência, e estabelecerei seu reino. 13 Ele é que construirá uma casa para meu nome, e estabelecerei seu trono para sempre. 14 Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Se ele pecar, eu o corrigirei e disciplinarei com a vara, como qualquer outro pai faria. 15 Contudo, não retirarei dele meu favor, como o retirei de Saul, quando o removi do seu caminho. 16 Sua casa e seu reino continuarão para sempre diante de mim,[ac] para sempre, e seu trono será estabelecido para sempre’”.
17 Natã voltou até Davi e contou ao rei tudo que o Senhor lhe tinha revelado.
Oração de gratidão de Davi
18 Então o rei Davi entrou no santuário, pôs-se diante do Senhor e orou:
“Quem sou eu, ó Soberano Senhor, e o que é minha família, para que me trouxesses até aqui? 19 E agora, Soberano Senhor, como se isso não bastasse, dizes que dará a teu servo uma dinastia duradoura! Tratas a todos dessa forma, ó Soberano Senhor?[ad]
20 “Que mais posso dizer-te? Tu sabes como teu servo é de fato, ó Soberano Senhor. 21 Por causa de tua promessa e de acordo com tua vontade, fizeste todas estas grandes coisas e as tornaste conhecidas a teu servo.
22 “Quão grande és, ó Soberano Senhor! Não há ninguém igual a ti! Jamais ouvimos falar de outro Deus como tu! 23 Engrandeceste teu nome ao livrar teu povo do Egito. Realizaste milagres impressionantes e removeste as nações e os deuses do caminho de teu povo.[ae] 24 Fizeste de Israel teu próprio povo para sempre, e tu, ó Senhor, te tornaste seu Deus.
25 “E agora, ó Senhor Deus, sou teu servo; faze o que prometeste a meu respeito e de minha família. Confirma-o como uma promessa que durará para sempre. 26 Que o teu nome seja honrado para sempre, a fim de que todos digam: ‘O Senhor dos Exércitos é o Deus de Israel!’. E que a dinastia de teu servo Davi permaneça diante de ti para sempre.
27 “Ó Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, tive a coragem de fazer-te esta oração porque revelaste tudo isso a teu servo ao dizer: ‘Farei uma casa para você, uma dinastia real!’. 28 Pois tu és Deus, ó Soberano Senhor. Tuas palavras são verdadeiras, e tu prometeste estas coisas boas a teu servo. 29 E agora, que seja do teu agrado abençoar a casa de teu servo, para que ela permaneça para sempre diante de ti. Pois tu falaste, ó Soberano Senhor, e quando concedes uma bênção a teu servo, é uma bênção para sempre!”.
Vitórias militares de Davi
8 Depois disso, Davi derrotou e sujeitou os filisteus, conquistando Gate, sua maior cidade.[af] 2 Também conquistou a terra de Moabe. Fez os moabitas se deitarem no chão numa fileira e os mediu com uma corda, formando grupos. Para cada grupo que poupou, executou dois grupos. Assim Davi sujeitou os moabitas, e eles lhe pagaram tributo.
3 Davi também derrotou Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá, quando Hadadezer tentou recuperar o controle da região do rio Eufrates. 4 Davi tomou mil carros de guerra, sete mil cavaleiros[ag] e vinte mil soldados da infantaria. Levou cavalos suficientes para cem carros de guerra e aleijou o restante.
5 Quando os sírios de Damasco chegaram para ajudar o rei Hadadezer, Davi matou 22 mil deles. 6 Então colocou destacamentos de seu exército em Damasco, a capital dos sírios. Assim Davi sujeitou os sírios, e eles lhe pagaram tributo. O Senhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse.
7 Davi levou para Jerusalém os escudos de ouro dos oficiais de Hadadezer, 8 além de grande quantidade de bronze de Tebá[ah] e de Berotai, cidades que pertenciam a Hadadezer.
9 Quando Toí, rei de Hamate, soube que Davi tinha destruído todo o exército de Hadadezer, 10 enviou seu filho Jorão para parabenizar Davi por sua campanha bem-sucedida. Hadadezer e Toí eram inimigos e sempre estavam em guerra. Jorão presenteou Davi com objetos de prata, ouro e bronze.
11 O rei Davi dedicou todos esses presentes ao Senhor, como fez com a prata e o ouro das outras nações que havia derrotado: 12 de Edom,[ai] Moabe, Amom, da Filístia e de Amaleque, além de Hadadezer, filho de Reobe, rei de Zobá.
13 Davi se tornou ainda mais conhecido ao voltar da batalha em que matou dezoito mil edomitas[aj] no vale do Sal. 14 Davi colocou destacamentos de seu exército em todo o território de Edom, e assim sujeitou todos os edomitas. O Senhor concedia vitórias a Davi por onde quer que ele fosse.
15 Davi reinou sobre todo o Israel e fazia o que era justo e correto para seu povo. 16 Joabe, filho de Zeruia, era comandante de seu exército. Josafá, filho de Ailude, era o historiador do reino. 17 Zadoque, filho de Aitube, e Aimeleque, filho de Abiatar, eram os sacerdotes. Seraías era o secretário da corte. 18 Benaia, filho de Joiada, era comandante da guarda pessoal do rei.[ak] E os filhos de Davi serviam como líderes sacerdotais.[al]
Davi trata Mefibosete com bondade
9 Certo dia, Davi perguntou: “Resta alguém da família de Saul, a quem eu possa mostrar bondade por causa de Jônatas?”. 2 Havia um servo da família de Saul, cujo nome era Ziba, e o trouxeram a Davi. “Você é Ziba?”, perguntou o rei.
“Sim, seu servo, meu senhor!”, respondeu Ziba.
3 Então o rei lhe perguntou: “Resta alguém da família de Saul? Se resta, gostaria de mostrar a bondade de Deus para com ele”.
“Um dos filhos de Jônatas ainda está vivo”, respondeu Ziba. “Ele é aleijado dos dois pés.”
4 “Onde ele está?”, perguntou o rei.
Ziba respondeu: “Em Lo-Debar, na casa de Maquir, filho de Amiel”.
5 Então Davi mandou buscá-lo na casa de Maquir. 6 Seu nome era Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul. Quando compareceu diante de Davi, curvou-se com o rosto no chão. Davi disse: “Saudações, Mefibosete”.
Mefibosete respondeu: “Aqui está seu servo, meu senhor!”.
7 “Não tenha medo”, disse Davi. “Quero mostrar bondade a você por causa de Jônatas, seu pai. Vou lhe dar todas as terras que pertenciam a seu avô Saul, e você comerá sempre aqui comigo, à mesa do rei.”
8 Mefibosete se prostrou e disse: “Quem é seu servo, para que o senhor mostre bondade a alguém como eu, que não vale mais que um cão morto?”.
9 Então o rei mandou chamar Ziba, servo de Saul, e disse: “Dei ao neto de seu senhor tudo que pertencia a Saul e sua família. 10 Você, seus filhos e servos cultivarão a terra para ele, a fim de produzir alimento para a casa de seu senhor.[am] Mefibosete, neto de seu senhor, comerá sempre à minha mesa”. Ziba tinha quinze filhos e vinte servos.
11 “Sou seu servo”, respondeu Ziba. “Farei tudo que meu senhor, o rei, mandou.” E, daquele momento em diante, Mefibosete passou a comer à mesa de Davi,[an] como se fosse um de seus filhos.
12 Mefibosete tinha um filho ainda jovem chamado Mica. Daquele momento em diante, todos os membros da casa de Ziba se tornaram servos de Mefibosete. 13 E Mefibosete, que era aleijado dos dois pés, morava em Jerusalém e comia sempre à mesa do rei.
Davi derrota os amonitas
10 Algum tempo depois, morreu Naás, rei dos amonitas, e seu filho Hanum subiu ao trono. 2 Davi disse: “Vou demonstrar lealdade a Hanum, assim como seu pai, Naás, sempre foi leal a mim”. Então Davi enviou representantes para expressar seu pesar a Hanum pela morte do pai dele.
Mas, quando os representantes de Davi chegaram à terra de Amom, 3 os líderes amonitas disseram a Hanum, seu senhor: “O rei acredita mesmo que esses homens estão aqui para honrar seu pai? Não! Davi os enviou com o objetivo de espionar a cidade para vir e conquistá-la!”. 4 Então Hanum prendeu os representantes de Davi e raspou metade da barba de cada um, cortou metade de suas roupas até as nádegas e os expulsou de sua terra.
5 Quando Davi soube o que havia acontecido, enviou mensageiros ao encontro dos homens, para que lhes dissessem: “Fiquem em Jericó até que sua barba tenha crescido e voltem em seguida”, pois estavam muito envergonhados.
6 Quando os amonitas perceberam quanto haviam enfurecido Davi, contrataram vinte mil soldados de infantaria dos sírios das terras de Bete-Reobe e Zobá, mil homens do rei de Maaca e doze mil da terra de Tobe. 7 Davi foi informado disso e enviou Joabe e todos os seus guerreiros para lutarem contra eles. 8 As tropas amonitas avançaram e formaram sua frente de batalha à entrada da cidade, enquanto os sírios de Zobá e Reobe e os homens de Tobe e Maaca se posicionaram para lutar nos campos abertos.
9 Joabe viu que teria de lutar em duas frentes ao mesmo tempo, por isso escolheu alguns dos melhores guerreiros de Israel e os pôs sob seu comando pessoal para enfrentar os sírios. 10 Deixou o restante do exército sob o comando de seu irmão Abisai, que atacou os amonitas. 11 Joabe disse a seu irmão: “Se os sírios forem fortes demais para mim, venha me ajudar. E, se os amonitas forem fortes demais para você, eu irei ajudá-lo. 12 Coragem! Lutemos bravamente por nosso povo e pelas cidades de nosso Deus. E que seja feita a vontade do Senhor!”.
13 Joabe e suas tropas atacaram, e os sírios começaram a fugir. 14 Quando os amonitas viram que os sírios batiam em retirada, também fugiram de Abisai e recuaram para dentro da cidade. Terminada a batalha, Joabe voltou para Jerusalém.
15 Os sírios viram que não tinham como enfrentar Israel. Assim, ao se reagrupar, 16 receberam o reforço de soldados sírios convocados por Hadadezer do outro lado do rio Eufrates.[ao] Essas tropas chegaram a Helã conduzidas por Sobaque, comandante das forças de Hadadezer.
17 Quando Davi foi informado do que estava acontecendo, reuniu todo o Israel, atravessou o Jordão e levou o exército até Helã. Os sírios se posicionaram para a batalha e lutaram contra Davi. 18 Mais uma vez, porém, os sírios fugiram dos israelitas. O exército de Davi matou setecentos homens em carros de guerra e quarenta mil soldados de infantaria,[ap] incluindo Sobaque, comandante de seu exército. 19 Quando todos os reis aliados a Hadadezer viram que ele havia sido derrotado pelos israelitas, renderam-se a Israel e se tornaram súditos de Davi. Depois disso, os sírios tiveram medo de voltar a ajudar os amonitas.
Davi e Bate-Seba
11 No começo do ano,[aq] época em que os reis costumavam ir à guerra, Davi enviou Joabe e as tropas israelitas para lutarem contra os amonitas. Eles destruíram o exército inimigo e cercaram a cidade de Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém.
2 Certa tarde, Davi se levantou da cama depois de seu descanso e foi caminhar pelo terraço do palácio. Enquanto olhava do terraço, reparou numa mulher muito bonita que tomava banho. 3 Davi mandou alguém para descobrir quem era a mulher. Disseram-lhe: “É Bate-Seba, filha de Eliã e esposa de Urias, o hitita”. 4 Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem, e teve relações com ela. Bate-Seba havia acabado de completar o ritual de purificação depois da menstruação. E ela voltou para casa. 5 Passado algum tempo, quando Bate-Seba descobriu que estava grávida, enviou um mensageiro a Davi para lhe dizer: “Estou grávida”.
6 Então Davi mandou uma mensagem para Joabe: “Envie-me Urias, o hitita”, e Joabe o enviou a Davi. 7 Quando Urias chegou, Davi perguntou como estavam Joabe e o exército e como ia a guerra. 8 Então disse a Urias: “Vá para casa e descanse”.[ar] Depois que Urias deixou o palácio, Davi lhe enviou um presente. 9 Urias, porém, não foi para casa. Passou a noite na entrada do palácio com os guardas do rei.
10 Quando Davi soube que Urias não tinha ido para casa, mandou chamá-lo e perguntou: “O que aconteceu? Depois de ter ficado tanto tempo fora, por que você não foi para casa ontem à noite?”.
11 Urias respondeu: “A arca e os exércitos de Israel e de Judá estão em tendas,[as] e Joabe, meu comandante, e seus soldados estão acampados ao ar livre. Como eu poderia ir para casa para beber, comer e dormir com minha mulher? Juro diante do rei que jamais faria uma coisa dessas”.
12 Então Davi lhe disse: “Pois bem. Fique aqui hoje, e amanhã poderá retornar”. Urias ficou em Jerusalém aquele dia e o dia seguinte. 13 Davi o convidou para jantar e o embriagou. Outra vez, porém, ele dormiu numa esteira, com os guardas do rei, e não foi para sua casa.
Davi trama a morte de Urias
14 Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta para Joabe e mandou Urias entregá-la. 15 A carta continha a seguinte instrução: “Coloque Urias na linha de frente, onde o combate estiver mais intenso. Depois, recue para que ele seja morto”. 16 Então Joabe colocou Urias numa posição próxima do muro da cidade, onde sabia que estavam os principais guerreiros do inimigo. 17 Quando os soldados inimigos saíram da cidade para lutar, Urias, o hitita, foi morto junto com muitos outros soldados israelitas.
18 Joabe enviou a Davi um relatório da batalha. 19 Disse a seu mensageiro: “Conte ao rei tudo que aconteceu na batalha. 20 Pode ser que ele fique irado e pergunte: ‘Por que as tropas se aproximaram tanto da cidade? Não sabiam que atirariam contra eles dos muros? 21 Acaso Abimeleque, filho de Gideão,[at] não foi morto em Tebes por uma mulher que atirou uma pedra de moinho do alto da muralha? Por que chegaram tão perto dos muros?’. Então diga-lhe: ‘Seu soldado Urias, o hitita, também foi morto’”.
22 O mensageiro foi a Jerusalém e deu um relatório completo a Davi. 23 “O inimigo saiu contra nós em campo aberto”, disse o mensageiro. “Quando os perseguíamos de volta até o portão da cidade, 24 os arqueiros no alto do muro atiraram flechas contra nós. Alguns dos homens do rei foram mortos; entre eles estava Urias, o hitita.”
25 Davi respondeu: “Diga a Joabe que não desanime. A espada devora este hoje e aquele amanhã. Lutem bravamente e conquistem a cidade!”.
26 Quando a esposa de Urias soube que seu marido havia morrido, chorou por ele. 27 Terminado o período de luto, Davi mandou trazê-la para o palácio. Ela se tornou uma de suas esposas e deu à luz um filho. Mas o que Davi fez desagradou o Senhor.
Natã repreende Davi
12 Então o Senhor enviou o profeta Natã a Davi. Ele foi até o rei e lhe disse: “Havia dois homens em certa cidade. Um era rico, e o outro, pobre. 2 O rico era dono de muitas ovelhas e muito gado. 3 O pobre não tinha nada, exceto uma cordeirinha que ele havia comprado. Ele criou a cordeirinha, e ela cresceu com os filhos dele. Comia de seu prato, bebia de seu copo e até dormia em seus braços; ela era como sua filha. 4 Certo dia, um visitante chegou à casa do rico. Em vez de matar um dos animais de seu próprio rebanho, o rico tomou a cordeirinha do pobre, a matou e a preparou para seu visitante”.
5 Davi ficou furioso com esse homem rico e jurou: “Tão certo como vive o Senhor, o homem que faz uma coisa dessas merece morrer! 6 Deve restituir quatro ovelhas ao pobre por ter roubado a cordeirinha e não ter mostrado compaixão”.
7 Então Natã disse a Davi: “Você é esse homem! Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Eu o ungi rei de Israel e o livrei das mãos de Saul. 8 Dei-lhe a casa e as mulheres de seu senhor e os reinos de Israel e Judá. E, se isso não bastasse, teria lhe dado muito mais. 9 Por que, então, você desprezou a palavra do Senhor e fez algo tão horrível? Você assassinou Urias, o hitita, com a espada dos amonitas e roubou a esposa dele! 10 De agora em diante, a espada não se afastará de sua família, pois você me desprezou ao tomar para si a mulher de Urias’.
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